por admin | dez 18, 2017 | Notícias
Em junho deste ano, foi publicada uma matéria que deu à atual gestão do GOB a alcunha de “Olimpo Maçônico”. O nome pegou tanto quanto o “Vaticano Maçônico”, dado à GLUI, em 2012, também aqui pelo blog No Esquadro.
Na nossa última matéria sobre a eleição no “Olimpo Maçônico”, apresentamos a saga de Zeus perante o duelo por sua sucessão, tendo de um lado Perseu (Barbosa), visto como o filho que vive um forte conflito de amor e ódio pelo pai; e Érebo (Ballouk), eleito por Zeus como seu arqui-inimigo.
Naquela matéria, fora apontada a tendência da atual gestão do poder central do GOB de se relacionar com corpos maçônicos (e paramaçônicos) irregulares ou não reconhecidos internacionalmente, dando como exemplos os casos do REAA, do Rito Adonhiramita, do Rito Moderno e da Ordem DeMolay. Observou-se, então, um leve aceno de Barbosa a favor de mudar esses relacionamentos indevidos por parte do GOB. E sugeriu-se, ao final, que “seria muito bom ver um posicionamento claro do Ballouk a respeito dessas questões. A boa notícia é que Ballouk também tem se mostrado disposto a declarar suas opiniões e posicionamentos sobre essas questões maçônicas, mesmo quando polêmicas”.
E Ballouk se manifestou.
Sobre a questão da Ordem DeMolay, Ballouk declarou ter sido o redator do manifesto assinado por 20 dirigentes estaduais do GOB, no dia 16 de junho de 2017. No manifesto, os Grão-Mestres Estaduais se colocam à disposição para serem conciliadores da disputa entre os Supremos Conselhos da Ordem DeMolay, esperando, assim, prevenir da necessidade de uma sentença judicial final para a solução da disputa. Ainda, o manifesto defende uma unificação, não direcionando suas intenções para um ou outro Supremo, e sugere que seja permitida a intervisitação até que a disputa seja resolvida por conciliação ou decisão judicial.
Apesar de louvável a iniciativa do manifesto e sua postura fraterna diante da questão, observa-se no mesmo uma característica que pode ser vista como um forte indício do padrão de raciocínio do “Olimpo Maçônico” entre os dirigentes estaduais do GOB: Em nenhum momento do manifesto é mencionado a CMSB ou a COMAB. Ora, todos sabem que mais da metade dos Capítulos da Ordem DeMolay no Brasil é patrocinada por Lojas das Grandes Lojas da CMSB, e há mais Capítulos patrocinados por Lojas dos Grandes Orientes da COMAB do que do GOB. Mesmo assim, o manifesto olimpiano sugere a formação de uma comissão conciliadora formada estritamente por Grão-mestres Estaduais do GOB, como se não existisse CMSB e COMAB no país ou relação nenhuma houvesse entre esses com a Ordem DeMolay. Será que acreditaram mesmo que seria possível que a minoria maçônica que apoia a Ordem DeMolay ajudasse a solucionar o problema sem o envolvimento da maioria? Ainda mais considerando que o Grande Mestre Nacional de um Supremo Conselho DeMolay é da CMSB e o do outro Supremo Conselho é da COMAB?
Creio que está mais do que claro que o povo maçônico quer derrubar esses muros e construir pontes… De qualquer forma, fato é que, após esse manifesto, Zeus agiu, nomeando Perseu (Barbosa) como “o conciliador”. O resultado foi uma reunião frustrada em seu objetivo, da qual não se resultou nem mesmo uma ata. Perseu aprendeu algo a respeito da Ordem DeMolay e acredito que Érebo também.
Já quanto aos Altos Corpos do Rito Adonhiramita e Rito Moderno, Ballouk apresenta uma posição clara, direta e legalista: É a favor do regular ECMA e, logo, contrário ao ECMAB; e a favor do regular SCRM e, portanto, contrário ao SCFRMB. Já algo que havia passado desapercebido anteriormente, mas não pode deixar de ser mencionado, é o fato de que Barbosa é Membro Efetivo do ECMAB, indo assim contra a decisão da SAFL-GOB, que, por 797 votos contra apenas 02, manteve o reconhecimento do ECMA, numa das votações mais vergonhosas a Zeus e a todo seu Olimpo Maçônico.
