por Kennyo Ismail | jun 11, 2012 | Conceitos
A Maçonaria Brasileira proporciona aos seus membros um cenário peculiar de conteúdo maçônico por conta de sua variedade de ritos. Os maçons no Brasil têm a possibilidade de acesso a ritos e rituais de origem francesa, inglesa, norte-americana, alemã, etc.
Cada rito traz consigo uma gama de características próprias, tanto no que tange a ritualística e liturgia, quanto a simbologia e ensinamentos morais. Entretanto, é importante observar que os ritos são praticados por indivíduos, que são os maçons, e que se reúnem em organizações, que são as Lojas e Obediências. Essas, por sua vez, estão inseridas em um macroambiente complexo, que é a sociedade. Com isso, as Lojas e Obediências sofrem influências internas e externas, ou seja, das particularidades de seus integrantes e da cultura e costumes da sociedade em que está inserida. O resultado disso são os valores, crenças, tendências regras e clima organizacional que forma a identidade própria dessas organizações. Em outras palavras: cultura organizacional.
Assim sendo, tem-se de um lado o Rito Schroeder e de outro a cultura organizacional da Maçonaria Alemã; há o Rito de York e há a cultura organizacional da Maçonaria Norte-americana; existe o Ritual de Emulação e existe a cultura organizacional da Maçonaria Inglesa; e assim por diante. Enfim, rito e cultura organizacional são coisas distintas, assim como as características de cada um.
Porém, não é difícil presenciar maçons, autoridades maçônicas e ritualistas de plantão confundindo tais conceitos, creditando características de cultura organizacional da Maçonaria de determinado país ao Rito nele originado. E qual é o impacto disso na Maçonaria? Ora, rito é universal, fixo, imutável, enquanto que cultura é regional, variável, em constante mutação. Ao considerar uma característica cultural como característica do rito, você está impondo-a e tornando-a indiscutível, um tabu.
Essas confusões alcançam diferentes fatores maçônicos. Segue dois exemplos claros dessa confusão:
“O Rito Tal adota gravata de tal cor”… “o Ritual tal utiliza calças diferentes…”. Os ritos tratam de acessórios ritualísticos, como cobertura (chapéu, cartola, fez, capuz, véu), aventais, faixas, luvas, colares. Mas regras de vestimenta, como o uso ou não de terno, cor e tipo de gravata, o uso ou não de balandrau, não têm origem nos ritos e sim nas organizações.
“No Rito X, a quantidade de votos contrários para a reprovação no escrutínio é diferente do Rito Y” … “No Rito 123 existe linha sucessória…”. Regras de seleção de candidatos e de processo eleitoral não são dos ritos, mas sim das organizações.
Não se está aqui insinuando de alguma forma que adotar características próprias da cultura organizacional das Obediências de origem dos ritos seja algo indevido. Muito pelo contrário, muitas vezes é uma questão de identidade cultural, cuja exploração pode colaborar para a consolidação do rito em solo brasileiro. Mas que fique claro que se trata de convenções organizacionais, e não obrigações que o rito nos impõe. Afinal de contas, creditar a um rito conteúdo e características que não são próprias do mesmo não deixa de ser uma forma de adulterá-lo.
por Kennyo Ismail | abr 28, 2012 | Conceitos
Estava eu outro dia conversando com um irmão e amigo que pertence a outra Loja e Obediência, esta tão regular e tradicional quanto a da qual sou membro. Era nosso primeiro encontro após uma visita que ele havia feito à minha Loja. Papo vai, papo vem, e eis que o irmão pergunta se poderia indicar um candidato para ingressar em minha Loja. Eu, conhecendo a idoneidade moral desse irmão, respondo afirmativamente. Afinal de contas, é direito de todo Mestre Maçom regular indicar candidatos e, se ele havia escolhido a minha para realizar a indicação, era motivo de honra para mim. Porém, a dúvida ficou no ar, e logo questionei o irmão do porquê dele não realizar a indicação em sua própria Loja, já que eu sabia que ele era inclusive o Secretário da Loja, e poderia acompanhar o processo para a Iniciação mais de perto.
Tenho que confessar que a resposta não me surpreendeu muito, visto ser algo cada dia mais comum de ser visto na Maçonaria Brasileira: o irmão se queixou de sua Loja, dizendo que a mesma está sem conteúdo, reunindo-se apenas para bater malhete, isso quando não está ocupada com brigas internas e externas; reclamou ainda que toda tentativa dele e de outros irmãos mais novos de inovar é frustrada pelos “donos da Loja”. E tendo o irmão visitado algumas vezes nossa Loja e observado seu modus operandi, se sentia mais à vontade para indicar um amigo no qual enxergava os princípios maçônicos básicos e o interesse no aperfeiçoamento moral e espiritual.
