por Kennyo Ismail | jun 8, 2016 | Notícias
Nos últimos dias 03, 04 e 05 de junho ocorreu em Brasília o I Encontro Nacional das Lojas do Rito de York, que contou com mais de 200 irmãos participantes, de 22 estados, além de uma comitiva de irmãos do Paraguai. Entre os presentes, destacou-se a participação do Irmão Cassiano Teixeira de Morais, Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal e anfitrião do evento; Aldino Brasil, Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica de Rondônia; Juscelino Amaral, Past Grão-Mestre da Grande Loja de Rondônia; Rubens dos Santos, Past Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Mato Grosso do Sul; e Bernardino Senna Ferreira Filho, Past Grão-Mestre da Grande Loja do Amapá. Ainda, os Altos Graus do Rito de York se fizeram presentes pelo Irmão João Guilherme da Cruz Ribeiro, Past Grand Sumo Sacerdote do Supremo Grande Capítulo de Mçaons do Real Arco do Brasil; e Kennyo Ismail, Grão-Mestre do Supremo Grande Conselho de Maçons Crípticos do Brasil.
Na tarde de sexta-feira os Veneráveis Mestres das Lojas do Rito de York e seus representantes se reuniram administrativamente numa histórica reunião, na qual se decidiu pela criação do Conselho Nacional das Lojas do Rito de York, que terá por objetivo a divulgação do Rito de York; a promoção de sua literatura; o fomento de sua cultura; e a perpetuação desse Encontro e sua qualidade. Já à noite foi realizada a Loja de Mesa Nacional, contando com seus mais de 200 participantes. Provavelmente o maior banquete ritualístico já realizado no Brasil.
O sábado pela manhã e pela tarde foi dedicado a palestras dos Irmãos João Guilherme, Kennyo Ismail, Cassiano Morais e William Carvalho, com temas sobre a história do Rito de York; sua simbologia e ritualística; a relação da Ordem DeMolay com o Rito; e uma revisão histórica da Maçonaria Brasileira até os dias atuais. No final da tarde os irmãos assistiram e riram bastante com a comédia maçônica “Um Happy-hour entre o Rito Escocês e o Rito de York”, de autoria de Kennyo Ismail e estrelada pelos Irmãos Arthur de Oliveira Martins, de Uberlândia – MG, e Társis Valentim Pinchemel, de Vitória da Conquista- BA. E a noite foi coroada com a famosa peça teatral “Jaques de Molay e o fim da Ordem dos Templários”, estrelada pelo irmão e ator global John Vaz.
No domingo pela manhã ocorreu o encerramento do Encontro, por meio da realização de uma belíssima iniciação pela Loja Maçônica “Flor de Lótus”, primaz do Rito de York no Centro-Oeste, na qual todos os oficiais realizaram suas funções e falas decoradas, como o Rito de York preconiza, contando ainda com o Mestre de Harmonia tocando ao vivo, e pela qual buscou-se uma padronização ritualística das Lojas presentes que adotam a versão do ritual da Grande Loja do Estado de New York. Para se ter uma ideia da beleza de tal iniciação, muitos foram os irmãos que não contiveram suas lágrimas ao final, sob o som de palmas incessantes: desde o Venerável Mestre que presidiu a sessão, até um dos candidatos iniciados.
Um destaque especial para a participação ativa e fundamental das cunhadas da Fraternidade Feminina da Loja “Flor de Lótus”, que esbanjaram simpatia e competência à frente do credenciamento e apoio de todo o evento. Para ver mais fotos do evento, acesse este link.
Quem não foi, perdeu. E quem foi, voltou para a casa com a certeza de que não perderá a próxima edição do Encontro.
por Kennyo Ismail | mar 24, 2016 | História
Texto de autoria de Kennyo Ismail, originalmente publicado no blog Soberanos Ideais.
A estrita relação entre o Rito de York e o surgimento da Ordem DeMolay é amplamente conhecida no meio maçônico norte-americano e de outros países, mas ainda pouco difundido no Brasil. Isso provavelmente se deve ao fato da Ordem DeMolay ter aterrissado em terras brasileiras por intermédio do Rito Escocês, mais especificamente do Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, no início da década de 80, época essa em que o Rito de York, apesar de maior e mais antigo, ainda não havia sido implementado no país.
