Esse é um tema um tanto quanto comentado na Maçonaria contemporânea. Há tantas teorias, histórias e invenções sobre o assunto que se torna até difícil tratá-lo de forma concisa.
Você pode ler por aí que Instalação é a mesma coisa que Investidura ou que Posse. Isso não é verdade.
Você também pode ler que Instalação é um costume que a Maçonaria copiou dos Cavaleiros Templários. Isso é viagem.
Talvez você leia em algum lugar que Instalação é uma influência da Igreja Católica na Maçonaria. Isso é besteira.
Você também poder se deparar com a teoria de que Instalação é uma cerimônia adaptada de um Grau Superior do Real Arco Americano, chamado de Grau de Past Master. Essa é uma grande idiotice.
Em primeiro lugar, instalação significa “ato de instalar”, sendo o verbo “instalar” originado do termo latim “installare”, que significa “introduzir na cadeira”. Assim sendo, instalação é algo maior do que uma simples investidura ou posse. Os Oficiais são investidos no cargo, tomam posse. Mas apenas o líder é “introduzido na cadeira”, ou seja, é “instalado”.
Esse costume de instalar o Mestre da Loja, de sentá-lo no Trono de Salomão, não nasceu com a Grande Loja Unida da Inglaterra, ou com o Ritual de Emulação, ou mesmo com algum Grau Superior. Pelo contrário, esse costume é mais antigo do que tudo isso e ainda mais antigo que o Grau de Mestre Maçom.
Como todos sabem (ou pelo menos deveriam saber), antigamente só havia 02 Graus: Aprendiz e Companheiro. Então, os Companheiros escolhiam entre eles aquele para governar a Loja, o qual era instalado na “Cadeira do Oriente” e chamado de Mestre da Loja. Na própria 1ª versão da Constituição de Anderson, datada de 1723, não havia ainda citação do Grau de Mestre Maçom, que só foi acrescentado na edição seguinte, mas já havia o antigo costume de “instalar” o Venerável Mestre.
Esse costume da Maçonaria Inglesa se deveu à cultura monárquica dos britânicos. Afinal de contas, os reis também são “instalados” no trono quando assumem o posto, e se o Venerável Mestre simboliza o Rei Salomão, então nada mais justo dele ser devidamente instalado no trono. Daí muitos estudiosos também relacionam o uso do chapéu do Venerável Mestre com a coroa, e o uso do malhete com o cetro.
Já essa história de que a instalação foi adaptada do Grau de Past Master do Real Arco é a típica suposição maçônica. Alguém que fica sabendo que existe um grau no Real Arco que se chama “Past Master” e conclui que esse grau serviu de base para a Instalação de Venerável Mestre não pode ser considerado um Investigador da Verdade. É apenas mais um “achista” de plantão. Na verdade ocorreu exatamente o contrário: o grau de Maçom do Real Arco tradicionalmente era restrito a Mestres Instalados. Então, para não restringir o grau apenas àqueles que foram Veneráveis Mestres, foi criado um grau conhecido como “Past Master Virtual” que é apenas uma “Instalação Virtual” para que o membro que não seja um Mestre Instalado tenha o conhecimento mínimo para se tornar um Maçom do Real Arco. Portanto, foi a Instalação que serviu de base para o Grau de Past Master, e não o contrário.
Outra observação a se fazer quanto à Instalação é quem a realiza. O correto é que o Venerável Mestre realize a Instalação de seu sucessor. Ele se une com pelo menos três Mestres Instalados da Loja ou visitantes e forma o Conselho de Mestres Instalados, o qual realiza a Instalação. É direito daquele que está deixando o posto entregar o bastão, faixa, colar, malhete ou o que quer que seja ao que está assumindo. Isso faz parte do processo democrático.
Enfim, trata-se de um antigo costume maçônico inglês com valor simbólico importantíssimo para a manutenção da cultura maçônica através das Lojas, e por isso adotado por praticamente todos os Ritos e Rituais regulares do mundo.
'' antigamente só havia 02 Graus: Aprendiz e Companheiro''
Grau de MM, e a câmera de reflexões ou caverna e tal.. foram escritos por um RosaCruz, confirma?
TFA
Kennyo:
Tenho visitado constantemente o seu blog e aprecio bastante os seus textos. Porém, em um espaço público é difícil escrever sobre Maçonaria sem correr o risco de publicar algo privativo, concorda?
Talvez fosse interessante você criar um grupo de discussões fechado, onde pudéssemos debater tranquilamente. Ou então você nos brindar com seus textos em um grupo já criado, como este:
http://www.tempo-de-estudos.com/social
TFA
Vicente Alberto
Loja Luzes da Fraternidade e Justiça 097
Francisco Sá (MG)
Meu Irmão Vicente Alberto,
Obrigado pelo contato.
