Palestra na Loja “LIBERDADE E UNIÃO”

Palestra na Loja “LIBERDADE E UNIÃO”

 

Na última terça-feira, 03/12/2024, estive no Oriente de Goiânia, capital de Goiás, para ministrar palestra na histórica Loja “Liberdade e União” #1158, jurisdicionada ao GOB-GO, pioneira em Goiânia. Essa loja realiza há décadas importantes programas sociais, dentre os quais destaco o investimento em educação fundamental gratuita de qualidade para centenas de crianças, por meio do Colégio “Gonçalves Lêdo”.

O prazer foi ainda maior por contar com a presença do Grão-Mestre do GOB-GO, Irmão Ari de Oliveira; do Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás – GLEG, Irmão Mário Martins; do Grão-Mestre Adjunto do GOB-GO, Irmão Alex Wallace; do Grão-Mestre Adjunto da GLEG, Irmão Marco Antônio Barbosa de Farias; e de mais de 200 outros irmãos.

Dos irmãos presentes, 101 deles são da GLEG, que estavam ali, visitando uma loja do GOB-GO, em plena terça-feira. Esse é o tipo de experiência de fraternidade e engajamento maçônico que não vemos em qualquer lugar! Agradeço ao Irmão Gilberto Hamu, pela oportunidade; e ao Irmão Sérgio Renato Duarte, por todo o apoio concedido.

OPRESSORES e OPRIMIDOS

OPRESSORES e OPRIMIDOS

Você pode, por questões ideológicas, não gostar de Paulo Freire, mas isso não anula toda sua teoria. E se tem algo que ele acertou foi que, quando a educação não é libertadora, o oprimido pode se tornar o opressor, replicando o sistema de opressão vigente. Nesse sentido, costumo dar o exemplo de um recruta que passa por um violento trote no quartel; e quando se gradua, ao receber uma nova turma de recrutas, em vez de quebrar o ciclo vicioso, consegue fazer ainda pior.
Isso pode acontecer na Maçonaria? A Maçonaria é uma escola de moralidade. Assim, conforme a teoria freireana, se as organizações maçônicas não cumprirem seu papel institucional de libertar o homem por meio da razão (projeto iluminista), ou seja, de oferecer uma educação moral que seja libertadora, então, sim, isso pode acontecer na Maçonaria.
Imagine que uma escola tem os grupos A, B e C. Então, o grupo A oprime por anos o grupo C, até o ápice da perseguição, em que decreta que o grupo C é leproso e ninguém pode ter qualquer tipo de contato com ele.
O grupo C conta com a amizade do grupo B, mas que nada pode fazer contra o grupo A. O grupo B é daqueles amigos que veem você apanhando do valentão e depois te ajudam a levantar e a limpar o sangue, mas preferem não se envolver na briga dos outros.
Um belo dia, rola uma treta dentro do grupo A, que acaba perdendo um pedaço, que se torna o grupinho “D”. Aí o grupo A, opressor, chega no grupo C, e diz: “Quer parar de apanhar?” O grupo C, já cansado de tanto ser oprimido, diz, acanhado, “Sim”. Então o grupo A continua: “O grupinho D é o novo leproso, beleza?”
Sabe o que acontece com o ex-oprimido, grupo C, ao não receber uma educação moral libertadora, como a que a Maçonaria deve oferecer? Aquela educação que tira a venda dos olhos e retira a pessoa da caverna de Platão? Ele não se torna amigo de verdade do grupo A, de igual pra igual, de andar junto e frequentar a casa, até porque o grupo A não tem esse interesse… eles passam a, no máximo, se cumprimentarem cordialmente e a respeitarem publicamente um ao outro. Só que agora, o grupo C, que foi oprimido por tanto tempo, tem a oportunidade de, junto do grupo A… ser opressor do grupinho D. E alguns deles o fazem com o mesmo sangue no olho daquele recruta do exemplo, totalmente esquecidos do simples fato de que só deixaram de ser oprimidos porque o grupo A elegeu o D como o novo “leproso”.
Ninguém quer cumprir o papel chato de chegar na galera do grupo A e dizer: “Resolva suas diferenças com o grupo D, porque não haverá nada de bom em ter mais um grupo nesta escola”. Todos sabem que escutarão como resposta: “Isso não é da sua conta!” Mas, na verdade, é algo que atinge a todos. Principalmente agora, que o grupo D tem feito amizade e andado com uns caras expulsos de outras escolas. Para o grupo A, esta é a maior prova de que o grupinho D nunca prestou… mas qualquer aluno com mais de um neurônio e um pouco de memória sabe que o grupinho D não estaria andando com essa turma se não virasse o “leproso”, por ordem do grupo A.
O problema não para por aí: Imagine que um membro do grupo B começa a dizer e a escrever no jornalzinho da escola que é normal haver grupos, mas é necessário parar com esses conflitos entre os mesmos; que brigas internas dentro de um grupo geram cisões que acabam gerando problemas aos outros grupos; e que os grupos não são obrigados a serem amigos e a se relacionarem, mas deveriam sempre buscar o caminho do diálogo em vez da violência. Então, o que acontece com esse membro do grupo B, que não defendeu nenhum grupo em específico, mas que foi contra o sistema de opressão vigente? Ele passa a ser ameaçado e boicotado, tanto por líderes do grupo A como, pasmem, por alguns do grupo C que, por sinal, são os mesmos que ele sempre procurou ajudar no período em que eles é que eram os “leprosos”. Afinal, a prioridade dos opressores será sempre a de manter o sistema de opressão.
Existe uma expressão que se popularizou no mundo pós-nazismo: “lembrar para não esquecer”. E isso pois “quem não conhece sua história está fadado a repeti-la” (BURKE). Quem um dia sofreu ao ser taxado de leproso nunca deveria se esquecer disso, de modo a garantir que isso não se repita, nem consigo e nem com ninguém. E dizer isso não é e nunca foi defender grupo A, B, C ou D, mas, sim, combater o ciclo vicioso de opressão. Há outros modos de ser resolver diferenças e defender seu território!
Atualmente, há conflito em algumas salas de aula. Numa, no nordeste da escola, entre alunos dos grupos A e B; noutra, mais ao centro, entre alunos dos grupos A e C; em uma sala do sudeste da escola, entre alunos dos grupos B e C; e, em pelo menos duas outras salas, há conflito interno no grupo A. Ou seja, a “amizade” entre os grupos nasceu pelas razões erradas, e por isso não é preservada.
Não é segredo pra ninguém que isso ocorre diariamente em muitas escolas, Brasil e mundo afora; e a Maçonaria, nossa escola de moralidade, não está isenta desse risco. Cabe a cada um de nós sermos vigilantes das boas práticas morais e promotores de uma educação maçônica realmente libertadora. Diga não ao bullying!