Bom, não há como falar em surgimento da Ordem DeMolay sem falar sobre Frank Sherman Land, idealista e fundador da Ordem. Ele ingressou na Maçonaria em maio de 1912, chegando ao grau de Mestre Maçom no mês seguinte (algo comum nos EUA), na Loja “Ivanhoe #446” de Kansas City, jurisdicionada à Grande Loja do Missouri. Sua Loja, assim como todas do Missouri e da maioria dos estados dos EUA, adotava (e ainda adota) o Rito de York. E, ao se tornar um Mestre, seu primeiro interesse além da Loja Maçônica foi logicamente pelo Rito de York. Menos de um mês depois de se tornar Mestre, em 23 de julho de 1912, Frank S. Land ingressou em um Capítulo do Real Arco, o Capítulo “Kansas City #28”, que funcionava em sua Loja, sendo adiantado a Mestre de Marca. Em outubro do mesmo ano foi induzido ao grau de Past Master Virtual e recebido e reconhecido como Mui Excelente Mestre. E no final do mesmo mês, foi exaltado a Maçom do Real Arco. Em seguida, foi a vez de galgar os graus crípticos no Conselho Críptico “Shekinah #24”. Já no final do ano de 1912, já como um maçom críptico, Dad Land ingressou no Rito Escocês Antigo e Aceito. E posteriormente, em 1913, Dad Land foi investido nas Ordens de Cavalaria do Rito de York, por meio da Comanderia “Kansas City #10”, que também trabalhava em sua Loja.
Como se pode ver, nos primeiros meses de Maçonaria Frank Sherman Land, nosso Dad Land, dedicou-se ao Rito de York e seus profundos ensinamentos. E ele manteve-se filiado e frequente a esses corpos até quando de seu falecimento. Como exemplo, em 1944, apesar de sua dedicação à Ordem DeMolay tomar muito de seu tempo, Dad Land foi um dos fundadores do Conselho Críptico “Kansas City #45”, formado majoritariamente por membros de sua Loja Simbólica e Capítulo do Real Arco, para funcionar na sede de sua Loja.
Seu ingresso no Shriners ocorreu em 1931, chegando ao posto mais alto, de Potentado Imperial, em 1954. Como líder maior do Shriners International, Dad Land pôde fazer ainda mais pela Ordem DeMolay, que alcançou naquela época o ápice de membros iniciados. E, em 1951, Dad Land foi condecorado com a Medalha de Ouro do Real Arco Internacional, a maior honraria concedida por esse corpo. Por sinal, Dad Land, foi o primeiro e um dos pouquíssimos a recebe-la.
Como sabemos, Dad Land fundou a Ordem DeMolay em março de 1919. No verão daquele ano, ele convenceu o maçom Frank Marshall de ajuda-lo a elaborar um ritual para seu clube de jovens. O ritual, ou melhor, rituais dos dois graus originais da Ordem, foram desenvolvidos em tempo recorde: menos de 24 horas. Isso somente foi possível por uma única razão: eles utilizaram a estrutura de outro ritual como padrão: o dos graus simbólicos do Rito de York! Isso se mostrou conveniente, considerando que a intenção era de que os futuros Capítulos DeMolays funcionassem nas Salas de Lojas (Templos, como chamam no Brasil) das Lojas Simbólicas dos Estados Unidos. Como essas Lojas tinham uma disposição específica, era melhor se adaptar a ela.
Essa estrutura do Rito de York, felizmente adotada por Land e Marshall, estão presentes até os dias de hoje, sem alterações, e evidenciam a união indissolúvel entre a Ordem DeMolay e o Rito de York. Desde a existência de Capelão e Marechal (este último chamado de Mestre de Cerimônias no Brasil por influência do REAA), cargos inexistentes no REAA; o bastão curto do Marechal; o Segundo Diácono atendendo a porta; o altar no centro da Sala (originalmente no REAA ele fica no Oriente); o andar em esquadria; o momento Em Doença e Aflição; até mesmo a sagrada e intransponível linha entre o Altar e o Mestre Conselheiro; todas essas e tantas outras são características emprestadas pelo Rito de York.
Outras características, como a reunião já se iniciar com todos na Sala, sem procissão de entrada; e a palavra circular livremente, sem uma ordem específica; tão normais e conhecidas por qualquer maçom do Rito de York, foram vistas como “estranhas” aos maçons brasileiros quando da chegada da Ordem DeMolay. O resultado foi a modificação de várias partes do ritual até então inalterado da Ordem DeMolay para uso no Brasil. Essas adulterações têm sido retiradas pelo Supremo Conselho da Ordem DeMolay para a República Federativa do Brasil nos últimos anos, numa honrada tentativa de se retornar ao original.
Agora, algo pouco mencionado é a resistência que Dad Land sofreu quando da criação da Ordem DeMolay. Se no Brasil, durante as décadas de 80 e 90 (para não dizer que ainda ocorrem atualmente), muitas foram as dificuldades para convencer os maçons de permitirem garotos utilizarem seus “templos”, imagine como foi lá nos idos da década de 20… Não havia nada comparável na época. Foi preciso que Dad Land conseguisse o apoio e endosso de organizações maçônicas de peso. E a primeira a atender esse importante chamado foi o Real Arco Internacional, seguido pelo Grande Acampamento de Cavaleiros Templários: as duas maiores organizações internacionais do Rito de York.