Compreendendo a situação do irmão, reafirmei minha concordância e disponibilidade em avalizar tal indicação em minha Loja, dizendo que seria para nós uma honra receber o futuro afilhado dele, é claro que após a devida sindicância e seguindo todos os trâmites de costume. Ao tocar no assunto, o irmão aproveitou para perguntar como era nosso processo de sindicância, os documentos, exigências e custos para ingresso na Loja. Sendo ele um irmão sempre muito interessado e participativo, não me incomodei de explicar todo o processo, desde a indicação até a iniciação. Ao final, informei ainda o valor do investimento para Iniciação, o qual cobre o kit de Aprendiz (avental, luvas, ritual, broche, identidade, diploma, etc.) e um jantar comemorativo em que o iniciado e sua família são apresentados a toda a família da Loja.
Nesse momento, vi o espanto no rosto do irmão, que logo exclamou que o valor informado era exorbitante, impraticável, e que o processo para iniciação era muito burocrático. Ao escutar tais comentários, perguntei-me como era possível fazer o mesmo com menos tempo e recursos… não contive a curiosidade e questionei: – E como é em sua Loja? – O irmão então me respondeu que sua Obediência estava dispensando muitas das exigências para a Iniciação, além de isentar os candidatos da taxa do placet. Por conta disso, sua Loja consegue fazer todo o processo para Iniciação em apenas um mês, e cobra apenas R$50,00 do candidato.
Após escutar o irmão, fiquei refletindo por um momento sobre o assunto. Eu já conhecia essa história “de outros carnavais” e meu raciocínio era de que, de uma certa forma, um valor mais substancial, o processo relativamente demorado, e as exigências documentais como quase de um concurso de policial federal, serviam como filtros, peneiras, para separar os curiosos daqueles realmente interessados. Todos aqueles documentos, entrevistas e consultas teoricamente garantiam a qualidade mínima social e moral dos indivíduos que pleiteiam ingresso na Maçonaria. Mas, será que aquela fórmula “fast food” de Maçonaria estava funcionado para a Loja dele e outras Lojas daquela Obediência?
O que a Loja dele e outras da Jurisdição estavam fazendo, com a anuência da Obediência, era proporcionar aos profanos um acesso rápido e barato à Maçonaria. É o que podemos chamar de “McMaçonaria”. A questão é se isso é realmente bom para os membros e para a Instituição. Pensando nisso, perguntei ao Irmão quantos membros haviam iniciado na Loja dele nos últimos dois anos. Ele respondeu que algo em torno de 50 novos irmãos. – Uau – imaginei. Então perguntei a ele a média de membros por reunião atualmente. Ele sabia bem: uns 26 a 28 irmãos, a maioria de irmãos mais antigos, apenas uns 10 membros da “nova safra”. Então lancei a pergunta derradeira… – E você sabe o nome desses 50 irmãos? – A resposta, é claro, foi negativa. – Talvez eu saiba de uns três deles – o irmão me respondeu.
Isso já era de se esperar… Como dito anteriormente, essa ideia não é nova. Algumas Grandes Lojas dos EUA já haviam tentado algo parecido alguns anos atrás, porém de forma mais intensa e abrangente e, é claro, foi um fracasso. Não somente causou alguns problemas internos, como também impactou na relação com outras Grandes Lojas no mundo, que não gostaram nem um pouco dessa história.
Com a tática da McMaçonaria, a tal Obediência deve ter aumentado consideravelmente o número de seus filiados. Já as Lojas que abriram mão do conceito de células de “família maçônica” não obtiveram ganhos reais em troca. Talvez, membros promissores, que se identificariam com a Loja e seus valores quando em sua forma tradicional, se entregam à desmotivação de serem mais uns entre dezenas e, ao frequentarem a Loja, que perde sua própria identidade, acabam por também se afastarem. Os agora maçons, que adquiriram um “lanche” rápido e barato de Maçonaria, podem por fim não experimentar, degustar, saborear e aproveitar a verdadeira essência da Ordem. Enfim, a curto prazo parece algo ótimo, mas a longo prazo pode ser prejudicial, assim como uma alimentação à base de fast food.
por Kennyo Ismail | mar 19, 2012 | Conceitos
Sendo a Maçonaria um sistema baseado em alegorias e símbolos, e referenciado no papel do trabalho, é comum a utilização no meio maçônico da imagem do maçom como um profissional. Tal método didático, embrionário da pedagogia desenvolvida e popularizada por Paulo Freire, ensina o homem com elementos próprios de seu meio. Talvez o exemplo mais conhecido do uso de tal didática seja o de Jesus, que usava o joio e o trigo, o pastor e seu rebanho, e tantos outros elementos comuns do cotidiano do povo judeu daquela época para transmitir seus ensinamentos.