Esperamos que essas informações sejam úteis na tomada de decisão dos eleitores gobianos indecisos, mas que se preocupam com tais questões de regularidade e reconhecimento.
por admin | dez 6, 2017 | Notícias
A mitologia grega dava notícia de que Perseu era fruto de um assédio sexual bem sucedido entre Zeus, o pai dos deuses gregos, e uma mortal. Assim, Perseu era um semideus (mortal) que contava com a simpatia de alguns deuses, incluindo seu pai, Zeus, apesar de provavelmente Perseu não simpatizar muito com este, por ter enganado sua mãe (ou subornado, em algumas versões) para possuí-la.
Isso ilustra o fato de que alguns filhos (ou afilhados), não necessariamente seguem a cabeça dos pais, até mesmo no Olimpo Maçônico. Barbosa, nos últimos discursos proferidos em Lojas, tem demonstrado isso, ao assumir o papel do herói Perseu e tentar afastar sua imagem à de seu Zeus, que já jogou seus raios sobre Minas Gerais, Rio Grande do Sul, e tem ameaçado jogar seus raios até sobre o GODF por conta do debate.
Minha última leitura, principalmente após o debate entre Barbosa (Perseu) e Ballouk (eleito pelo Zeus do Olimpo Maçônico como seu inimigo Érebo), foi a de que Érebo está mais preparado. Entretanto, cabe observar que uma das principais qualidades de um líder maçom é saber escutar. É impossível que um Grão-Mestre saiba de tudo sobre tudo, de legislação, relações exteriores, simbologia, ritualística, administração, etc. Então, bons líderes são aqueles que sabem se rodear de bons especialistas em cada área e sabem, principalmente, escutá-los. E Barbosa, o Perseu do Olimpo Maçônico, demonstrou recentemente essa virtude.
Um dos pontos de atenção levantados com o debate foi a questão DeMolay. Como dito naquele post, há dois Supremos Conselhos da Ordem DeMolay em funcionamento no Brasil. Um, cuja sigla é SCODRFB, é grande, está presente em todas as UFs, conta com o apoio da CMSB e da COMAB, e detém a regularidade do uso do nome e da marca DeMolay, além do reconhecimento internacional. O outro, SCODB, é o contrário disso. O GOB é a única vertente maçônica brasileira encima do muro quanto a questão e Ballouk, pelo menos durante o debate, optou por não tomar partido. Já Barbosa, que, como já comentado em outro post, pouco sabia sobre a questão DeMolay, parece que procurou se informar melhor sobre o assunto.
No último final de semana ocorreu o ELOD – Encontro de Líderes da Ordem DeMolay, do SCODRFB (o grande, regular e reconhecido), em Brasília. O ELOD reúne os maçons e DeMolays que atuam como dirigentes nos Grandes Conselhos Estaduais e Distrital, com os dirigentes do Supremo Conselho, para apresentação de relatórios, discussão e votação de propostas, dentre outros assuntos. E, na tarde de sábado, receberam Barbosa Nunes durante o encontro, o qual sinalizou a favor de uma mudança de posicionamento do GOB em prol do SCODRFB, caso eleito.
O GOB, em que pese ter indiscutível regularidade nos graus simbólicos, infelizmente tem um histórico de se relacionar com corpos maçônicos irregulares ou não reconhecidos, como no caso do reconhecimento do Supremo Conselho do REAA de São Cristovão, em detrimento do Supremo Conselho de Jacarepaguá (único do Brasil reconhecido internacionalmente); o rompimento com o regular ECMA – Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, e o apoio à fundação do irregular ECMAB – Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita do Brasil, o qual não foi reconhecido pela SAFL – Soberana Assembleia Federal Legislativa do GOB; o caso extraconjugal com o Supremo Conselho Filosófico do Rito Moderno do Brasil, enquanto ainda está casado com o Supremo Conselho do Rito Moderno; dentre outros. E, na questão DeMolay, sua postura não tem sido muito diferente.
Barbosa demonstrou humildade para ouvir e aprender, além de uma vontade de mudar esse status quo de relacionamentos indevidos por parte do GOB. Seria muito bom ver um posicionamento claro do Ballouk a respeito dessas questões. A boa notícia é que Ballouk também tem se mostrado disposto a declarar suas opiniões e posicionamentos sobre essas questões maçônicas, mesmo quando polêmicas.