Assim, vê-se claramente que não existiria Ordem DeMolay sem Rito de York. E hoje, considerando que muitos dos principais líderes do Rito de York são Seniores DeMolays (tanto lá nos EUA como aqui no Brasil), podemos afirmar, sem medo de errar, que não existiria Rito de York sem Ordem DeMolay! Ainda, como Dad Land disse, o que diferencia a Ordem DeMolay de qualquer outra organização juvenil é que… “ela tem um ritual”! E o cerne desse ritual está no Rito de York. É por essas razões e tantas outras que, neste mês de março de 2016, em que comemoramos os 97 anos da Ordem DeMolay, oro: Que Deus abençoe o Rito de York e a causa da Ordem DeMolay!
por Kennyo Ismail | abr 28, 2015 | Graus e Ordens Anexas
Os Colégios do Rito de York surgiram a partir de 1957, tendo o primeiro sido constituído em Detroit, Michigan. São governados pelo Soberano Colégio do Rito de York e têm por objetivo: fomentar um espírito de cooperação entre cada um dos Corpos do Rito de York; ajudar nos esforços dignos de melhorar a apresentação ritualística e dramatização do trabalho nos diversos graus do Rito de York; promover um programa de educação, a fim de inculcar uma maior valorização dos princípios, ideais e programas do Rito de York; fortalecer o Rito de York em todas as maneiras possíveis; e recompensar serviços relevantes ao Rito de York por prêmios, honrarias e outros métodos de reconhecimento adequado.
Atualmente, há 165 Colégios nos EUA, 265 no Canadá e 02 nas Filipinas. O ingresso se dá apenas por convite e o Irmão deve possuir todos os graus do Rito de York e estar regular em sua Loja Simbólica, Capítulo de Maçons do Real Arco, Conselho Críptico e Comanderia Templária.
por Kennyo Ismail | maio 7, 2013 | Notícias
Neste último final de semana, dias 04 e 05 de Maio, foi instalado na Sede da Grande Loja do Estado da Bahia o Capítulo “Companheirismo Bahiano” Nº62 de Maçons do Real Arco. Ao todo, 34 Irmãos Mestres Maçons da GLEB, entre eles muitos Veneráveis Mestres e membros de sua Alta Administração, passaram pelas cerimônias dos 04 graus que compõem o Real Arco norte-americano e participaram no domingo da Instalação do Capítulo, na qual tomou posse como Sumo Sacerdote o Companheiro Santo Ádamo. Esse importante evento na história da Maçonaria Baiana teve início na sexta-feira, dia 03 de Maio, quando o Sereníssimo Grão Mestre da GLEB, Mui Respeitável Irmão Jair Tércio, recebeu em seu gabinete a comitiva de autoridades do Real Arco, ratificando a disponibilidade das instalações da GLEB para a realização das cerimônias, justificando sua ausência durante a programação, e oferecendo o apoio de sua administração para a expansão do Rito de York em solo baiano. As cerimônias dos graus foram realizadas por equipe composta por companheiros de Sergipe, Paraíba, Rio de Janeiro e Brasília e a instalação foi presidida pelo Grande Sumo Sacerdote do Real Arco no Brasil, Mui Excelente Companheiro Luiz Sérgio Rodrigues de Jesus, auxiliado pelo Grande Mestre Adjunto da Maçonaria Críptica do Brasil, Mui Ilustre Companheiro Kennyo Ismail. Registrou-se também a presença de autoridades maçônicas prestigiando o evento, como a do Irmão Miguel Marinho Neto, Grande Tesoureiro do Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil; do Irmão José Henrique Pereira Prata, Grão-Mestre Adjunto da Grande Loja Maçônica do Estado de Sergipe; e do Irmão Onildo Silva Almeida Filho, Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente da Paraíba. Parabéns a todos que participaram dessa grande iniciativa. Esperamos que o Capítulo “Companheirismo Bahiano” seja o primeiro de muitos passos na Jornada do Rito de York na abençoada Bahia.
por Kennyo Ismail | fev 18, 2013 | Termos e Expressões
Rito e Ritual: costuma-se fazer grande confusão entre esses dois termos, principalmente na Maçonaria. Alguns acreditam serem sinônimos, outros que se trata de coletivo e unidade. Há ainda algumas explicações filosóficas complexas ou mesmo reflexões etimológicas sobre os termos, que, muitas vezes, mais complicam do que explicam.
