por Kennyo Ismail | ago 27, 2019 | York x Emulação
Constantemente deparo-me com
irmãos com dúvidas sobre esse ponto, o que me levou a escrever este post. Pode
um irmão do Real Arco Internacional (chamado de Americano) visitar um capítulo
do Arco Real Inglês e vice-versa?
Já dizia o ditado que “tudo
na vida tem o bônus e o ônus” ou, resumidamente, que “todo bônus tem
seu ônus”. No caso da Maçonaria brasileira, ela tem o bônus, que poucas
têm, de experimentar uma pluralidade de ritos, o que carrega o ônus que a falta
de educação maçônica e de bom senso proporciona da prática maçônica incoerente.
No caso do Arco Real Inglês, a
Grande Loja Unida da Inglaterra deixa muito claro seu status em sua
constituição, na Declaração Preliminar:
Pelo solene Ato de União entre as duas
Grandes Lojas de Maçons da Inglaterra, em dezembro de 1813, foi “declarado
e anunciado que a pura Maçonaria Antiga consiste em três graus e não mais, a
saber, os de Aprendiz Registrado, Companheiro de Ofício, e Mestre Maçom, incluindo
a Suprema Ordem do Sagrado Arco Real.[i]
Ou seja, o Arco Real Inglês é
parte do Simbolismo, estando subordinado ao Simbolismo. Não é um grau
colateral, alto grau ou ordem de aperfeiçoamento. É um apêndice do Terceiro Grau
no sistema inglês que, no caso do Brasil, é praticado via Ritual de Emulação.
Por essa razão, o Supremo Grande
Capítulo do Arco Real da Inglaterra declara que:
(…) não reconhece formalmente outros
Grandes Capítulos: aceita como regular os Companheiros de outro Grande Capítulo
se trabalharem com a aprovação da Grande Loja, cujo território estão inseridos,
desde que a Grande Loja seja reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra.[ii]
Ou seja, o Grande Capítulo da Inglaterra
aceita visitação de qualquer companheiro do Real Arco Internacional (Americano)
ou do Real Arco Irlandês ou do Real Arco Escocês e seus derivados, desde que
seja membro de uma obediência reconhecida pela Grande Loja Unida da Inglaterra,
já que, sendo o Arco Real Inglês parte do Simbolismo, o que vale é o
reconhecimento do Simbolismo.
Da mesma forma, todos os outros
Grandes ou Supremos Capítulos do Arco Real ou Real Arco de qualquer país, que
trabalham no sistema inglês, devem seguir a mesma regra de ouro, de aceitar
visitantes de qualquer Arco Real ou Real Arco que sejam membros de uma
obediência simbólica reconhecida pela
sua própria. Afinal de constas, o Arco Real faz parte do Simbolismo e sua
obediência simbólica é autônoma e soberana.
Já no caso do Real Arco
Internacional (Americano), o mesmo não faz parte do Simbolismo, sendo
considerado um corpo de Altos Graus do Rito de York. Os Grandes Capítulos são jurisdicionados ao
Grande Capítulo Geral de Maçons do Real Arco Internacional. Este, em sua
constituição, no item 115.02, determina que:
Um Maçom do Arco Real produzindo evidências
satisfatórias de ter recebido Grau de Maçom do Arco Real num Capítulo
subordinado a um Grande Capítulo em relações fraternas com o Grande Capítulo
Geral, pode visitar um Capítulo trabalhando no grau do Real Arco, e pode ser concedido
a ele os graus de Mestre de Marca, Past
Master e Mui Excelente Mestre para o fim que ele possa ser regularizado. Mas
tal regularização não confere filiação a uma loja dependente (de Mestre de
Marca, Past Master e Mui Excelente Mestre) nem o afilia ao Capítulo.[iii]
Ou seja, somente membros de Grandes Capítulos considerados como em relações fraternas com o Grande Capítulo Geral (General Grand Chapter) podem visitar os capítulos de qualquer Grande Capítulo jurisdicionado (inclusive do Brasil). E quais seriam esses Grandes Capítulos em amizade? O website oficial do Real Arco Internacional informa, por exemplo: todos os do Canadá, o da Inglaterra, o da Escócia, os da Austrália e o da Nova Zelândia.
Os Grandes Capítulos de outros países e que sigam o sistema inglês, não sendo assim jurisdicionados ao General Grande Chapter, devem procurar o mesmo caso queiram garantir o direito de visitação aos seus membros em todos os capítulos do Real Arco Internacional, que funcionam em países como Brasil, Croácia, Filipinas, Gabão, Grécia, Panamá, Paraguai, Peru, Itália, Portugal, México, Romênia, Togo e Venezuela.