Como todos sabem, até em alguns grupos fechados já existentes tem às vezes ocorrido a presença de "goteira". Por isso acredito que devemos evitar de debater assuntos maçônicos mais específicos na internet, e restringi-los para entre colunas.
No caso do blog, estamos sempre abrangendo temas de cunho simbólico e histórico, os quais geralmente já foram amplamente citados em livros publicados ou em outros sites e blogs. Mas sempre tomamos o devido cuidado de nunca tratar dos modos de reconhecimento ou sobre algum segredo específico do grau, assuntos privativos como o Irmão bem reforçou.
TFA,
Kennyo Ismail
Meu Irmão Rafhael,
A "Lenda do Terceiro Grau" é tida por muitos como de responsabilidade do Irmão Desaguliers, que era também da Royal Society e foi o último Grão-Mestre plebeu na Inglaterra.
TFA,
Kennyo Ismail
meus irmãos
eu tenho uma visão de que 3 coisas (sempre 3…) deram uma modificada radical na Maçonaria incipiente e fizeram a mesma chegar forte no século XXI.
primeiro a aceitação de homens não ligados na arte da contrução. segundo quando “forçaram” que o GM da GL de Londres fosse um membro da família real inglesa e terceiro a criação ou aparecimento do grau de MM. sem isso, penso que a maçonaria não chegaria no Sec. XIX.
parabens pelos trabalhos!
tfa
amilcar
Bom dia e um TFA.´. Ir.´.
Debater sobre a Maçonaria na intenet, estamos indo contra os nossos Landmarks, sertos assuntos não se deve comentar fora de nossas lojas.A maçonaria esta viva até hoje por que sempre tivemos este cuidado.G.´.A.´.D.´.U.´. nos proteja.
Kennyo Ismail – Ir.´. Cesar, me mande o landmark referente a proibir o debate na Internet, por favor. Eu tenho aqui os do Mackey, muito usados no Brasil, além de outros de outros autores, e não achei nada a respeito. Farei questão de informar a todas as Grandes Lojas e Grandes Orientes do Brasil e do mundo que possuem sites, blogs e listas de discussão. Eles, assim como eu, não devem ter tido acesso a tão importante landmark que você conhece. Creio que, havendo esse landmark, irmãos como você, pesquisando sobre Maçonaria na internet e realizando comentários públicos, também deverão ser punidos! TFA. Kennyo
veja o 25 landmark
Aprendi muito. Gostei
otimo texto deveria ser obrigatorio sua leitura para maiores intendimentos
Solicito persmissão para republicar na Revista Fraternizar!!!
Kennyo Ismail – Claro, meu Irmão.
Perfeito…
Muito bom.
Esclarecedor .'.
“É direito daquele que está deixando o posto entregar o bastão, faixa, colar, malhete ou o que quer que seja ao que está assumindo. Isso faz parte do processo democrático.”
Entendo de que é um direito do MI instalar seu sucessor. Contudo, nem todas Potências entendem desta maneira. Tanto é assim, que as Lojas jurisdicionadas a elas são obrigadas a solicitar autorização para realizar a instalação.
Um TFA
Nelson Carvalho
Kennyo Ismail – Infelizmente.
Prezado Ir Kennyo!!!
Acompanho seus artigos e livros, sou admirador dos seus trabalhos e o parabenizo, gostaria se possível elucidar minha dúvida; numa Loja (nova) regular sem o mínimo (ainda) de 15 irmão mestres maçons há possibilidade da eleição para venerável mestre??? Fraternalmente.
ALBERTO BEN LULU
Kennyo Ismail – Isso depende única e exclusivamente da legislação maçônica da Obediência a qual a Loja é filiada.
Acho sempre muito esclarecedor e explicativo os texto do Ir Kennyo. Infelizmente a Potência a qual participo nomeia ou um Delegado Distrital ou Membro da Grande Loja para instalar o venerável.
SOU M:.M:. E VI VOSSO SITE NO FACE DO IR. WAGNER VENEZIANI. GOSTARIA E ACESSAR VOSSO CONTEÚDO.
F.A.
HERMES ANTONIO PACHER
Gostaria de sua opinião sobre uma situação prática da cerimônia de instalação e do Past Master do Real Arco. Na prática, uma vez instalado o Mestre ele não precisa mais passar pela cerimônia pra tomar posse quando reeleito Venerável Mestre, embora o correto seria a repetição pela lógica da cerimônia como transmissão do malhete. Seria correto, então, dispensar um Past Master do Real Arco dessa cerimônia, quando fosse eleito pela 1ª vez para o cargo de Venerável Mestre? Já que o Past Master é um Mestre Instalado Virtual ele poderia utilizar os paramentos de um Mestre Instalado, mas, obviamente, não poderia dirigir uma Loja ou ser Grão Mestre porque nunca foi eleito e exerceu tal função?
