O ciclo de vida do GOB

O ciclo de vida do GOB

A ciência da administração tem alertado, há mais de meio século, sobre o ciclo de vida das organizações.  Uma organização é como um organismo vivo, que nasce, cresce alcança seu ápice, e então começa a envelhecer até que, enfim, morre. Entretanto, no caso das organizações, sua morte é como a da mitológica fênix, que pode renascer de suas próprias cinzas, começando assim um novo ciclo de vida.

O que muitas organizações buscam atualmente é “surfar” o máximo de tempo possível a onda da maturidade organizacional, ou seja, a crista de seu ápice. Já o diagnóstico de envelhecimento (decadência) é simples: ela começa a se preocupar mais com seu patrimônio do que com o mercado e clientes; perde o empreendedorismo e o pioneirismo no setor; afunda-se em burocracia e passa a ter dificuldade de “manobra”; tem excesso de confiança em si mesma em comparação aos seus pares; torna-se prepotente.

Após a fase da velhice, têm-se os primeiros sinais de morte iminente: mudanças drásticas de diretoria, perda de espaço no mercado, esfriamento das relações com os pares, rupturas, cisões, etc. E de quem é a culpa da morte? Das lideranças, seja por imperícia, negligência ou até mesmo “maus tratos”.

O GOB, como qualquer outra organização, tem seu ciclo de vida que, ao que tudo indica, dura aproximadamente 44 anos. Ao recorrer à história maçônica brasileira, sabe-se que o GOB, em seu formato atual, é resultado de uma fusão do Grande Oriente dos Beneditinos com o Grande Oriente do Lavradio, ocorrida em 1883, por pressão (ou incentivo, se preferir) do Grande Oriente Lusitano. Exatos 44 anos depois, em 1927, tem início o processo de falecimento, com o desligamento do Supremo Conselho do REAA e a consequente grande cisão que deu origem às Grandes Lojas, tendo o “óbito” sido emitido em 1929, no Congresso Mundial de Supremos Conselhos, ocorrido naquele ano em Paris.

Então, o GOB renasceu e iniciou um novo ciclo de vida, que findou exatos 44 anos depois, em 1973, após um processo eleitoral extremamente questionável, pelo qual o candidato de situação, Osmane Vieira de Resende, “ganhou no tapetão” contra o de oposição, Athos Vieira de Andrade, que era de MG e contava com o apoio de SP e de outros grandes colégios eleitorais. Nessa segunda grande cisão, nove Grandes Orientes Estaduais e o do DF se desligaram do GOB, dando origem à COMAB.

Mais uma vez o GOB conseguiu renascer, se reinventando e promovendo as mudanças que seus líderes entenderam como necessárias para o novo ciclo de vida. Até que, 44 anos depois, em 2017, a onda de suspensões e intervenções em Grandes Orientes Estaduais teve início, como em MG e no RS, principiando um novo processo de falecimento, que se arrastou até este ano de 2018, com mais suspensões, intervenções (CE e PE) e um turbulento processo eleitoral, o que culminou no já esperado óbito, ilustrado numa eleição de chapa única com baixa adesão e apoio, e na “desfederalização” (declaração de independência) de dois Grandes Orientes Estaduais: PE e SP.

Agora, cabe aos novos líderes do GOB tomar as medidas necessárias para garantir a “reciclagem”, o renascimento dessa grande fênix… Agora, imagine se, em vez de apenas renascer, uma fênix pudesse também evoluir e não repetir os mesmos erros do passado, prolongando assim seu ciclo de vida? Se ela não precisasse renascer já “velha”, burocrática, engessada e prepotente? Não seria ótimo?

“O GOB PARA OS MAÇONS” de agora para frente

“O GOB PARA OS MAÇONS” de agora para frente

Tem circulado por grupos maçônicos em redes sociais o resultado da eleição para Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil – GOB. O candidato Múcio Bonifácio, apesar de ter perdido em SP, maior colégio eleitoral do país, e quase empatado em MG, o segundo maior, acabou por vencer o pleito, com 66% dos votos válidos, contra… ninguém. Ele era candidato único. Sua posse ocorrerá neste sábado, dia 15.

Os votos brancos e nulos somaram incríveis 34% dos eleitores, o que é bem mais do que o primeiro colocado nas pesquisas para Presidente da República acumula atualmente. Para se ter uma ideia, na última eleição do GOB, em 2013, os votos brancos e nulos não chegaram a 2%.

A quantidade de eleitores que participou desta eleição é relativamente próxima à média apresentada na eleição anterior: um pouco menos de 1/3 dos membros regulares declarados pelo GOB compareceram à votação. No mundo civilizado, qualquer associação que se preze, por maior que seja, prevê que seja constituído quorum com maioria absoluta dos associados regulares ou de seu colegiado para uma eleição. Para decisões importantes, exige-se quorum até maior, de, pelo menos, 2/3. É, de certa forma, compreensível uma flexibilização de tais regras no Brasil, por questões socioculturais e dificuldades de deslocamento, mas aceitar um quorum menor do que 1/3 é, como os advogados brasileiros gostam de qualificar, “ferir de morte” a democracia.

De toda forma, a partir desse dado, surgem algumas hipóteses: trata-se da comprovação de um desinteresse generalizado do maçom gobiano para com o processo democrático do GOB, seja por descrença no sistema ou nas opções oferecidas; ou o GOB divulga um quantitativo fictício de mais de 80 mil membros, quando na verdade seria algo em torno de 50 mil; ou o sistema eleitoral é passível de fraude e deveria ser externamente observado e auditado; ou o atual sistema eleitoral não atende ao princípio democrático e à instituição, devendo ser totalmente revisto e modificado. Ainda, pode ser a combinação de algumas ou de todas essas hipóteses.

