Há mais de dez anos criei este blog, No Esquadro. Na época, não existia no Brasil: Facebook, WhatsApp, Telegram, Twiter, etc. A intenção do blog era clara: como um adepto da chamada Escola Autêntica da Maçonaria, enquanto os livros e artigos levariam conteúdo mais denso, o blog se encarregaria de levar conteúdo mais leve, numa linguagem mais informal, de maneira mais acessível e permitindo comentários e interações entre os leitores.

A Escola Autêntica surgiu para contrapor a chamada Escola Romântica, que não possui compromisso com a busca da verdade, propagando lendas como realidade e inventando significados mirabolantes para os símbolos maçônicos. No Brasil, a Escola Romântica é hegemônica, sendo fortemente inspirada na literatura mística, esotérica e ocultista. E, enquanto a Escola Autêntica existe há mais de 130 anos, no Brasil ela ainda engatinha.  

O querido Irmão Luciano Rodrigues era também um adepto da Escola Autêntica. Um dos poucos e, com certeza, um dos mais produtivos. Seu blog, O Prumo de Hiram, completou recentemente cinco anos.  Tendo sido criado numa outra realidade maçônica e profana, em que os conteúdos leves já passavam a circular em aplicativos como o WhatsApp, O Prumo de Hiram já nasceu inovador, oferecendo uma literatura maçônica de profundidade, com qualidade de artigo de periódico.

Como pessoa, o Irmão Luciano também se destacava por sua solicitude. Posso ilustrar isso de uma forma simples: Se você me liga e estou ocupado, eu não te atendo. Depois, quando estiver desocupado, eu te ligo e explico que não podia atender porque estava ocupado. Quase todo mundo é assim, mas não o Luciano. Quando você ligava para o Luciano, ele parava o que estava fazendo, te atendia e te perguntava se era urgente ou se você poderia esperar um pouco e ele retornaria a ligação. Perceberam a diferença? E isso era em tudo que ele fazia.

O GORJ, potência a qual o Irmão Luciano pertencia, enfrentou uma crise há alguns anos por conta de uma eleição e perdeu muitos irmãos que ocupavam postos de liderança na potência e faziam a engrenagem funcionar. O Irmão Luciano permaneceu no GORJ, ciente de que a potência iria precisar. E ele muito fez pelo GORJ nesses últimos anos, ajudando-o a alcançar a um patamar muito mais elevado.

Isso é uma fração do trabalho do Irmão Luciano Rodrigues, alguém que respirava Maçonaria nas 24 horas do dia, e é mais uma vítima da Covid-19. A Escola Autêntica brasileira perde um de seus pouquíssimos expoentes. E a Magistri Coronatorum, talvez a organização maçônica mais discreta, fechada e relevante do Brasil, lamenta profundamente a perda desse ilustre membro, que tanto fará falta a cada maçom brasileiro que seja amante da busca da verdade e da autêntica literatura maçônica.

Luciano deixa esposa e três filhos. Fraterna e humildemente pedimos ao GORJ e a todas as demais organizações maçônicas às quais ele tanto colaborava, que cumpram o dever do socorro maçônico e amparem sua família, que também é nossa.