Em junho deste ano, foi publicada uma matéria que deu à atual gestão do GOB a alcunha de “Olimpo Maçônico”. O nome pegou tanto quanto o “Vaticano Maçônico”, dado à GLUI, em 2012, também aqui pelo blog No Esquadro.

Na nossa última matéria sobre a eleição no “Olimpo Maçônico”, apresentamos a saga de Zeus perante o duelo por sua sucessão, tendo de um lado Perseu (Barbosa), visto como o filho que vive um forte conflito de amor e ódio pelo pai; e Érebo (Ballouk), eleito por Zeus como seu arqui-inimigo.

Naquela matéria, fora apontada a tendência da atual gestão do poder central do GOB de se relacionar com corpos maçônicos (e paramaçônicos) irregulares ou não reconhecidos internacionalmente, dando como exemplos os casos do REAA, do Rito Adonhiramita, do Rito Moderno e da Ordem DeMolay. Observou-se, então, um leve aceno de Barbosa a favor de mudar esses relacionamentos indevidos por parte do GOB. E sugeriu-se, ao final, que “seria muito bom ver um posicionamento claro do Ballouk a respeito dessas questões. A boa notícia é que Ballouk também tem se mostrado disposto a declarar suas opiniões e posicionamentos sobre essas questões maçônicas, mesmo quando polêmicas”.

E Ballouk se manifestou.

Sobre a questão da Ordem DeMolay, Ballouk declarou ter sido o redator do manifesto assinado por 20 dirigentes estaduais do GOB, no dia 16 de junho de 2017. No manifesto, os Grão-Mestres Estaduais se colocam à disposição para serem conciliadores da disputa entre os Supremos Conselhos da Ordem DeMolay, esperando, assim, prevenir da necessidade de uma sentença judicial final para a solução da disputa. Ainda, o manifesto defende uma unificação, não direcionando suas intenções para um ou outro Supremo, e sugere que seja permitida a intervisitação até que a disputa seja resolvida por conciliação ou decisão judicial.

Apesar de louvável a iniciativa do manifesto e sua postura fraterna diante da questão, observa-se no mesmo uma característica que pode ser vista como um forte indício do padrão de raciocínio do “Olimpo Maçônico” entre os dirigentes estaduais do GOB: Em nenhum momento do manifesto é mencionado a CMSB ou a COMAB. Ora, todos sabem que mais da metade dos Capítulos da Ordem DeMolay no Brasil é patrocinada por Lojas das Grandes Lojas da CMSB, e há mais Capítulos patrocinados por Lojas dos Grandes Orientes da COMAB do que do GOB. Mesmo assim, o manifesto olimpiano sugere a formação de uma comissão conciliadora formada estritamente por Grão-mestres Estaduais do GOB, como se não existisse CMSB e COMAB no país ou relação nenhuma houvesse entre esses com a Ordem DeMolay. Será que acreditaram mesmo que seria possível que a minoria maçônica que apoia a Ordem DeMolay ajudasse a solucionar o problema sem o envolvimento da maioria? Ainda mais considerando que o Grande Mestre Nacional de um Supremo Conselho DeMolay é da CMSB e o do outro Supremo Conselho é da COMAB?

Creio que está mais do que claro que o povo maçônico quer derrubar esses muros e construir pontes… De qualquer forma, fato é que, após esse manifesto, Zeus agiu, nomeando Perseu (Barbosa) como “o conciliador”. O resultado foi uma reunião frustrada em seu objetivo, da qual não se resultou nem mesmo uma ata. Perseu aprendeu algo a respeito da Ordem DeMolay e acredito que Érebo também.

Já quanto aos Altos Corpos do Rito Adonhiramita e Rito Moderno, Ballouk apresenta uma posição clara, direta e legalista: É a favor do regular ECMA e, logo, contrário ao ECMAB; e a favor do regular SCRM e, portanto, contrário ao SCFRMB. Já algo que havia passado desapercebido anteriormente, mas não pode deixar de ser mencionado, é o fato de que Barbosa é Membro Efetivo do ECMAB, indo assim contra a decisão da SAFL-GOB, que, por 797 votos contra apenas 02, manteve o reconhecimento do ECMA, numa das votações mais vergonhosas a Zeus e a todo seu Olimpo Maçônico.

Esperamos que essas informações sejam úteis na tomada de decisão dos eleitores gobianos indecisos, mas que se preocupam com tais questões de regularidade e reconhecimento.