A Grande Loja da Áustria, a Grande Loja Alpina da Suíça, a Grande Loja do Luxemburgo, as Grandes Lojas Unidas da Alemanha e a Grande Loja Regular da Bélgica, por meio de seus representantes legais, se reuniram em Berlim no dia 23 de Julho deste ano para discutir, entre outros assuntos, a questão maçônica francesa. O resultado foi uma declaração de apoio ao reconhecimento internacional das Grandes Lojas filiadas à Confederação Maçônica Francesa – CMF, a Grande Loja da França, a Grande Loja da Aliança Francesa e a Grande Loja Independente da França, concomitante ao reconhecimento da Grande Loja Nacional Francesa, que tem sido a única reconhecida em solo francês nos últimos 100 anos.

O entendimento dessas cinco importantes Grandes Lojas europeias é de que a dinâmica e complexidade do cenário maçônico francês não suporta como solução o reconhecimento isolado da Grande Loja Nacional Francesa, que vez ou outra perde o reconhecimento e busca recuperá-lo. Por isso, elas passam a entender o território maçônico francês como “extraoficialmente” compartilhado e recomendam o diálogo da GLNF com os entes que compõem a Confederação Maçônica Francesa e que, no entender delas, também atendem às exigências de regularidade.

Após menos de um mês da divulgação da declaração assinada pela Maçonaria regular e reconhecida de cinco importantes países europeus, veio a reação conjunta da Grande Loja Unida da Inglaterra, Grande Loja da Escócia e Grande Loja da Irlanda, no último dia 21 de Agosto. A posição dessas três Grandes Lojas é totalmente contrária a tal iniciativa. Elas entendem que as demais Grandes Lojas na França só poderão se reconhecidas se a Grande Loja Nacional Francesa decidir por compartilhar o território, defendendo isso como um antigo princípio maçônico.

A razão de a Alemanha apoiar tal iniciativa francesa é clara: o mesmo foi feito em solo germânico há alguns anos, com a união das cinco Grandes Lojas alemãs numa organização chamada de “Grandes Lojas Unidas da Alemanha”, iniciativa essa que foi muito bem vista e aceita pelas Grandes Lojas regulares de todo o mundo, incluindo Inglaterra, Escócia e Irlanda. Mas acredita-se que, caso a GLNF ingresse na Confederação Maçônica Francesa, não está descartado o reconhecimento por parte dessas três.

Alguns compreendem esse caso em particular por um prisma “bairrista”. De um lado, o esforço de algumas Grandes Lojas europeias em unir as Obediências regulares, reconhecendo-as, como forma de balancear o crescimento das Obediências irregulares. E, do outro, tem-se a Grande Loja Unida da Inglaterra, com o apoio de suas vizinhas de porta, em defesa dos interesses de sua problemática filha parisiense, a Grande Loja Nacional Francesa.