Na Maçonaria Operativa isso era muito evidente: os maçons operativos utilizavam de suas ferramentas de trabalho e das atividades de ofício para transmitir ensinamentos morais e espirituais aos seus membros. E hoje, sendo a Maçonaria Especulativa formada por profissionais das mais diversas áreas de atuação, podemos aplicar o mesmo método didático para melhor entender a nossa Maçonaria.
Enxergando a Maçonaria como uma profissão específica, e os maçons como seus profissionais, o que seriam as Obediências? Seriam Conselhos Profissionais (ex.: CREA, CRM, CRA, CRC) ou Sindicatos? Para realizarmos tal avaliação, precisamos compreender a essência desses dois tipos de entidades.
Os Conselhos Profissionais são órgãos cujo objetivo é orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão. Trata-se de organização imposta ao profissional e que exerce autoridade sobre o mesmo. Já os Sindicatos são associações de profissionais de um mesmo ramo de atividade que se unem em defesa da categoria e de seus interesses comuns. Os Sindicatos nascem dos próprios membros, em prol deles e de seus trabalhos.
A Maçonaria, suas Lojas e Obediências, surgiu com a “essência sindical” de união, auxílio e voluntariedade. Porém, como Max Weber bem apregoou, a burocratização das instituições verticaliza e concentra o poder em detrimento de seus membros. E foi exatamente isso que aconteceu com a Maçonaria: com o tempo, as Lojas perderam autonomia para suas Obediências, as quais migraram de simples sindicatos “de maçons, pelos maçons e para os maçons” para verdadeiros conselhos de disciplina e fiscalização com forte autoridade sobre as Lojas e seus membros. Como último resquício da essência sindical nas Obediências, provavelmente um reflexo do aspecto fraternal de nossa Ordem, tem-se o “auxílio mútuo”, hoje restrito a fundos de beneficência e auxílios-funeral. Infelizmente, em muitas Obediências nem mesmo isso mais existe.
Para testar tal teoria, pode-se analisar o comportamento organizacional das três vertentes maçônicas regulares de âmbito nacional: GOB, CMSB e COMAB. Conselhos Profissionais têm por princípio a unidade (no sentido de ser único, de existir apenas um), enquanto que Sindicatos têm por princípio a união. Isso torna os Conselhos Profissionais corporativistas em contraposição à postura convergente dos Sindicatos. E como essas três vertentes se comportam? Apesar do desejo de boa parte dos irmãos e de alguns esforços regionais pela união, temos ciência de que as cúpulas nacionais dessas três vertentes nunca sentam na mesma mesa para dialogar ações conjuntas em busca de um benefício comum. Logo, conclui-se que o corporativismo maçônico fiscalizador se sobrepõe à coletividade maçônica original das Obediências.
Caberá aos futuros líderes e dirigentes da Maçonaria brasileira devolvê-la um pouco de sua essência sindical. Quando isso acontecer, a consequência natural será o surgimento de uma espécie do que poderemos chamar de “CUT Maçônica”, que defenderá os interesses de todos os maçons e suas Lojas, sem distinção. Daí quem sabe não voltaremos a eleger um líder sindical, mas dessa vez do “sindicalismo maçônico”, como Presidente da República? Afinal de contas, a história do país tem sido favorável a maçons e sindicalistas: 09 maçons e 01 líder sindical foram Presidentes do Brasil.
por Kennyo Ismail | fev 14, 2012 | Conceitos
Para muitos maçons mal informados, a Grande Loja Unida da Inglaterra exerce função de “xerife” do mundo maçônico, sendo a legítima guardiã da regularidade maçônica, devendo ditar as regras a serem seguidas pelas demais Obediências. Para esses, se a Maçonaria fosse uma religião, a GLUI seria uma espécie de Vaticano Maçônico. É importante esclarecer que a GLUI não tem essa autoridade e que isso é totalmente contrário a todos os princípios maçônicos de autonomia, soberania e igualdade entre Obediências.