De qualquer forma, a era de Zeus e demais habitantes do Olimpo Maçônico se aproxima do fim.
por admin | dez 4, 2017 | Notícias
No post sobre o debate, afirmei que “há pontos de atenção em ambos os candidatos, que devem ser considerados e, se possível, questionados aos mesmos“. Então, desde sua publicação, tenho recebido manifestações de irmãos apoiadores de ambas as chapas, desejosos de esclarecer esses pontos por seus candidatos. Alguns optaram pela arte da retórica, enquanto outros preferiram fazer críticas ao candidato adversário do seu. Desconsiderei tais manifestações, na crença de que somente o orador pode esclarecer suas próprias palavras. Ninguém mais.
E então, no final da tarde de hoje, recebi uma ligação do Irmão Ballouk, que muito educada e fraternalmente dedicou um espaço de sua agenda corrida para esclarecer dois pontos de atenção apontados no post: Filantropia e DeMolay.
Ballouk explicou que, em seu entendimento, na Maçonaria a filantropia não é fim, mas meio. Sendo a moral a verdadeira finalidade maçônica, a filantropia seria um meio de se desenvolver a moral do maçom, dentre outros. E, nesse sentido, ele está certo.
Já sobre DeMolay, Ballouk esclareceu que, diferente do que alguns irmãos têm propagado, ele não teve passagem de avião para campanha adquirida pelo SCODB. A passagem teria sido emitida quando ainda era Grão-Mestre do GOSP e atendeu ao apelo de última hora de um então dirigente do SCODB que é gobiano, pois haveria uma solenidade oficial no Congresso Nacional em homenagem à Ordem DeMolay e o SCODB não tinha confirmada a participação de nenhum Grão-Mestre para atender à cerimônia. Em suas palavras, por volta de 70% dos gastos da campanha estão sendo arcados de seu próprio bolso e as doações somente são feitas por meio de uma conta bancária com destinação específica, aberta com essa única finalidade, de forma a possibilitar total transparência na prestação de contas da campanha.
Cumprindo o compromisso maçônico com a verdade, publico aqui tais esclarecimentos, agradecendo ao Irmão Ballouk pela atenção dispensada em sua ligação e toda a cordialidade no diálogo.
O blog No Esquadro estará sempre aberto a qualquer esclarecimento que quaisquer candidatos e lideranças maçônicas desejarem realizar aos nossos leitores.
por admin | nov 28, 2017 | Notícias
No último sábado, dia 25 de novembro de 2017, tive a oportunidade de assistir a um debate histórico entre os dois atuais candidatos a Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil – GOB. Pelo que se sabe, pela primeira vez nesses 185 anos de existência do GOB (sim, 185. Não é erro de digitação), um debate formal ocorre entre dois candidatos concorrentes ao Grão-Mestrado Geral.
Isso somente foi possível graças à iniciativa, força de vontade, inteligência, experiência e competência do Eminente Irmão Lucas Francisco Galdeano, Grão-Mestre do GODF-GOB, e de toda sua equipe, que conseguiu a confirmação da participação das duas chapas registradas, a do Barbosa Nunes e a do Ballouk Filho, tendo desenvolvido uma dinâmica com regras claras e justas, aceita por ambas as partes, que proporcionou a oportunidade para que maçons regulares do GOB pudessem enviar suas perguntas para um ou outro candidato, ou para ser respondida por ambos, dentro de intervalos de tempo controlados, de forma a garantir a igualdade de condições.
O debate teve início com um cumprimento cordial e fraterno entre os candidatos Barbosa e Ballouk, seguido de exposição inicial de 15 minutos de cada um sobre seus projetos para o GOB, caso eleito. Essa primeira etapa, de exposição, já destacou nitidamente as diferenças entre os candidatos.
Barbosa (GO), candidato da situação, fez uma exposição mais subjetiva, focada em termos que agradam a todos, como “harmonizar”, “influência política” e “crescimento”, sem dizer como realizaria tais transformações. Sua plataforma é claramente mais centralizadora, querendo uma maior aproximação e comunicação entre Lojas e Poder Central, em detrimento dos Grandes Orientes Estaduais e Distrital.
Um trecho de uma das frases ditas por Barbosa, em sua exposição inicial, demonstra a adoção de um pensamento um tanto quanto ultrapassado sobre os objetivos da maçonaria brasileira, ao defender que o GOB volte a “influenciar os destinos da Nação”. Mas também não entrou em detalhes sobre como isso seria possível.
