Recebi recentemente o livreto “Anais Maçônicos Fluminenses: Inconfidências da Maçonaria de 1834”, de Cloves Gregorio, autor do Maçonaria Tupiniquim.
Trata-se de um livreto de 40 páginas que resgata uma publicação original de 1834, na qual é apresentada uma descrição das atividades maçônicas no Brasil, no período entre 1800 e 1832. O texto original é esclarecido com algumas notas de rodapé, escritas pelo Cloves.
O histórico texto apresenta uma Maçonaria brasileira progressista e liberal; e relata o surgimento do Apostolado como seu contrabalanço, sendo este conservador e antimaçônico. Ao Apostolado, seus autores creditavam “perversidade”, “planos sombrios” e que “envenenaram o povo com descobertas inventadas de horrorosas conspirações dos maçons”.
Se eu tivesse que apontar um ponto fraco desta publicação, diria que senti falta de um capítulo final em que o próprio Cloves, como historiador competente que é, analisasse o conteúdo dos Anais auxiliado por outros documentos e obras.
Já como ponto forte, destaco a inclusão de um QR Code ao final da publicação, que dá acesso ao documento original digitalizado. Utilizei dessa solução nos dois Volumes de “Maçonaria Brasileira: a história ocultada” e acredito ser extremamente útil aos leitores, além de reforçar a honestidade acadêmica.
Os irmãos interessados em ler esta publicação podem adquiri-la na versão e-book pela Amazon CLICANDO AQUI.
Em junho deste ano, anunciei aqui no blog a campanha do projeto de publicação de uma edição maçônica da Bíblia Sagrada – King James Version, em português. Em agosto, a campanha foi concluída com sucesso e, conforme previsto na campanha, de que os envios seriam realizados em novembro, ontem, dia 22/11/22, nós concluímos os últimos envios dos exemplares a todos os apoiadores do Catarse que fizeram o acerto do frete.
Agora que foi cumprido o compromisso de envio das recompensas em primeira mão àqueles que acreditaram e confiaram em nosso trabalho, financiando a publicação via Catarse, os exemplares remanescentes foram disponibilizados para aquisição aqui, na loja do blog (CLIQUE AQUI).
Há dois modelos disponíveis. O comum, em capa dura; e o de luxo, em capa de couro sintético e com cantos da capa e miolo arredondados. A quantidade é limitada e não há previsão de uma nova tiragem, pois o custo de impressão, pelos sucessivos aumentos no preço do papel e o volume contar com mais de mil páginas, tornam o projeto extremamente caro, se comparado com outros projetos literários.
Com o apoio do Grande Oriente do Brasil – GOB, da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil – CMSB, da Confederação Maçônica do Brasil – COMAB, do Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil – SC33 e do Supremo Conselho DeMolay Brasil, está sendo produzido o documentário sobre os 200 anos de Maçonaria Regular Brasileira!
Foi uma grande honra para mim ter sido convidado pela La Isla para ser roteirista e codiretor desse documentário, que abrirá as portas da Maçonaria Brasileira e toda sua história aos espectadores.
Assista ao teaser e acesse o site do projeto, www.maconaria200anos.com.br, para se inscrever e receber notícias do lançamento!
Na tarde do dia 29/10, estive com dois feras, Olinto e João Guilherme, falando sobre o Rito Escocês Antigo e Aceito no auditório da GLESP. E, após nossas apresentações, ocorreu pela primeira vez a peça de teatro “Conversando com Pike”, estrelada pelo Irmão Victor Henrique de Sicco Vianna e baseada em um artigo meu publicado aqui no blog!
O evento foi presencial e online, transmitido ao vivo pelo YouTube. quem quiser assisti-lo, basta CLICAR AQUI.
A Maçonaria soma mais de trezentos anos de história tendo, durante o século XVIII, servido de palco para os debates iluministas em defesa da democracia; da igualdade de todos perante a lei; e das liberdades civil, religiosa, política e intelectual. Não por acaso, sua iniciação simbolicamente gira em torno da busca pela luz do conhecimento e da verdade.
A proposta do Iluminismo era de
emancipar o homem pelo uso da razão. Isso porque, após séculos de escuridão
científica, o mundo ocidental experimentava estados teocráticos, em que o que
era dito por sacerdotes era lei, inclusive sobre sua vida pessoal, familiar e
profissional. Em outras palavras, você não precisava pensar, mas apenas
obedecer a seu sacerdote.
Esses debates iluministas tinham
caráter sigiloso, de modo a proteger seus membros, muitos deles filósofos,
intelectuais e livres-pensadores, de perseguições em governos autoritários.
Essa tradição foi mantida pela Maçonaria até os dias de hoje. Contudo, isso infelizmente
não impediu que ela e seus membros sofressem ataques e perseguições ao longo
dos anos.
