por Kennyo Ismail | jan 9, 2018 | Conceitos
As Lojas Acadêmicas ou Universitárias floresceram no Brasil a partir da segunda metade da década de 90, ganhando maior impulso nos primeiros anos deste século XXI, por incentivo do GOB, em busca de um rejuvenescimento de seu quadro. Mas, ao contrário do que muitos irmãos brasileiros imaginam, as Lojas Universitárias não são uma invenção recente, algum tipo de modismo, e nem exclusividade do GOB.
O Eminente Irmão Lucas Francisco Galdeano, autor do primeiro trabalho sério que tenho conhecimento sobre o assunto no Brasil, relata a existência de Lojas Universitárias na Inglaterra desde o Século XVIII e da presença das mesmas em diversos países anglófonos. Seu trabalho pode ser acessado clicando aqui.
Por sinal, a Grande Loja Unida da Inglaterra, após realizar uma série de estudos e pesquisas internas, tem, nos últimos anos, acendido o alarme da necessidade de renovação de seus quadros, e focado, principalmente, em um programa chamado “Programa Universidades”, que já existe há mais de 10 anos e possui até website próprio.
O objetivo geral dessas Lojas é fomentar o ingresso de jovens com intelecto e potencial na Maçonaria. Infelizmente, no Brasil, muitas Lojas foram fundadas como Universitárias para usufruir dos benefícios oferecidos a esse tipo de Loja, migrando para a classificação comum de Loja após um certo período de tempo. Outras mantém o status de Universitárias apenas no nome, não contando com um único estudante universitário em seu quadro. Essas ocorrências têm gerado certo preconceito em membros da ala mais conservadora da Ordem pelas Lojas Acadêmicas/Universitárias.
Além disso, o fato de, no Brasil, as Lojas Universitárias terem sido uma iniciativa do GOB, acabou restringindo suas fundações a esse âmbito. É o velho preconceito velado que temos na Maçonaria brasileira, que ninguém fala a respeito. Temos muitos exemplos disso, de ambos os lados… o Supremo Conselho do Grau 33 (Jacarepaguá) é chamado de Supremo Conselho “das Grandes Lojas”, mesmo aceitando membros do GOB e da COMAB. E a Ordem DeMolay sofre o mesmo preconceito no meio gobiano, pela mesma razão. Porém, acredito que esse preconceito velado vai diminuindo com a renovação da maçonaria brasileira, contando cada dia mais com uma massa maçônica mais esclarecida, que compreende que algumas iniciativas, programas e organizações são “suprapotências”.
No caso da Maçonaria da América do Norte, há alguns anos foi criado o Comitê de Renovação Maçônica do Canadá, Estados Unidos e México, cujo objetivo é exatamente a organização, divulgação e suporte de iniciativas para renovar a Maçonaria naquela região. E uma dessas iniciativas promovidas pela comissão é o Programa de Lojas Acadêmicas.
Uma das Grandes Lojas norte-americanas que tem abraçado essa ideia é a Grande Loja do Estado de New York, uma grande parceira do Brasil, que inclusive cedeu seus rituais do Rito de York para tradução e prática no território brasileiro, e estará realizando uma Convenção Internacional de ritualística ao final deste mês de janeiro, com tradução para várias línguas e com a participação das obediências de diversos países que trabalham com seu ritual, incluindo muitas brasileiras.
A Grande Loja do Estado de New York criou uma “Comissão pela Fraternidade no Campus”, presidida por ninguém menos do que Ted Harrison, Past Grande Sumo Sacerdote Internacional do Real Arco Internacional e grande entusiasta do Rito de York no Brasil. Sob a liderança do Ted, duas Lojas Acadêmicas estão sendo criadas em New York: a “Columbia”, para atender a comunidade da Columbia University; e a “Illumination” para a comunidade da City University of New York (CUNY).