Ballouk (SP), candidato da oposição, adotou uma explanação mais objetiva ao propor uma reformulação do Pacto Federativo, pela qual os Grandes Orientes Estaduais e Distrital seriam fortalecidos; um melhor relacionamento com as outras duas vertentes maçônicas brasileiras, Grandes Lojas confederadas à CMSB e Grandes Orientes confederados à COMAB; o desenvolvimento de um Plano Estratégico a longo prazo para o Poder Central, com “planos de estado” e não apenas “planos de governo”, além do desenvolvimento de uma espécie de Facebook Maçônico, fornecendo assim um “Banco de Talentos”. Seu discurso foi, realmente, de oposição, ao emitir afirmações como “Nós não temos Grão-Mestres Estaduais. Nós temos Delegados” e “O Grande Oriente do Brasil é uma piada no mundo maçônico hoje”.
O alerta também acendeu durante a exposição inicial de Ballouk ao criticar a restrição do apoio do GOB à juventude apenas por meio da APJ. Ele afirmou que a Ordem DeMolay deve, também, ser institucionalmente apoiada “não importa a facção”. Talvez essa neutralidade seja reflexo de ter tido viagem de campanha paga por uma das “facções”, enquanto a outra que detém o reconhecimento internacional e a legalidade do direito de uso de nome e marca.
Já na segunda e terceira etapas, de resposta a perguntas, desconsiderando uma pergunta desperdiçada (para não dizer algo pior), que questionava sobre a revisão do ritual do Rito Brasileiro no simbolismo, que, conforme o autor da pergunta, estava com muito erro ortográfico, as respostas das demais perguntas evidenciaram as seguintes propostas destacadas:
BARBOSA:
- Plantão permanente de socorro, a nível nacional, para acidentes e outras situações relacionadas à segurança e saúde.
- Convocação de uma Suprema Congregação Extraordinária para tratar de intervisitação, estado por estado.
BALLOUK:
- Compartilhar território com Grandes Lojas e Grandes Orientes da COMAB com base em regras claras e comuns de regularidade.
- Atrair a juventude para o GOB com políticas de incentivo à iniciação de Seniores DeMolays e estímulo a fundação de Lojas Universitárias.
Nessa segunda e terceira etapas, outras afirmações feitas pelos candidatos chamaram a atenção. Ballouk, que aparenta ser melhor informado, cometeu o deslize de afirmar que “filantropia não é princípio da Maçonaria”. Não deve saber que o lema maçônico original, ainda adotado na maioria dos países, incluindo nos EUA e na Inglaterra, tão citados por ele, tem na caridade um dos princípios mais básicos da Maçonaria, compondo o tripé de princípios maçônicos, entre o Amor Fraternal e a busca da Verdade.
Já Barbosa não ficou para trás em deslize, ao criticar o atual processo eleitoral do GOB, considerado por ele como antiquado e ultrapassado, afirmando que “milhares de votos foram desconsiderados na última eleição”. Opa! na última eleição foi pela qual ele foi eleito GMG Adjunto! Dizem por aí que esses milhares de votos eram a favor do Mozarildo, que teria vencido a eleição, mas não levado. Algo similar ao ocorrido com Athos Vieira de Andrade, em 1973. A diferença é que, naquela época, os Grandes Orientes Estaduais eram mais fortes e autônomos. Deve ser por isso que o poder foi tão centralizado de lá pra cá…
Enfim, nessa luta maçônica entre Barbosa e Ballouk pelo poder de administrar dezenas de milhares de maçons brasileiros e algumas dezenas de milhões de reais, a boa notícia é que qualquer um dos dois será melhor do que o que se tem atualmente. Ambos prometem reverter os estragos que a atual gestão fez nas relações com as outras vertentes maçônicas brasileiras, em especial com a COMAB, mas de maneiras diferentes. Não podemos chamar isso de avanço, mas de retorno ao ponto em que paramos, há 10 anos, quando a atual gestão do GOB assumiu. Então, o desafio do vencedor do pleito será correr para desfazer tantos outros estragos, em nível de Loja, de estado, de país e até internacional, e tentar recuperar uma década perdida na evolução do GOB enquanto mãe da maçonaria regular brasileira.
