SEAN CONNERY NÃO É MAÇOM

SEAN CONNERY NÃO É MAÇOM

Quando soube do falecimento de Sir Sean Connery, lamentei por mais essa grande perda que 2020 nos impõe. Sou fã das atuações dele em filmes como Indiana Jones e a Última Cruzada, O Nome da Rosa, Highlander, Armadilha, Encontrando Forrester, seus 007 e, é claro, O Homem que queria ser Rei.

E este último filme citado é o responsável pela crença de que Sean Connery é maçom, crença essa ressuscitada com sua morte. No filme, ele interpreta um maçom. Mas assim como interpretar James Bond não o transformou em um agente secreto do MI6, ou interpretar Henry Jones não o transformou em professor de história, o mesmo se aplica a “O Homem que queria ser Rei”.

Nesta história, originalmente escrita por Kipling, famoso escritor e maçom, dois soldados ingleses que são maçons servindo na Índia buscam riqueza em um pequeno país próximo do Afeganistão. Então, o símbolo maçônico do esquadro e compasso, presente em um pingente do colar de um deles, é reconhecido pelos nativos como símbolo de Alexandre, o Grande, considerado lá como um Deus desde que os havia dominado. E isso leva esse maçom a ser coroado como rei e considerado com um deus.

A imagem de Sean Connery usando uma coroa e vestido com uma túnica branca tendo o esquadro e compasso em seu peito, que vem ilustrando a afirmação de sua filiação maçônica, é uma cena desse filme.

KOBE BRYANT NÃO É MAÇOM

KOBE BRYANT NÃO É MAÇOM

Ele era uma lenda viva nos Lakers e considerado um GADU do basquete, mas infelizmente não era maçom. Já o colega aposentado, Shaquille O’Neal, é maçom, membro da Grande Loja Prince Hall de Massachusetts.

É aquela velha história: sempre que um famoso falece, ele é transformado em maçom. Foi o mesmo com Mandela, por exemplo. Geralmente isso ocorre por duas vias: ou fanáticos religiosos aproveitam para transformá-lo em maçom, illuminati, satanista, apontando uma morte trágica ou dolorosa como punição divina; ou membros ansiosos para dizer aos outros que são irmãos de famosos precipitam-se em afirmar isso. Em ambos os casos, há o proveito, intencional ou não, do fato de que mortos não desmentem boatos.

No meio maçônico, circulou até o nome da Loja na qual Kobe supostamente teria sido iniciado e seria um membro: Winchester, de Indiana. Essa Loja realmente existe, tem o número distintivo 56 na Grande Loja de Indiana e está situada na cidade de Winchester, daquele estado. Essa cidade tem menos de cinco mil habitantes e Kobe nunca morou nela, nem mesmo em Indiana.

Acontece que essa loja criou um website, em 2016, daqueles bem feios, que não tinham nem domínio próprio. E, entre as dezenas de páginas do site, há aquela fatídica página de “maçons famosos”, que uma página sempre copia de outra sem verificar as informações, com mais de uma centena de nomes. E, entre tantos, muitos verdadeiros como George Washington e Benjamin Franklin, há alguns não maçons listados, como Albert Einstein, Karl Marx, Stalin e… Kobe Bryant.

Provavelmente, um irmão brasileiro que não domina a língua inglesa acessou esse website, viu no cabeçalho “Winchester F & A Masonic Lodge No. 56” e o nome de Kobe na lista, bastando para afirmar que ele era membro dessa loja, apesar de nenhum dos nomes da lista ser da Loja, e alguns nem serem maçons.

E antes que alguém comente que viu um comentário de Shaquille chamando Kobe de “irmão”, saiba que é muito comum nos EUA chamar os amigos mais próximos de irmão, assim como os colegas que serviram contigo nas forças armadas e os membros de um grupo ou comunidade a que pertença. O termo “irmão” não é exclusivo da Maçonaria.

USAIN BOLT NÃO É MAÇOM

USAIN BOLT NÃO É MAÇOM

Depois de Mandela e Obama, agora é a vez de Usain Bolt, atleta jamaicano colecionador de recordes e títulos, embalado pelo destaque midiático durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, ser transformado em maçom pela ânsia de alguns maçons em ter irmãos famosos.
Incontáveis postagens de irmãos no facebook e em grupos de whatsapp têm propagado essa estória, de que Bolt é membro da Grande Loja Distrital da Jamaica, subordinada à Grande Loja Unida da Inglaterra. E os comentários de que “daqui a pouco nosso irmão Bolt irá correr”, “Bolt mostrou o anel a alguém da arquibancada”, “grande irmão, livre e de bons costumes”, “excelente exemplo de irmão”, “ser maçom faz a diferença”, “mais um irmão fazendo a diferença no mundo”, e até mesmo um que afirma que “aqueles que entendem de sinais, toques e palavras perceberam há muito tempo que ele é da Ordem… ninguém percebeu que ele se identificou aqui no Brasil?” vão fecundando ainda mais a mente fértil de quem quer acreditar que todo famoso é seu irmão, e para isso consegue enxergar sinais com a mesma facilidade de ver animais desenhados nas nuvens.
Bom, já que informaram até a Grande Loja em que supostamente Usain Bolt é filiado, fica fácil confirmar essa informação. A resposta, curta e clara, não demorou duas horas para chegar, via Grande Secretário Distrital da Grande Loja Distrital da Jamaica:
GL JAMAICA

TRADUZINDO:

Ele não é um maçom.