Enquanto a Grande Loja Unida da Inglaterra, com seu Programa Universidades, já conta com 72 Lojas Acadêmicas, o Comitê de Renovação Maçônica da América do Norte tem começado a apresentar resultados recentemente, já contando com algumas em pleno funcionamento:
- Loja “Harvard”, Cambridge MA
- Loja “Boston University”, Boston MA
- Loja “The Colonial” # 1821, George Washington University, DC
- Loja “The Patriot” # 1957, George Mason University, Virginia
- Loja “State College” # 770, North Carolina State University, NC
- Loja “Terrapin” # 241, University of Maryland
- Loja “A Águia” # 1893, American University, DC
Mas não precisamos esperar que nossa média de idade torne-se ainda mais geriátrica ou nossos números de membros despenquem, como nos EUA e na Inglaterra, para agirmos. Esperamos que todas as nossas obediências, sem exceção, atentem-se para a iminente necessidade de renovação dos quadros da maçonaria brasileira, desenvolvendo formas para que isso seja possível, fomentando o ingresso, especialmente, de Seniores DeMolays e universitários.
por Kennyo Ismail | dez 18, 2017 | Notícias
Em junho deste ano, foi publicada uma matéria que deu à atual gestão do GOB a alcunha de “Olimpo Maçônico”. O nome pegou tanto quanto o “Vaticano Maçônico”, dado à GLUI, em 2012, também aqui pelo blog No Esquadro.
Na nossa última matéria sobre a eleição no “Olimpo Maçônico”, apresentamos a saga de Zeus perante o duelo por sua sucessão, tendo de um lado Perseu (Barbosa), visto como o filho que vive um forte conflito de amor e ódio pelo pai; e Érebo (Ballouk), eleito por Zeus como seu arqui-inimigo.
Naquela matéria, fora apontada a tendência da atual gestão do poder central do GOB de se relacionar com corpos maçônicos (e paramaçônicos) irregulares ou não reconhecidos internacionalmente, dando como exemplos os casos do REAA, do Rito Adonhiramita, do Rito Moderno e da Ordem DeMolay. Observou-se, então, um leve aceno de Barbosa a favor de mudar esses relacionamentos indevidos por parte do GOB. E sugeriu-se, ao final, que “seria muito bom ver um posicionamento claro do Ballouk a respeito dessas questões. A boa notícia é que Ballouk também tem se mostrado disposto a declarar suas opiniões e posicionamentos sobre essas questões maçônicas, mesmo quando polêmicas”.
E Ballouk se manifestou.
Sobre a questão da Ordem DeMolay, Ballouk declarou ter sido o redator do manifesto assinado por 20 dirigentes estaduais do GOB, no dia 16 de junho de 2017. No manifesto, os Grão-Mestres Estaduais se colocam à disposição para serem conciliadores da disputa entre os Supremos Conselhos da Ordem DeMolay, esperando, assim, prevenir da necessidade de uma sentença judicial final para a solução da disputa. Ainda, o manifesto defende uma unificação, não direcionando suas intenções para um ou outro Supremo, e sugere que seja permitida a intervisitação até que a disputa seja resolvida por conciliação ou decisão judicial.
Apesar de louvável a iniciativa do manifesto e sua postura fraterna diante da questão, observa-se no mesmo uma característica que pode ser vista como um forte indício do padrão de raciocínio do “Olimpo Maçônico” entre os dirigentes estaduais do GOB: Em nenhum momento do manifesto é mencionado a CMSB ou a COMAB. Ora, todos sabem que mais da metade dos Capítulos da Ordem DeMolay no Brasil é patrocinada por Lojas das Grandes Lojas da CMSB, e há mais Capítulos patrocinados por Lojas dos Grandes Orientes da COMAB do que do GOB. Mesmo assim, o manifesto olimpiano sugere a formação de uma comissão conciliadora formada estritamente por Grão-mestres Estaduais do GOB, como se não existisse CMSB e COMAB no país ou relação nenhuma houvesse entre esses com a Ordem DeMolay. Será que acreditaram mesmo que seria possível que a minoria maçônica que apoia a Ordem DeMolay ajudasse a solucionar o problema sem o envolvimento da maioria? Ainda mais considerando que o Grande Mestre Nacional de um Supremo Conselho DeMolay é da CMSB e o do outro Supremo Conselho é da COMAB?
Creio que está mais do que claro que o povo maçônico quer derrubar esses muros e construir pontes… De qualquer forma, fato é que, após esse manifesto, Zeus agiu, nomeando Perseu (Barbosa) como “o conciliador”. O resultado foi uma reunião frustrada em seu objetivo, da qual não se resultou nem mesmo uma ata. Perseu aprendeu algo a respeito da Ordem DeMolay e acredito que Érebo também.