Entretanto, há pontos de atenção em ambos os candidatos, que devem ser considerados e, se possível, questionados aos mesmos. Ambos explicitaram uma vaidade favorável ao ativismo político, que não tem qualquer relação com a finalidade da Sublime Ordem Maçônica. Seja o GOB como “influenciador” (Barbosa) ou “protagonista” (Ballouk) do país, ambos se resumem naquele mesmo discurso de “elite estratégica” e “eminência parda”, que já morreu na década de 80. Atualmente, vive-se uma era de gestão participativa e democratização do conhecimento. A sociedade brasileira não deseja ser governada por uma mão invisível. E apenas maçons mal informados ou mal intencionados sucumbem perante a vaidade de querer fazer parte disso.
Outro ponto é quanto a Ordem DeMolay. A Ordem DeMolay já soma no Brasil mais membros filiados do que o que o GOB tem de maçons ativos, mas divididos em dois Supremos Conselhos. Barbosa já demonstrou desconhecimento sobre o assunto quando se intrometeu na questão entre os dois Supremos, apresentando-se como mediador de um processo muito mais complexo e já definido do que ele imaginara. Já Ballouk, além de “patrocinado” por uma das, como ele mesmo se referiu, “facções”, colocou-se encima do muro, mesmo ao declarar discretamente reconhecer a incompetência do GOB perante o DeMolay International.
Se você me perguntar quem venceu o debate, eu digo, sem titubear, que foi o Ballouk. Barbosa parece ainda não saber a diferença entre regularidade e reconhecimento, apesar de ser, certamente, um irmão bem intencionado e por isso deve contar com o respeito de todos. Já Ballouk não se mostrou um erudito sobre Maçonaria, mas, pelo menos, fez o dever de casa. No entanto, ganhar o debate nunca significou ganhar a eleição. Se Ballouk sobreviver maçonicamente nos próximos dias, o que acho difícil (vide Amintas, de Minas Gerais), a oposição nunca levou uma eleição no GOB. Já venceu… mas nunca levou. E Barbosa reconheceu isso durante o debate, ao criticar o próprio processo eleitoral pelo qual foi eleito GMG Adjunto.
De qualquer forma, o debate foi uma experiência excelente, cujo funcionamento surpreendeu pela organização e zelo, tendo alcançado seu objetivo de exposição de ideias, mas nem tanto de confronto ou, pelo menos, questionamento das mesmas. A antítese ficou levemente prejudicada em nome da harmonia, do ideal de um “encontro fraterno” entre chapas adversárias, natural em uma primeira edição. Mérito do Eminente Grão-Mestre Lucas Galdeano e toda a equipe do GODF, que realizaram algo histórico, algo que deveria ser direito de todo maçom gobiano assistir para votar. E, tendo quebrado o gelo, dado o pontapé inicial, espero que esse debate torne-se moralmente obrigatório nas próximas eleições gobianas, e que outras potências tomem por sugestão quando de suas eleições.
O vídeo do debate está disponível abaixo:
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=Cg2ekw3hCxw[/youtube]
UPDATE: 4-12-2017
No post sobre o debate, afirmei que “há pontos de atenção em ambos os candidatos, que devem ser considerados e, se possível, questionados aos mesmos“. Então, desde sua publicação, tenho recebido manifestações de irmãos apoiadores de ambas as chapas, desejosos de esclarecer esses pontos por seus candidatos. Alguns optaram pela arte da retórica, enquanto outros preferiram fazer críticas ao candidato adversário do seu. Desconsiderei tais manifestações, na crença de que somente o orador pode esclarecer suas próprias palavras. Ninguém mais.
E então, no final da tarde de hoje, recebi uma ligação do Irmão Ballouk, que muito educada e fraternalmente dedicou um espaço de sua agenda corrida para esclarecer dois pontos de atenção apontados no post: Filantropia e DeMolay.
Ballouk explicou que, em seu entendimento, na Maçonaria a filantropia não é fim, mas meio. Sendo a moral a verdadeira finalidade maçônica, a filantropia seria um meio de se desenvolver a moral do maçom, dentre outros. E, nesse sentido, ele está certo.