A quase submissão das Grandes Lojas da Escócia, Irlanda, Índia e de algumas Grandes Lojas da Austrália e Canadá é até tolerável, considerando terem esses países pertencido ao Império Britânico e a GLUI ter sido a provedora de tais Grandes Lojas. Porém, a submissão presenciada por outras Obediências no restante do mundo, e até mesmo no Brasil, é inaceitável e demonstra que o “complexo de vira-lata” alcança até as fileiras maçônicas.
Para quem não está familiarizado com o termo, o complexo de vira-lata é uma expressão de autoria de Nelson Rodrigues para se referir à inferioridade e submissão que muitas vezes o brasileiro se impõe voluntariamente. E, infelizmente, essa postura foi historicamente institucionalizada na Maçonaria brasileira em relação à Inglaterra.
O desavisado que visitar a Maçonaria Regular nos chamados países desenvolvidos descobrirá que essa idolatria à GLUI não é compartilhada pelos mesmos. Muito pelo contrário: verdade é que a GLUI não faz parte da vanguarda maçônica, seguindo várias vezes a tendência impulsionada por outras Grandes Lojas, quase que pressionada pelas mesmas a sair da inércia.
Antes de elevar a GLUI ao posto de “rainha do mundo maçônico”, posto esse que os britânicos já estão familiarizados pelo modelo de Estado, reflita um pouco sobre isso: A Maçonaria está diretamente ligada ao princípio de Liberdade, considerado direito natural dos homens. E enquanto o mundo ocidental ainda experimentava o gosto amargo das monarquias absolutistas, a Maçonaria já sentia o doce sabor da democracia em suas Lojas e Grandes Lojas. Sendo precursora dos ideais libertários e democráticos, a Maçonaria participou ativamente e de forma determinante da Revolução Francesa e da libertação de praticamente todos os países do continente americano. Atualmente, até mesmo em países como Cuba, que vive uma Ditadura Castrista há mais de 50 anos, a Maçonaria mantém intacta a chama da democracia em seu interior, elegendo periodicamente seu Grão-Mestre. No entanto, eu pergunto: Qual é a única Grande Loja do mundo que traiu esse princípio de democracia, tirando do povo maçônico o direito sagrado de escolher entre os seus membros um Grão-Mestre? A Grande Loja Unida da Inglaterra.
O Príncipe Eduardo, Duque de Kent, é Grão-Mestre da GLUI desde 1967, ou seja, uma “ditadura maçônica” que dura 45 anos. Alguns podem questionar essa afirmação, dizendo que ele é constantemente “reeleito”. Porém, não devemos nos esquecer que Fidel Castro também era. Ambos, por motivos óbvios, sempre foram candidatos únicos.
Se a Maçonaria Regular Mundial acha por bem tolerar tal situação proveniente da GLUI, entendendo que é uma questão de cultura dos maçons ingleses que, assim como os cidadãos daquele país, ainda se sujeitam em dividir os homens (e os maçons) entre nobres e plebeus, e favorecer esse primeiro grupo em detrimento do segundo, isso é fraternalmente compreensível. Afinal de contas, a tolerância é um dos belos ensinamentos transmitidos pela Maçonaria. Mas que fique claro ao maçom que lê estas palavras: a Grande Loja Unida da Inglaterra não é um modelo a ser seguido, quanto mais uma autoridade a ser obedecida.
por Kennyo Ismail | jan 30, 2012 | Conceitos
Tenho recebido alguns questionamentos sobre minhas críticas acerca do conteúdo de boa parte da literatura maçônica brasileira, o que me leva a justificá-las de uma forma geral:
Ocorre que o grosso da Maçonaria brasileira foi construído aos moldes da Maçonaria francesa, que, além dos ritos, cedeu-nos sua literatura maçônica, principal fonte para a grande maioria dos autores brasileiros. Isso pode ser muito bem observado nos livros de Castellani, em que mais de ¾ da bibliografia é francesa.
