Desde 2011 venho dando o exemplo da maçonaria alemã para sugerir que é possível a maçonaria brasileira trabalhar unida sem abrir mão da personalidade de cada vertente, suas peculiaridades, cultura e autonomia próprias. O artigo em que apresento o caso alemão pode ser lido AQUI.

A partir de então, vez ou outra vejo algum irmão defendendo essa bandeira. Vi um com planos mirabolantes, definindo complexas estruturas de comissões e até mesmo metas com prazos já estipulados, num projeto de mais de uma centena de páginas, mais engessado do que o que já temos hoje. Outro se deu ao trabalho de fazer organograma e fluxograma de como se alcançar o que viria a ser o futuro da maçonaria unida brasileira. Receitas de bolo prontas para os Grão-Mestres seguirem à risca e se tornarem Masters-Chefs em união maçônica. Será?

Desde a década de 60, com a consolidação da Teoria Contingencial, sabemos que receita de bolo não funciona em organizações, pois “tudo é relativo”. O que funciona em uma organização não necessariamente funcionará ou alcançará o mesmo resultado em outras. E quando se fala de interação entre organizações, apenas com elementos internos de cada organismo interagindo entre si com um objetivo comum, num profundo intercâmbio de dados, informações e experiências, pode-se, com um alto comprometimento e flexibilidade de todas as partes envolvidas, alcançar algum resultado positivo, se o ambiente externo, em toda sua complexidade, assim permitir. Não existe receita de bolo infalível, ainda mais elaborada por um agente externo.

No entanto, recentemente tive conhecimento de uma proposta factível, plausível, apresentada pelo Grão-Mestre do GODF – Grande Oriente do Distrito Federal, federado ao GOB, Eminente Irmão Lucas Francisco Galdeano. E digo plausível exatamente porque não é uma receita de bolo, somente propondo um pontapé inicial, ou seja, “o que” e “quem”, mas não caindo na vaidade de cometer o erro comum de querer ditar o “como”, “quando”, “onde”, etc. Isso não cabe a uma única pessoa, pois estamos falando do envolvimento de umas 50 organizações, com realidades totalmente diversas, mesmo dentro de uma mesma vertente, e com questões locais que não podem ser desconsideradas.

E achei muito justo a proposição de que esse pontapé parta do GOB – Grande Oriente do Brasil. Além de ser a mais antiga das obediências regulares ainda em funcionamento no Brasil, foi do GOB que partiu a celeuma da proibição de intervisitação, que ainda persiste na maioria dos estados. Assim, cabe ao GOB escutar o clamor de sua base e trabalhar nesse sentido. As Grandes Lojas e os Grandes Orientes da COMAB estão mais unidos do que nunca, na maioria dos estados. É a hora do GOB “chegar junto” nacionalmente, já que, em nível estadual, os Grandes Orientes Estaduais do GOB estão de mãos atadas, tendo os Grão-Mestres Estaduais perdido muito da autonomia e autoridade que tiveram até uns 10 anos atrás (período “a.M.J.”).

Parabéns ao Grão-Mestre Lucas Galdeano pela sabedoria e coragem apresentadas nessa proposta, Reunião da Maçonaria, e que, para minha surpresa, fora desenvolvida desde a década de 90! Espero que o exemplo e a ideia sirvam aos atuais candidatos ao Grão-Mestrado Geral do GOB, Ballouk e Barbosa. Os maçons brasileiros esperam por isso. Derrubem o muro! Construam pontes!