Já quanto aos Altos Corpos do Rito Adonhiramita e Rito Moderno, Ballouk apresenta uma posição clara, direta e legalista: É a favor do regular ECMA e, logo, contrário ao ECMAB; e a favor do regular SCRM e, portanto, contrário ao SCFRMB. Já algo que havia passado desapercebido anteriormente, mas não pode deixar de ser mencionado, é o fato de que Barbosa é Membro Efetivo do ECMAB, indo assim contra a decisão da SAFL-GOB, que, por 797 votos contra apenas 02, manteve o reconhecimento do ECMA, numa das votações mais vergonhosas a Zeus e a todo seu Olimpo Maçônico.
Esperamos que essas informações sejam úteis na tomada de decisão dos eleitores gobianos indecisos, mas que se preocupam com tais questões de regularidade e reconhecimento.
por Kennyo Ismail | dez 6, 2017 | Notícias
A mitologia grega dava notícia de que Perseu era fruto de um assédio sexual bem sucedido entre Zeus, o pai dos deuses gregos, e uma mortal. Assim, Perseu era um semideus (mortal) que contava com a simpatia de alguns deuses, incluindo seu pai, Zeus, apesar de provavelmente Perseu não simpatizar muito com este, por ter enganado sua mãe (ou subornado, em algumas versões) para possuí-la.
Isso ilustra o fato de que alguns filhos (ou afilhados), não necessariamente seguem a cabeça dos pais, até mesmo no Olimpo Maçônico. Barbosa, nos últimos discursos proferidos em Lojas, tem demonstrado isso, ao assumir o papel do herói Perseu e tentar afastar sua imagem à de seu Zeus, que já jogou seus raios sobre Minas Gerais, Rio Grande do Sul, e tem ameaçado jogar seus raios até sobre o GODF por conta do debate.
Minha última leitura, principalmente após o debate entre Barbosa (Perseu) e Ballouk (eleito pelo Zeus do Olimpo Maçônico como seu inimigo Érebo), foi a de que Érebo está mais preparado. Entretanto, cabe observar que uma das principais qualidades de um líder maçom é saber escutar. É impossível que um Grão-Mestre saiba de tudo sobre tudo, de legislação, relações exteriores, simbologia, ritualística, administração, etc. Então, bons líderes são aqueles que sabem se rodear de bons especialistas em cada área e sabem, principalmente, escutá-los. E Barbosa, o Perseu do Olimpo Maçônico, demonstrou recentemente essa virtude.
Um dos pontos de atenção levantados com o debate foi a questão DeMolay. Como dito naquele post, há dois Supremos Conselhos da Ordem DeMolay em funcionamento no Brasil. Um, cuja sigla é SCODRFB, é grande, está presente em todas as UFs, conta com o apoio da CMSB e da COMAB, e detém a regularidade do uso do nome e da marca DeMolay, além do reconhecimento internacional. O outro, SCODB, é o contrário disso. O GOB é a única vertente maçônica brasileira encima do muro quanto a questão e Ballouk, pelo menos durante o debate, optou por não tomar partido. Já Barbosa, que, como já comentado em outro post, pouco sabia sobre a questão DeMolay, parece que procurou se informar melhor sobre o assunto.
No último final de semana ocorreu o ELOD – Encontro de Líderes da Ordem DeMolay, do SCODRFB (o grande, regular e reconhecido), em Brasília. O ELOD reúne os maçons e DeMolays que atuam como dirigentes nos Grandes Conselhos Estaduais e Distrital, com os dirigentes do Supremo Conselho, para apresentação de relatórios, discussão e votação de propostas, dentre outros assuntos. E, na tarde de sábado, receberam Barbosa Nunes durante o encontro, o qual sinalizou a favor de uma mudança de posicionamento do GOB em prol do SCODRFB, caso eleito.
O GOB, em que pese ter indiscutível regularidade nos graus simbólicos, infelizmente tem um histórico de se relacionar com corpos maçônicos irregulares ou não reconhecidos, como no caso do reconhecimento do Supremo Conselho do REAA de São Cristovão, em detrimento do Supremo Conselho de Jacarepaguá (único do Brasil reconhecido internacionalmente); o rompimento com o regular ECMA – Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, e o apoio à fundação do irregular ECMAB – Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita do Brasil, o qual não foi reconhecido pela SAFL – Soberana Assembleia Federal Legislativa do GOB; o caso extraconjugal com o Supremo Conselho Filosófico do Rito Moderno do Brasil, enquanto ainda está casado com o Supremo Conselho do Rito Moderno; dentre outros. E, na questão DeMolay, sua postura não tem sido muito diferente.