No caso do desejo de um Supremo ou Grande Capítulo do Arco Real inglês em funcionamento no Brasil desejar garantir a intervisitação apenas com a jurisdição brasileira do Real Arco Internacional, pode procurar diretamente o Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil, visto que, ainda conforme a Constituição do General Grand Chapter, item 105.01:
os Grandes Capítulos afiliados ao Grande Capítulo Geral são órgãos soberanos em si mesmos, e são a autoridade suprema e final em todos os assuntos da Maçonaria Capitular dentro de suas respectivas jurisdições.
Por fim, cabe destacar a
aberração que ocorre no Brasil, com a concessão do Arco Real Inglês a irmãos de
outras obediências e irmãos de outros ritos. O Arco Real Inglês é parte integrante
do sistema simbólico inglês, no caso do Brasil representado pelo Ritual de
Emulação. Por essa razão, deve ser concedido como complemento aos irmãos que
são elevados ao grau de Mestre Maçom NO
RITUAL DE EMULAÇÃO. E apenas irmãos daquela Obediência Simbólica a qual o
Grande Capítulo está ligado.
Onde já se viu um irmão de um rito ir receber um grau simbólico de outro rito? Ou um irmão de uma obediência ser exaltado em outra a qual não é filiado? Simplificando, é o que acontece com o Arco Real Inglês no Brasil, em que dirigentes o administram como se fosse um Alto Corpo, ignorando seu pertencimento jurisdicional ao Simbolismo e concedendo-o muitas vezes indevidamente. E assim tem-se mais uma incoerência: portas abertas a qualquer um para ingresso, mas frequentemente fechadas a quem é de direito para visitação.
[i] https://www.ugle.org.uk/about/book-of-constitutions
[ii] https://supremegrandchapter.org.uk/about-supreme-grand-chapter/foreign-grand-chapters
[iii] http://www.ramint.org/downloads/constitution.pdf
por Kennyo Ismail | maio 21, 2019 | Crítica literária
O Monitor dos Franco-Maçons ou Ilustrações da Maçonaria é um dos grandes clássicos da Maçonaria. Escrito por Thomas Smith Webb e publicado originalmente em 1797, esse foi o primeiro monitor maçônico publicado nos EUA. Sua primeira parte, referente aos graus simbólicos, foi baseada na obra de William Preston, que já ganhou edição brasileira, Esclarecimentos sobre Maçonaria. Assim nasceu o chamado Ritual de Webb, também conhecido como Ritual de Preston-Webb por essa razão. Em outras partes da obra, Webb apresentou sua revisão dos graus que formariam o Rito de York, que acabou se tornando o rito mais praticado no simbolismo em todo o mundo.
Webb publicou algumas edições, sendo a última a de 1818, no ano anterior à sua morte, da qual essa edição brasileira é a tradução. O irmão brasileiro ainda é presenteado com um excelente material gráfico, que inclui capa dura e papel opaco amarelado, além de uma série de comentários pertinentes do irmão e tradutor Edgard da Costa Freitas Neto, grande promessa da Maçonaria baiana para a literatura maçônica brasileira.
Leitura obrigatória a todos os estudiosos da Maçonaria, em especial aos adeptos e interessados no Rito de York, o livro pode ser adquirido pelo Mercado Livre (clique aqui).
por Kennyo Ismail | fev 6, 2018 | Notícias
Durante os dias 26, 27 e 28 de janeiro, a Grande Loja do Estado de New York realizou sua I International Grand Lecture’s Convention, sob a liderança de seu Grão-Mestre, o Mui Respeitável Irmão Jeff Williamson e seu Adjunto e também Past Grande Mestre Internacional da Ordem DeMolay, Bill Sardone. Com um time formado por oficiais da Mariners Lodge e de outras diferentes Lojas e sob a coordenação da comissão de ritualística da GLNY, os três graus foram realizados passo-a-passo, com comentários e explicações adicionais e esclarecendo as dúvidas de todos os presentes, representantes das diversas obediências maçônicas espalhadas pelo mundo que utilizam o ritual de NY do Rito de York, dentre irmãos de países como Finlândia, Gabão, Portugal, Peru, Bolívia, Paraguai, Guatemala, Líbano e a maior comitiva: Brasil.
O Brasil se fez presente com irmãos de diversas Grandes Lojas da CMSB e Grandes Orientes da COMAB, incluindo Grão-Mestres como os Irmãos Aldino Brasil, da GLOMARON; Norton Panizzi, da GLERS; Rubens Franz, do GOSC; e Guilherme Ribeiro, do GOEPE. A CMI também se fez presente por meio de seu Secretário Executivo, Irmão Rudy Barbosa, Past Grão-Mestre da Grande Loja da Bolívia.