Kennyo Ismail – Não seria correto a repetição da instalação. Não se inicia duas vezes e não se é instalado duas vezes. O que ocorre é uma posse de um VM reeleito, mas a instalação não se repete. Também não seria correto dispensar o PM do MRA da instalação no simbolismo, visto que são cerimônias diferentes, distintas, e uma não pode substituir a outra. Um PM do MRA não pode utilizar os paramentos de um Mestre Instalado em Loja Simbólica, visto que ele não possui o status real de um MI, apenas virtual. Se você verificar, no REAA há um grau chamado “Grão-Mestre Arquiteto”. Isso não dá o direito de um irmão grau 12 do REAA de comprar os paramentos de um GM e visitar as Lojas como tal. Assim como há o grau 20, de “Venerável de todas as Lojas”, que não faz com que o detentor desse grau tenha qualquer autoridade sobre qualquer Loja. Ou seja, os Altos Graus não se misturam com os Graus Simbólicas. São sempre virtuais quando se tratam dos mesmos.
Obrigado. Suas considerações foram importantes para esclarecer essa dúvida que me passou.
Mano Kennyo, a instalação do Rito de York é diferente da instalação do REEA, isto é, no de York ha apenas uma introdução ao Trono do Rei Salomão, não havendo os sinais, toques e palavras, constantes do REEA. Por isso, um VM introduzido na Cadeira de Salomão pelo Rito de York, poderá ser barrado numa Instalação do REEA, por não ter conhecimento dos sinais e palavras deste Rito. Poderiamos, a título de conciliação, realizar uma instalação desse VM do Rito de York no REEA?. Se isso não ocorrer, qual seria a atitude do VM introduzido, numa possível eventualidade dessa mencionada acima? Poderia ele insistir em permanecer no Conselho de Mestres Instalados? Um TFA e grato antecipadamente.
Kennyo Ismail – Meu Irmão Jurandir, isso não é 100% assim. Alguns Estados nos EUA possuem Instalação com sinais e palavras. O que acontece é que a Instalação não é de responsabilidade do Rito e sim da Obediência. Assim, uma Obediência pode optar por ter cerimônias diferentes de instalação para cada Rito que trabalha ou uma única cerimônia de instalação, independente de Rito. No caso de diferentes instalações conforme os Ritos, a Obediência deve tomar o devido cuidado para que os modos de reconhecimento adotados por ela sejam ensinados nessas instalações.
Kennyo boa tarde! que agradável ler as linhas produzidas por sua lavra! Espero que se recorde de mim, meu estimado MCE, nos conhecemos pessoalmente em Governador Valadares durante o 1º Encontro Estadual da Cavalaria de Minas Gerais, o qual presidimos! Espero que tudo esteja muito bem com vc! Hj estou VM de minha oficina (Flor de Acácia) acabei de ser “instalado” como muito bem ensina sua peça de arquitetura! TFA meu estimado Irmão! Peço ao GADU (Pai Celestial) que sempre o ilumine!
Kennyo Ismail – Meu Venerável e duplo irmão Pablo! Que bom receber notícias suas! Fico feliz em saber de seu Veneralato e espero retornar a Governador Valadares em breve para colocarmos a conversa em dia! TFA.
Caro Ir. Kennyo, parabenizo o Ir. pelos textos sempre instigantes e esclarecedores, pelo blog e pelas respostas e comentários nele postados.
Fraternalmente, Ir. Rui Jung
Rito Schröder – GLMERGS
Kennyo Ismail – Meu Ir. Rui Jung, muito obrigado. Admiro muito seu trabalho.
Ir.’. Kennyo, gostaria de saber em qual grau é uma reunião de instalação? como é resumidamente o rito de instalação. Muito obrigado TFA
Kennyo Ismail – Ir.´. Antônio, a instalação ocorre em uma Loja de Mestres Instalados, com ritualística, alegoria e modos de reconhecimento próprios.
Instrução muito boa
Saudações fraternais Mano kennyo!
A maçonaria operativa também só dividia os graus, em aprendiz e companheiro?
Não existia um grau para os pedreiros mais experientes?
O que os documentos mais antigos(carta de Bolonha, Poema Regius etc) nos dizem?
TFA
Marcio Martins.’.
Kennyo Ismail – Meu Irmão Márcio, sim. Até o princípio do século XVIII somente havia os graus de Aprendiz e Companheiro. Inclusive, na primeira edição da Constituição de Anderson só há menção aos dois primeiros graus. TFA.
Boa noite Ir.´. Kennyo
Pelo que entendi de sua explanação, Mestre Instalado é o mestre que, falando de uma forma simples, foi “colocado” na cadeira, no trono de Salomão, ou seja, o mestre que irá dirigir os trabalhos da Loja. Neste entendimento, toda loja tem somente um, único, Mestre Instalado. Todos os demais, que já foram uma vez instalados, agora são ex-veneráveis.
