Em 2016, abordamos aqui no blog a questão da homossexualidade na Maçonaria, o que, desde então, rendeu mais de 10 mil visualizações e algumas dezenas de comentários polêmicos. Então, no último dia 17 de julho, a Grande Loja Unida da Inglaterra – GLUI, considerada por muitos irmãos brasileiros e até mesmo por algumas obediências como a origem e guardiã de toda a regularidade maçônica, uma espécie de “Vaticano Maçônico“, publicou em seu website oficial sua nova Política de Mudança de Gênero, levando a discussão relacionada a gênero e sexo na Maçonaria para outro nível.

Resumidamente, conclama seus membros a tratarem do assunto de identidade de gênero com “compaixão e sensibilidade”; determina que mulheres que passarem a se identificar como homens (homens trans) são qualificados à iniciação; que maçons que se tornarem mulheres (mulheres trans) podem continuar na Maçonaria e não podem sofrer qualquer tipo de discriminação; que qualquer conduta ofensiva, humilhante, hostil ou intimidadora com um irmão que se tornar mulher será considerada conduta antimaçônica e passível de punição; e que uma loja não pode expulsar um membro por se tornar mulher e nem tentar persuadi-lo a se desligar por essa razão.

Até o presente momento, nenhuma das obediências maçônicas brasileiras, reconhecidas pela GLUI ou não, parece ter se manifestado quanto a essa política de mudança de gênero, seja a favor ou contrária à medida. Essa omissão tem deixado o povo maçônico brasileiro no escuro, com muitos ainda desconhecendo tal fato novo. Desde o mês passado, é possível que homens trans, como Thammy, iniciem na GLUI; e mulheres trans, como Thalita, permaneçam como membros regulares. E essa política alcança todas as lojas de suas Grandes Lojas Distritais, incluindo as localizadas no Brasil. Além disso, dentre os mais de 200 mil turistas ingleses que visitam o Brasil todos os anos, não se pode ignorar a possibilidade de uma mulher trans que seja um irmão regular da GLUI tentar visitar uma loja do GOB ou de uma das 07 Grandes Lojas estaduais atualmente reconhecidas pela mesma. E, se não há uma orientação da obediência a respeito, erros podem ser cometidos, com possíveis consequências diplomáticas.