Ao pesquisar sobre os termos na literatura maçônica, você pode se deparar com afirmações de que Rito é a teoria e Ritual é a prática. Ou que Rito é conteúdo e Ritual é forma. Ou que o Rito é um conjunto de graus, sendo que cada grau é um Ritual.
Em homenagem aos doutos do direito, os quais compõem parcela significativa dos membros da Ordem Maçônica, utilizemos de analogia com dois termos jurídicos para explicar o que é Rito e o que é Ritual. Pois bem, se Rito fosse lei, Ritual seria instrução normativa.
Um Rito é realmente como uma lei. É um conjunto de preceitos e obrigações gerais que produz efeitos sobre aqueles que estão sob seu alcance. Assim como uma lei, um Rito reflete princípios que o orientam, possui elementos históricos, além de buscar um objetivo específico. Para ilustrar essa afirmação, podemos utilizar o Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA, devido à sua expressividade no cenário maçônico brasileiro. Da mesma forma que uma lei é desenvolvida com base em valores de uma determinada sociedade e normas éticas oriundas desses valores, o REAA tem por base os princípios de Fraternidade, Tolerância, Caridade e Verdade, conforme missão declarada do Supremo Conselho do Rito Escocês “Mãe do Mundo”. Assim como uma lei surge de uma demanda social presente em um contexto histórico específico para tratar de um conflito ou situação que necessite ordenamento, o REAA surgiu, em Maio de 1801, para trazer ordem ao caos em que se encontrava o Rito de Heredom nos EUA, com dezenas de diferentes autoridades conferindo os graus de diferentes formas. E assim como uma lei atende a um objetivo específico por meio de sua observância, o REAA tem por objetivo o desenvolvimento moral e espiritual de seus membros por meio de sua prática.
Já o Ritual é como uma instrução normativa, um manual de procedimentos que determina e regulamenta como essa lei deve ser praticada e observada. Uma lei pode ter várias instruções normativas, quando necessário. Como bem registrou Vincenzo Cuoco, “sem instrução, as melhores leis tornam-se inúteis”. Do mesmo modo, o Ritual é o manual de procedimentos que determina a prática do Rito, o qual pode ter vários rituais. E sem os rituais, não há como praticar o Rito. O Rito está morto.
Uma instituição que possui um sistema de ritos e rituais que podem colaborar para suas compreensões é a Igreja Católica. A Igreja possui vários ritos: Rito Ambrosiano, Rito Bracarense, Rito Galicano, Rito Bizantino, Rito Romano, etc. Cada um desses Ritos possui diferentes Rituais para sua prática: missa, batismo, crisma, casamento, natal, etc. E mesmo dentro de um Rito específico, como o Rito Romano, há variações nos Rituais, conforme país, movimentos, etc.
Retornado ao exemplo do REAA, algo similar ocorre, havendo Rituais diferentes de um mesmo grau conforme país e Obediência Maçônica. Assim sendo, ao contrário dos prejulgamentos inconsequentes de alguns maçons quando dizem que “o Rito Escocês deles é diferente do nosso”, ou ainda pior, “isso não é Rito Escocês”, a variação não é no Rito e sim nos Rituais. Essas diferenças nos Rituais são algo totalmente natural e esperado, e cuja única consequência negativa são as ofensas que a fraternidade sofre com tal ignorância e intolerância de alguns pelo que é diferente do que se está acostumado.
É também por esse motivo que o Ritual de Emulação é chamado de Ritual e não de Rito, pois se refere a um manual com textos e práticas específicas, que segue estritamente as diretrizes do sistema inglês, sistema esse que a Grande Loja Unida da Inglaterra opta por não chamar de Rito. Há na Inglaterra outros tantos rituais diferentes: Bristol, East End, Falcon, Goldman, Henley, Humber, Logic, Newman, Oxford, Paxton, Stability, Sussex, Taylor, Universal, Veritas, West End, etc. Porém, todos esses Rituais, assim como o de Emulação, como boas instruções normativas que são, também seguem as mesmas diretrizes da “lei” maçônica inglesa pós-1813.
O próprio Rito de York, o legítimo, norte-americano, não fica de fora de ter diferentes rituais. Há nos graus simbólicos diferentes versões do Ritual de Webb, além do Ritual de Duncan e tantos outros pouco conhecidos por grande parte dos maçons, mas todos provenientes do Antigo Rito de York.
Enfim, como registrado anteriormente, a existência de diferentes Rituais é algo natural e esperado em todos os Ritos Maçônicos. Entretanto, essas definições de Rito e Ritual, tão básicas e essenciais para a Maçonaria, infelizmente não estão presentes na educação maçônica convencional, cabendo a cada um de nós colaborar para que esse conhecimento seja compartilhado entre nossos Irmãos.