Barbosa demonstrou humildade para ouvir e aprender, além de uma vontade de mudar esse status quo de relacionamentos indevidos por parte do GOB. Seria muito bom ver um posicionamento claro do Ballouk a respeito dessas questões. A boa notícia é que Ballouk também tem se mostrado disposto a declarar suas opiniões e posicionamentos sobre essas questões maçônicas, mesmo quando polêmicas.
De qualquer forma, a era de Zeus e demais habitantes do Olimpo Maçônico se aproxima do fim.
por Kennyo Ismail | dez 4, 2017 | Notícias
No post sobre o debate, afirmei que “há pontos de atenção em ambos os candidatos, que devem ser considerados e, se possível, questionados aos mesmos“. Então, desde sua publicação, tenho recebido manifestações de irmãos apoiadores de ambas as chapas, desejosos de esclarecer esses pontos por seus candidatos. Alguns optaram pela arte da retórica, enquanto outros preferiram fazer críticas ao candidato adversário do seu. Desconsiderei tais manifestações, na crença de que somente o orador pode esclarecer suas próprias palavras. Ninguém mais.
E então, no final da tarde de hoje, recebi uma ligação do Irmão Ballouk, que muito educada e fraternalmente dedicou um espaço de sua agenda corrida para esclarecer dois pontos de atenção apontados no post: Filantropia e DeMolay.
Ballouk explicou que, em seu entendimento, na Maçonaria a filantropia não é fim, mas meio. Sendo a moral a verdadeira finalidade maçônica, a filantropia seria um meio de se desenvolver a moral do maçom, dentre outros. E, nesse sentido, ele está certo.
Já sobre DeMolay, Ballouk esclareceu que, diferente do que alguns irmãos têm propagado, ele não teve passagem de avião para campanha adquirida pelo SCODB. A passagem teria sido emitida quando ainda era Grão-Mestre do GOSP e atendeu ao apelo de última hora de um então dirigente do SCODB que é gobiano, pois haveria uma solenidade oficial no Congresso Nacional em homenagem à Ordem DeMolay e o SCODB não tinha confirmada a participação de nenhum Grão-Mestre para atender à cerimônia. Em suas palavras, por volta de 70% dos gastos da campanha estão sendo arcados de seu próprio bolso e as doações somente são feitas por meio de uma conta bancária com destinação específica, aberta com essa única finalidade, de forma a possibilitar total transparência na prestação de contas da campanha.
Cumprindo o compromisso maçônico com a verdade, publico aqui tais esclarecimentos, agradecendo ao Irmão Ballouk pela atenção dispensada em sua ligação e toda a cordialidade no diálogo.
O blog No Esquadro estará sempre aberto a qualquer esclarecimento que quaisquer candidatos e lideranças maçônicas desejarem realizar aos nossos leitores.
por Kennyo Ismail | out 27, 2016 | Notícias
No último dia 15 de outubro tive o prazer de retornar a Asunción, capital do Paraguai, a convite do Grande Capítulo de Maçons do Real Arco e do Grande Conselho de Maçons Crípticos do Paraguai, para realizar uma palestra sobre o Rito de York.
Foi uma excelente oportunidade de rever bons amigos e irmãos, comer um bom churrasco e trocar experiências com os vizinhos paraguaios. A visita à construção da nova sede da legítima Grande Loja Simbólica do Paraguai deu-me uma pitada da grandiosidade que será a próxima assembleia da CMI, a ser realizada naquela cidade por tão ilustre Grande Loja anfitriã.
Agradeço toda a hospitalidade e apoio fraterno de Marcelo, Miguel, Odilon e todos os demais queridos hermanos de Asunción, em especial os da Loja “Luz y Progreso #06“, na qual tive o prazer de participar duma belíssima reunião, acompanhado de meu Venerável Mestre, duplo irmão e companheiro Germano Cesar de Oliveira Cardoso.
Aos jovens DeMolays do Paraguai, continuem acreditando e trabalhando em prol da Ordem DeMolay. Vocês são, sem dúvida, o futuro da Maçonaria e da República paraguaia.