Já sobre DeMolay, Ballouk esclareceu que, diferente do que alguns irmãos têm propagado, ele não teve passagem de avião para campanha adquirida pelo SCODB. A passagem teria sido emitida quando ainda era Grão-Mestre do GOSP e atendeu ao apelo de última hora de um então dirigente do SCODB que é gobiano, pois haveria uma solenidade oficial no Congresso Nacional em homenagem à Ordem DeMolay e o SCODB não tinha confirmada a participação de nenhum Grão-Mestre para atender à cerimônia. Em suas palavras, por volta de 70% dos gastos da campanha estão sendo arcados de seu próprio bolso e as doações somente são feitas por meio de uma conta bancária com destinação específica, aberta com essa única finalidade, de forma a possibilitar total transparência na prestação de contas da campanha.
Cumprindo o compromisso maçônico com a verdade, publico aqui tais esclarecimentos, agradecendo ao Irmão Ballouk pela atenção dispensada em sua ligação e toda a cordialidade no diálogo.
O blog No Esquadro estará sempre aberto a qualquer esclarecimento que quaisquer candidatos e lideranças maçônicas desejarem realizar aos nossos leitores.
por admin | out 2, 2017 | Conceitos
Desde 2011 venho dando o exemplo da maçonaria alemã para sugerir que é possível a maçonaria brasileira trabalhar unida sem abrir mão da personalidade de cada vertente, suas peculiaridades, cultura e autonomia próprias. O artigo em que apresento o caso alemão pode ser lido AQUI.
A partir de então, vez ou outra vejo algum irmão defendendo essa bandeira. Vi um com planos mirabolantes, definindo complexas estruturas de comissões e até mesmo metas com prazos já estipulados, num projeto de mais de uma centena de páginas, mais engessado do que o que já temos hoje. Outro se deu ao trabalho de fazer organograma e fluxograma de como se alcançar o que viria a ser o futuro da maçonaria unida brasileira. Receitas de bolo prontas para os Grão-Mestres seguirem à risca e se tornarem Masters-Chefs em união maçônica. Será?
Desde a década de 60, com a consolidação da Teoria Contingencial, sabemos que receita de bolo não funciona em organizações, pois “tudo é relativo”. O que funciona em uma organização não necessariamente funcionará ou alcançará o mesmo resultado em outras. E quando se fala de interação entre organizações, apenas com elementos internos de cada organismo interagindo entre si com um objetivo comum, num profundo intercâmbio de dados, informações e experiências, pode-se, com um alto comprometimento e flexibilidade de todas as partes envolvidas, alcançar algum resultado positivo, se o ambiente externo, em toda sua complexidade, assim permitir. Não existe receita de bolo infalível, ainda mais elaborada por um agente externo.
No entanto, recentemente tive conhecimento de uma proposta factível, plausível, apresentada pelo Grão-Mestre do GODF – Grande Oriente do Distrito Federal, federado ao GOB, Eminente Irmão Lucas Francisco Galdeano. E digo plausível exatamente porque não é uma receita de bolo, somente propondo um pontapé inicial, ou seja, “o que” e “quem”, mas não caindo na vaidade de cometer o erro comum de querer ditar o “como”, “quando”, “onde”, etc. Isso não cabe a uma única pessoa, pois estamos falando do envolvimento de umas 50 organizações, com realidades totalmente diversas, mesmo dentro de uma mesma vertente, e com questões locais que não podem ser desconsideradas.
E achei muito justo a proposição de que esse pontapé parta do GOB – Grande Oriente do Brasil. Além de ser a mais antiga das obediências regulares ainda em funcionamento no Brasil, foi do GOB que partiu a celeuma da proibição de intervisitação, que ainda persiste na maioria dos estados. Assim, cabe ao GOB escutar o clamor de sua base e trabalhar nesse sentido. As Grandes Lojas e os Grandes Orientes da COMAB estão mais unidos do que nunca, na maioria dos estados. É a hora do GOB “chegar junto” nacionalmente, já que, em nível estadual, os Grandes Orientes Estaduais do GOB estão de mãos atadas, tendo os Grão-Mestres Estaduais perdido muito da autonomia e autoridade que tiveram até uns 10 anos atrás (período “a.M.J.”).
Parabéns ao Grão-Mestre Lucas Galdeano pela sabedoria e coragem apresentadas nessa proposta, Reunião da Maçonaria, e que, para minha surpresa, fora desenvolvida desde a década de 90! Espero que o exemplo e a ideia sirvam aos atuais candidatos ao Grão-Mestrado Geral do GOB, Ballouk e Barbosa. Os maçons brasileiros esperam por isso. Derrubem o muro! Construam pontes!