A primeira Bula Papal contra a
Maçonaria data de 1738 e apontava como única justificativa o fato de a
Maçonaria perturbar a tranquilidade daquelas monarquias absolutistas que até
então existiam. Mas, por muitos anos, esse ataque não ficou restrito ao papel.
Apenas para citar um exemplo, e de personagem conhecido em nosso país: Hipólito
da Costa, pai da imprensa brasileira, foi um dos presos pela Inquisição pelo “crime”
de ser maçom.
No Brasil, durante a segunda
metade do século XIX, a Maçonaria também sofreu ataques, período conhecido na
história como “Questão Religiosa”. Seu crime: defender a Abolição da
Escravatura e a garantia constitucional da liberdade religiosa, tendo,
inclusive, apoiado a vinda e pregações dos missionários de diferentes
denominações cristãs para o Brasil, como batistas e presbiterianos. Hoje, somos
alvo da desinformação de alguns pastores de ramificações destas.
Já no século XX, todo governo
autoritário, ciente da bandeira democrática da Maçonaria, a condenou e perseguiu.
Foi assim, por exemplo, na Rússia, com o Bolchevismo; na Espanha, com o
Franquismo; na Itália, com o Fascismo; e na Alemanha, com o Nazismo, quando milhares
de maçons foram presos e executados em campos de concentração alemães. E no
Brasil, quando Vargas deu seu golpe de estado e implementou o Estado Novo, em
1937, com o apoio dos Integralistas (versão brasileira dos fascistas e
nazistas), uma de suas primeiras ações foi fechar a Maçonaria brasileira com
uso de força policial, tendo seus imóveis vandalizados e documentos apreendidos
ou destruídos.
E, mesmo assim, a Maçonaria,
tanto no Brasil como fora, manteve seu trabalho interno, de educação moral e
ética para seus membros; e externo, por meio de suas ações, programas e
projetos sociais. Sempre atuando de modo discreto, agregando membros de
diferentes cores, religiões, origens e opiniões políticas, e apenas exigindo
dos mesmos a crença em Deus e na Imortalidade da alma, visto o ensinamento de sua
moral partir desses dois princípios dogmáticos, herança dos pensamentos de
filósofos como Rousseau, com sua ideia de religião civil; e de Kant, com seu
teísmo moral.
Já em pleno século XXI, vê-se que
no Brasil ainda impera um pré-iluminismo, no qual a Teologia do Medo está
presente nos debates políticos e nas mensagens compartilhadas em redes sociais;
com a confusão Igreja-Estado, da Idade Média, mais viva do que nunca, tornando
natural à população a existência de uma “bancada evangélica” no Congresso e de
um “padre” ter se candidatado a presidente; com pautas de duzentos anos atrás,
como terraplanismo e antivacina, voltando a ter espaço e fôlego; com uma
disputa eleitoral, que deveria centrar em pautas como economia, saúde,
educação, segurança pública, meio ambiente e relações exteriores, tornando-se
uma guerra-santa do bem contra o mal. E assim, se acredita nas narrativas mais
absurdas e as passa adiante como uma verdade absoluta, pela simples
incompetência de se usar a racionalidade.
E é nesse cenário, de tamanha
ignorância, intolerância e fanatismo, e com finalidade explicitamente eleitoreira,
que vejo a retomada absurda da discriminação contra maçons e a Maçonaria, com
seus mais de duzentos anos de atuação maçônica em solo brasileiro, e uma
incontável lista de serviços prestados à sociedade e ao país.
Bolsonaro não é maçom. Lula
também não. Mas Ruy Barbosa era. Assim como Frei Caneca, Luís Gama, Bento
Gonçalves, Dom Pedro I, José Bonifácio, Duque de Caxias, Carlos Gomes, Deodoro
da Fonseca, Jânio Quadros, Mário Covas e tantos outros brasileiros que moldaram
nossa história. Eles optaram por frequentar lojas maçônicas, dedicando um pouco
dos seus tempos para forjar o caráter por meio do estudo e do debate. E apenas
homens de boa vontade e voltados a causas nobres têm esse desprendimento.
Pare de acreditar nas mentiras
que aqueles que não conhecem a Maçonaria, agindo de má fé ou por pura
ignorância, contam por aí. Basta desse preconceito cego e equivocado. Faça seu
próprio Iluminismo: raciocine por conta própria. E se você for evangélico, em
suas orações noturnas, não deixe de agradecer à Maçonaria por oportunizar a
consolidação das igrejas evangélicas no Brasil. Hoje você enche a boca para
dizer que o Brasil é um país cristão… pois saiba que no século XIX, este era
um país católico e quem não era católico tinha direitos limitados, dificuldades
para fazer negócios e até mesmo para ser enterrado. E a Maçonaria mudou isso. Não
há de quê! Disponha!