Todas essas e tantas outras lideranças maçônicas de renome nacional e internacional tiveram a humildade de ocupar as colunas e tornarem-se, durante esses três dias, expectadores de um verdadeiro espetáculo ritualístico, no qual os oficiais não apenas desdobraram os rituais de memória, mas, principalmente, os encenaram de forma profissional, com gesticulação e entonação dignas da vizinha de bairro da GLNY, a Broadway.
Ao final, ocorreu uma divertida cerimônia de graduação, seguida de um jantar de comemoração que brindou um evento maçônico internacional pioneiro concluído com sucesso e de forma irretocável.
E após o término do evento, com alguns dias a mais de estadia, tive a honra de ser aceito como integrante da comitiva da GLOMARON, composta pelo seu Grão-Mestre, Aldino Brasil; seu Past Grão-Mestre, Juscelino Amaral; e os valorosos irmãos Marcus Vinícius e Ezídio, ambos da querida Loja Vale do Jamari #38; todos com as respectivas cunhadas. Um pulo em Washington DC incluiu um tour maçônico pelo George Washington Masonic National Memorial, mantido por todas as Grandes Lojas dos EUA e com o apoio de várias outras ordens e entidades maçônicas e da família maçônica; e no House of the
Temple, sede do Supremo Conselho do REAA da Jurisdição Sul dos EUA.
Por fim, de volta a New York, a comitiva fechou a viagem com chave de ouro ao visitar a Brazilian Lodge, Loja que abriga maçons brasileiros vivendo em NY e entorno, na qual fomos muito bem recebidos pelo Venerável Irmão Willian e todos os demais irmãos daquela oficina.
Deixo aqui meus mais sinceros agradecimentos ao Supremo Grande Capítulo de Maçons do Real Arco do Brasil; à dupla da GLNY, Jeff e Bill; à comitiva da GLOMARON; e aos irmãos da Brazilian Lodge por fazerem a diferença nessa viagem, tornando-a inesquecível.
por Kennyo Ismail | maio 17, 2017 | Notícias
No mês que vem, junho, mais precisamente entre os dias 16 e 18, Brasília receberá dois grandes nomes da Maçonaria internacional: Ted Harrison e Don Ferguson.
Ted Harrison provavelmente é o nome mais conhecido relacionado a Rito de York em todo o planeta. Past Grande Sumo Sacerdote Internacional do Real Arco Internacional, que é o maior corpo maçônico internacional em quantidade de membros e de países em que está presente, Ted foi um dos grandes responsáveis pela chega e instalação do Rito de York no Brasil e impulsionou a adoção do Rito de York em diversos outros países, promovendo um crescimento institucional no Real Arco como não se via há décadas. Ainda, é um membro de destaque da Grande Loja do Estado de New York e de diversas Ordens Maçônicas e Paramaçônicas.
Já Don Ferguson é uma das figuras mais conhecidas e carismáticas entre os Nobres Shriners, tendo sido Potentado do Almas Shriners Temple, um dos Templos mais tradicionais e respeitados de todo o mundo, o qual já contou com membros como Harry Truman, presidente dos EUA; e John Edgard Hoover, diretor do FBI. Além de também atuar nas mais diversas ordens maçônicas e paramaçônicas, é membro das Grandes Lojas do Distrito de Columbia e de Maryland, tendo servido como Grande Inspetor Ritualístico da Grande Loja de Maryland.
Se você é um maçom regular (GOB, CMSB e COMAB), quiser participar de um evento maçônico com centenas de irmãos e escutar o que esses dois grandes líderes da maçonaria internacional têm a dizer, além de palestrantes brasileiros renomados, acesse o website do evento e faça sua inscrição: http://lojasdeyork.com.br/
por Kennyo Ismail | out 27, 2016 | Notícias
No último dia 15 de outubro tive o prazer de retornar a Asunción, capital do Paraguai, a convite do Grande Capítulo de Maçons do Real Arco e do Grande Conselho de Maçons Crípticos do Paraguai, para realizar uma palestra sobre o Rito de York.
Foi uma excelente oportunidade de rever bons amigos e irmãos, comer um bom churrasco e trocar experiências com os vizinhos paraguaios. A visita à construção da nova sede da legítima Grande Loja Simbólica do Paraguai deu-me uma pitada da grandiosidade que será a próxima assembleia da CMI, a ser realizada naquela cidade por tão ilustre Grande Loja anfitriã.
Agradeço toda a hospitalidade e apoio fraterno de Marcelo, Miguel, Odilon e todos os demais queridos hermanos de Asunción, em especial os da Loja “Luz y Progreso #06“, na qual tive o prazer de participar duma belíssima reunião, acompanhado de meu Venerável Mestre, duplo irmão e companheiro Germano Cesar de Oliveira Cardoso.
Aos jovens DeMolays do Paraguai, continuem acreditando e trabalhando em prol da Ordem DeMolay. Vocês são, sem dúvida, o futuro da Maçonaria e da República paraguaia.