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Maratona de palestras: Setembro de 2024

Maratona de palestras: Setembro de 2024

 

Setembro foi um mês de muito aprendizado para mim. No início do mês, estive participando da Semana Maçônica de Araraquara-SP, que reuniu centenas de irmãos das mais de 20 lojas da região, onde tive o prazer de ministrar palestra e participar de um interessantíssimo debate com meus irmãos Társis Valentim, do canal “Estude Maçonaria”, e José Baeta, autor do blog “Modernizando“.

Uma semana depois, foi a vez de retornar à querida Vitória capital do ES, para o II Seminário Humildade e Fraternidade. Neste excelente evento, pude palestrar e reencontrar dois grandes irmãos, Aldino Brasil, PGM da GLOMARON, E Walter Noronha, PGM da GLMEES.

E finalizei setembro palestrando em Araguari-MG no II Encontro de Grandes Inspetores Gerais da 2a. região de MG revendo um irmão que não via há 20 anos, Renato de Morais, além de outros grandes irmãos da região.

A estrada é cansativa mas sempre é prazerosa, graças aos irmãos que (re)encontramos pelo caminho!

Uma nova Antimaçonaria no Brasil

Uma nova Antimaçonaria no Brasil

Tenho alertado que o cenário atual, de um crescimento do fundamentalismo religioso e de extremismos ideológicos, é desfavorável para a Maçonaria, pois torna-se um terreno fértil para ideias e propagandas antimaçônicas. Foi o que ocorreu, por exemplo, nos EUA, na década de 20 do século XIX; e na Europa continental e no Brasil, na década de 30 do século XX. Agora, a história começa a querer se repetir, tanto lá como aqui.

Um exemplo é o de Danuzio Neto, que mantém um canal onde propõe compartilhar informação “sem narrativa”. Contudo, faz exatamente o contrário, oferecendo uma doutrinação reacionária por meio de seus vídeos. Um deles tem um título um tanto quanto sugestivo: “Como a maçonaria destruiu o Brasil?”.

Nesse vídeo, ele já começa sugerindo a Maçonaria como um “antro de perversidade e de depravação moral”. Depois, diz que a Maçonaria teria ingressado nos EUA “tal como um vírus ou um parasita no seio da sociedade americana”.

Sua doutrinação chega a tanto, que chama o movimento iluminista de “maníaco” e se posta durante o vídeo também contrário à Revolução Francesa e a Independência dos EUA. Sobre esta última, Neto escancara seu antimaçonismo ao dizer que Washington “chegou ao cúmulo de receber ritos maçônicos em seu funeral”. Como se isso fosse um grande absurdo.