No século XVIII e XIX, a França foi o palco principal do esoterismo no mundo. Ordens rosa-cruzes, templárias, herméticas e cabalísticas brotavam aos montes, e junto delas uma inundação de suas literaturas tomava a sociedade. E é claro que isso impactou diretamente e influenciou profundamente a Maçonaria Francesa. Além disso, o histórico desprezo velado entre franceses e ingleses, agravado pelo rompimento entre a Grande Loja Unida da Inglaterra e o Grande Oriente da França, fez com que a Maçonaria francesa, rejeitando a literatura maçônica histórica da época (de predominância anglo-saxã), começasse a criar sua própria literatura. O conteúdo literário de seitas, escolas e outras ordens, além de autores como Eliphas Levi, Agrippa, Stanislas de Guaita, Péladan e outros, que pouco ou nada tem com a Maçonaria, começaram a servir de base para literatura maçônica francesa, que não parava de crescer. O resultado dessa mistura foi a criação de infinitos mitos, os quais se propagaram no solo fértil e carente da Maçonaria brasileira.
E se isso não for o bastante para criticar a literatura maçônica francesa como fonte, vejamos a opinião de um autor… francês! O respeitável irmão Marius Lepage, em sua obra “A Ordem e as Obediências – História e Doutrina da Franco-Maçonaria”, registrou:
“Os franceses, e com eles os maçons, têm, em geral, bem poucas possibilidades de tomar conhecimento exato, mesmo superficial, da Maçonaria. (…) Na França, existem bem poucos livros sobre a história da Maçonaria aos quais se pode fazer referência sem grandes reservas. Na verdade, embora os tenhamos em grande número, não encontramos nem mesmo dez suscetíveis de nos interessar, e, nessa dezena, dois ou três apenas merecem ser estudados a fundo. (…) Os livros sobre a história da Maçonaria são abundantes, tanto na Grã-Bretanha como nos Estados Unidos. O fato é que o Reino Unido não sofreu invasão estrangeira e suas bibliotecas não foram pilhadas por um governo violentamente antimaçônico. Além disso, várias Lojas ou Associações, inteiramente consagradas a pesquisar a história da Ordem, publicam resumos extremamente interessantes de seus trabalhos.”
Marius focou no aspecto histórico pois essa é a abordagem de sua obra. Porém, essa baixa credibilidade da literatura maçônica francesa abrange todos os aspectos maçônicos, desde históricos até simbólicos, litúrgicos, filosóficos. Como o autor mesmo diz, apesar do grande número, são poucos os títulos maçônicos franceses que merecem ser estudados, enquanto que a literatura maçônica inglesa e norte-americana, ainda pouco explorada no Brasil, é bem mais confiável.
Muitas mentiras repetidas por tantas vezes em tantas obras durante tantos anos, sendo pulverizadas em cada Loja por um número interminável de trabalhos apresentados, acabaram se tornando verdades absolutas na Maçonaria brasileira. É impossível derrubar um desses mitos da noite para o dia, ou até mesmo todos eles em cem anos, mas talvez consigamos derrubar alguns deles ao longo dos anos, construindo assim uma Maçonaria mais pura, universal, verdadeira.
por Kennyo Ismail | jan 29, 2012 | Conceitos
Já dizia Einstein que o tempo é relativo. Isso não se aplica apenas à ciência, mas na vida também. E sendo o tempo relativo, não é indício de experiência, pois enquanto o tempo é relativo, a experiência é absoluta.
A dependência entre o tempo e a experiência é de que o tempo não garante experiência, enquanto que para se ganhar experiência precisa-se de tempo. Isso porque a experiência depende de atividades, trabalhos, esforços, e esses gastam tempo para serem realizados. A verdade é que você pode ver os anos se passarem e não ganhar experiência alguma, ou pode agir e ganhar experiência a cada dia.
Na Maçonaria isso não é diferente. Você pode ter 40 anos de Maçonaria e não ter experiência alguma. Basta você não visitar outras Lojas, não conhecer outros Ritos, não visitar Obediências amigas, não participar dos mais diversos eventos maçônicos, não ingressar nos Altos Graus, não ler e estudar. Você terá muito tempo de Maçonaria, mas não terá experiência alguma além daquela obtida em sua própria Loja. Em contrapartida, a realização de tais atividades é diretamente proporcional à experiência maçônica, o que significa que um maçom atuante e estudioso, com o passar dos anos, poderá acumular bagagem o bastante para ser uma boa referência em seu meio e colaborar para o desenvolvimento de seus irmãos.
Em outras palavras, tempo está relacionado a sobreviver, enquanto que experiência está relacionada a viver. Se você viver a Maçonaria, você ganhará experiência, e se você apenas sobreviver na Maçonaria, apenas acumulará tempo. É uma questão de escolha e de vontade. Tempo só é sinal de experiência quando bem aproveitado. Então faça a escolha certa e aproveite o tempo, e assim você viverá experiências maravilhosas na Maçonaria.