Se entendi corretamente, creio que seria isso. Porém não é o que vemos nas Lojas, onde os ex-veneráveis são chamados ou se auto-intitulam de Mestres Instalados. Na verdade, no seu texto, há uma parte que corrobora esta visão: “Ele se une com pelo menos três Mestres Instalados da Loja ou visitantes e forma o Conselho de Mestres Instalados, o qual realiza a Instalação”. Penultimo parágrafo. Quando o irmão fala em reunir 3 mestres instalados “da Loja”, fica claro a possibilidade de que existam estes 3 na mesma Loja, já que os diferencia, no texto, de visitantes. Porém, se o mestre instalado é o que senta na cadeira, e os demais são ex-veneráveis ou mestres, e sabemos que no trono de Salomão senta-se apenas um por vez, como entender melhor isso? O ex-venerável É Mestre instalado ou FOI mestre instalado?
Kennyo Ismail – Meu Irmão Sandro Mauro, Mestre Instalado é todo aquele que já passou pela cerimônia de Instalação, ou seja, é o Mestre Maçom que foi instalado, não importando se há 01 hora ou 01 década. Enquanto se está na presidência da Loja, é Venerável Mestre. Depois que a deixa, passa a ser ex-VM ou Past Master. Confundir Mestre Instalado com Venerável Mestre seria como confundir Iniciado com Aprendiz. Instalado é um estado irreversível, como Iniciado. Não há como “desinstalar” assim como não há como “desiniciar”. O Aprendiz, quando se torna Companheiro, não deixa de ser Iniciado, assim como o Venerável quando se torna Past Master não deixa de ser Instalado. Espero ter ajudado.
Poderoso Ir Kennyo,
Espero que se encontre bem!
Dentro desta questão toda, apreciaria também um comentário seu a respeito do porque da criação de uma palavra usada na Instalação do VM, pelo menos no REAA, uma vez que no nosso RYA isso não existe!!
Kennyo Ismail – Existe, apesar de não ser praticada em todos os estados norte-americanos. Somente não é a mesma palavra, apesar das consoantes serem similares, o que me leva a crer que a instalação no REAA, que é mais moderna e originalmente nem existia, foi baseada na antiga e, desconhecendo a palavra real, tendo apenas as consoantes da mesma, supôs outra palavra, daí a similaridade.
Hoje a Maçonaria é uma Escola sem Professor, pois ninguem estuda, se predender estudar não encontra um Mestre que tenha condições nenhuma de explicar pois é um Mestre só por etiqueta daqueles que bate no peito e fala alto e em bom som ó que sou mestre Maçom e tenho que ser repeitado, mas no fundo no fundo não sabe entrar em Loja no Grau de Aprendiz Maçom, no meu ponto de vista o que ele é
um grande Profano de Avental.
todos somos capazes de ser um mestre professor de ritualistica , desde que se leia o ritual, ali esta contido tudo o que se precisa para ser um bom professor.
Caro irmão Kennyo, gostaria de saber sua opinião sobre o M.I. assinar o livro de presença como M.M.
Já li alguma coisa a respeito sobre o assunto.
O irmão que postou essa opinião foi o nosso irmão Pedro Juk, que fala que passar pela cerimonia de instalação não pode ser considerado grau.
Ficaria agradecido em saber sua opinião a respeito.
TFA
Kennyo Ismail – Irmão Hélio, há muito preciosismo por aí. Nas jurisdições mundo a fora que possuem uma cerimônia de instalação secreta para Venerável Mestre, essa cerimônia é chamada de “chair degree”, ou seja, “grau de cadeira”. É considerado um grau porque possui alegoria, símbolos, sinais, toques e palavras próprios. Há então todos os elementos que constituem um grau e isso é indiscutível. O que se precisa entender é que não é um grau simbólico, ou seja, que se cursa por todos que cumprem os requisitos da educação maçônica, mas um grau de caráter honorífico. Assim, entendo que, se a Potência não tiver uma determinação que restrinja o registro em livro de presença apenas dos três graus simbólicos, é permitido. Deve-se, portanto, consultar a potência a respeito ou explicitar no cabeçalho do registro a restrição. Lembrando ainda que o livro de presença é uma exigência legal de associações, como a Maçonaria. Se o estatuto da loja prevê que os Mestres Instalados têm alguma particularidade associativa, como um papel fiscal ou consultivo, o registro dessa condição em livro de presença pode ser útil. Cabe, então, evitarmos a unanimidade burra, da repetição de entendimentos sem pensar a respeito, realizando a antítese dessas “verdades” em busca de uma compreensão menos rasa. TFA.