Então, sua narrativa chega ao Brasil, onde ele diz que a Maçonaria veio para “contaminar elites”, a qualificando como “pútrida”, e declara que ela atuou “infestando a máquina pública”. Sua análise histórica conspiratória e tendenciosa chega ao nível de afirmar que, na chamada Questão Religiosa (anos 1870), Dom Pedro II “em um mergulho dantesco e criminoso em ideias falidas, começou a perseguir membros honrosos da Igreja Católica”.

Neto omite as principais informações e fatos históricos a respeito. A Questão Religiosa deveu-se pela Maçonaria ter defendido e militado a favor do movimento abolicionista, patrocinando jornais sobre o tema, financiando a alforria de escravos e fazendo lobby a favor de leis como a Lei do Ventre Livre, de 1871, do maçom Visconde de Rio Branco. Isso a colocou em rota de colisão com algumas lideranças regionais da Igreja Católica que, naquela época, era a favor da escravidão. Cientes do trabalho maçônico pró-abolição, dois bispos começaram, eles sim, a perseguir a Maçonaria e os maçons, promovendo sermões antimaçônicos e intervindo em paróquias em que maçons eram participativos, proibindo-os de as frequentarem.

Contudo, o Brasil, por Bula Papal, era um Padroado Régio, em que o Rei administrava a Igreja Católica em seu território. Nesse sistema, o Estado recebia os dízimos, enquanto construía e mantinha as Igrejas, nomeava os padres e bispos e pagava seus salários. Então, houve uma decisão legal contrária a esses interditos, que os dois bispos optaram por desobedecer e, por isso, foram presos.

Dom Pedro II, que enfrentou o Papa nessa chamada Questão Religiosa e aplicou a lei da Constituição do Império do Brasil, respaldado pelo Padroado Régio, não era maçom. Não foi a Maçonaria contra a Igreja, mas o Estado brasileiro contra dois Bispos que eram servidores públicos. Mas isso não impediu Danuzio Neto de declarar que houve “perseguição contra os católicos brasileiros”. Dom Pedro II era católico, assim como Visconde do Rio Branco e 99% dos brasileiros naquela época, incluindo os maçons!

E quem mudou esse cenário de hegemonia católica no Brasil foi a Maçonaria. Mas isso, Danuzio Neto também não menciona. Ele não fala que, devido à Questão Religiosa, a Maçonaria abraçou mais fortemente bandeiras como da liberdade religiosa e do Estado Laico, inexistentes no Brasil, colaborando e apoiando a vinda de missionários de diferentes igrejas para o país. Se hoje há forte presença de igrejas protestantes no Brasil, além de igrejas evangélicas descendentes do movimento protestante, foi graças à Maçonaria. Isso é ser anticlerical? Somente se você acredita que o Estado deve ser religioso, tendo uma única religião oficial e que seja a sua.

E é nesse sentido que Danuzio Neto segue, ao afirmar que “cartunistas maçons empreenderam uma dura campanha anticlerical”. Em seguida, qualifica esses “cartunistas maçons” de “turbas de lunáticos”. Então, começa a dissertar sobre o fortalecimento das ideias republicanas, taxando seus defensores de “tecnocratas baratos”. Ato contínuo, chama Deodoro da Fonseca de “um dos maiores traidores da história brasileira” e chefe de um governo “pútrido” que acabava de nascer.

Então, ele continua seus ataques a importantes personalidades brasileiras que eram maçons, como Rui Barbosa e Lauro Sodré. E, sendo Washington Luís o último Mestre Maçom ativo a se eleger Presidente da República, tendo deixado o cargo em 1930, Danuzio Neto simplesmente não explica o que a Maçonaria supostamente teria feito para “destruir o Brasil” nos últimos quase 100 anos.

Um breve olhar ao referido vídeo antimaçônico e ao título de outros vídeos em seu canal comprova que a promessa de um conteúdo neutro, imparcial, livre de falsas narrativas, não corresponde com a verdade. Trata-se de pura doutrinação. No vídeo, Danuzio Neto apresentou tendências anti-abolição, anti-repúplica, anti-protestantismo, anti-laicismo e antimaçonaria. Se você se identifica com esses ideais radicais, junte-se a ele. Caso contrário, sugiro evita-lo.

O que ele realmente oferece é o velho discurso de “uma vida melhor, com mais dinheiro, mais segurança e liberdade” e que “só 1% das pessoas vão conseguir tudo o que você pode conseguir”, como ele mesmo escreveu em seu próprio site (https://danuzioneto.com/aprofundar-oferta/). Cai só quem quer.