Fato é que o Irmão Múcio governará o GOB enquanto seu Grão-Mestre Geral durante os próximos 05 anos, tendo muitos desafios emergenciais pela frente.  Dentre eles, os erros cometidos pelo GMG Ricardo de Carvalho que, apesar de sua passagem meteórica no Grão-Mestrado Geral, deixa grandes estragos, como seus inesquecíveis “equívocos” em Aracajú e o modo como conduziu a intervenção no GOSP. Soma-se então aos problemas que o GMG anterior já havia deixado como espólio, como a fragilizada relação com a CMI, as incontáveis suspensões e as várias intervenções, incluindo a mal sucedida em Pernambuco. E, enquanto trata desses desafios, deverá conquistar a opinião favorável de seu povo maçônico. São muitos pratos para girar e assim se legitimar pelo trabalho, pois pela urna não foi possível.

A boa notícia é que o histórico do Irmão Múcio dá indícios de que ele tem conhecimento para vencer esses desafios. Se lhe sobrar energia e força de vontade, as coisas hão de melhorar.

 

SCODB realizará seu CNOD 2018

SCODB realizará seu CNOD 2018

No dia 08 de setembro ocorrerá mais uma edição do Congresso Nacional da Ordem DeMolay – CNOD, mas dessa vez do SCODB, na querida cidade de Ribeirão Preto – SP, aproveitando a ocorrência do Congresso Estadual do Grande Capítulo de SP, no dia anterior, o que garantirá bom volume de participantes. Espera-se que seja um evento interessante, após o rompimento das negociações de unificação, publicamente noticiado pelo SCODRFB em seu último CNOD, em Aracajú, na presença dos dirigentes das três vertentes maçônicas brasileiras: GOB, CMSB e COMAB, que haviam elegido o CNOD do SCODRFB (o maior evento DeMolay já ocorrido no Brasil, com mais de 1.300 participantes) para também realizar a primeira reunião da maçonaria regular brasileira em toda a sua história.

O cenário atual é preocupante para os dirigentes do SCODB. Além da frustração com o processo de unificação, que livraria a instituição do processo judicial e da consequente multa de centenas de milhares de reais, o SCODB tem presenciado a união da CMSB e da COMAB em prol do SCODRFB, perdendo recentemente seu principal e maior apoio no seio da COMAB, o Grande Oriente de Minas Gerais – GOMG, de onde veio boa parte das lideranças nacionais do SCODB (como os PGMNs Álvaro Azevedo, Wilson Júnior e Luiz Eduardo de Almeida) e também as lojas patrocinadoras de quase 1/3 de seus capítulos ativos. A decisão do GOMG, contestada por um de seus membros e atual Grande Mestre Nacional Adjunto do SCODB, o jornalista e escritor Guilherme Santos, foi julgada recentemente por seu tribunal maçônico que, por unanimidade, decidiu em desfavor do SCODB. Ainda, não é descartada a possibilidade disso se desdobrar em um futuro processo disciplinar.

Não bastasse isso, há também a delicada situação do Grande Oriente de São Paulo – GOSP, cujo Grão-Mestre se manifestou recentemente no sentido de se “desfederalizar” do Grande Oriente do Brasil – GOB, tendo convocado uma assembleia geral para deliberação de tal pleito, a ocorrer no dia 15 de setembro, uma semana após o CNOD do SCODB. O GOB é a única obediência maçônica regular brasileira que ainda não se manifestou oficialmente contrária ao SCODB, apesar de suas lojas patrocinarem mais capítulos do SCODRFB do que desse. Em lojas do GOSP, encontram-se patrocinados mais de 1/3 dos Capítulos ativos do SCODB e, caso o GOSP fique em uma situação de não reconhecimento e sofra vetos de intervisitação por parte das demais obediências, o SCODB terá que decidir entre: abraçar o GOSP e perder o pouco apoio do GOB que lhe resta em alguns estados; ou migrar seus capítulos paulistas para novas lojas patrocinadoras, da GLESP e do GOP-SP, que não concordarão com a permanência desses Capítulos no SCODB.

Assim, à sombra do rompimento do processo de unificação, da perda de apoio do GOMG, da incógnita sobre o futuro do GOSP, da iminência de uma decisão judicial, sem qualquer apoio de lideranças maçônicas relevantes, com a regularidade maçônica de importantes dirigentes ameaçada, e com inúmeros passivos a honrar, os inscritos deste CNOD do SCODB podem, sem saber, estarem participando de sua última edição…

CNOD 2018: UM EVENTO HISTÓRICO PARA MAÇONARIA e DeMOLAY

CNOD 2018: UM EVENTO HISTÓRICO PARA MAÇONARIA e DeMOLAY

Dia 21 de julho de 2018 (por coincidência, dia do meu aniversário) ficará para a história como a primeira vez em que os líderes das três vertentes maçônicas brasileiras, GOB, CMSB e COMAB, sentaram-se, acompanhados de muitos de seus Grão-Mestres, para dialogar sobre a Maçonaria e a Ordem DeMolay, quando da ocasião do CNOD – Congresso Nacional da Ordem DeMolay do SCODRFB, ocorrido na data em Aracaju – SE, considerado o maior congresso DeMolay no mundo em quantitativo de participantes.

“Nunca antes na história deste país” seria um bordão um tanto quanto apropriado para qualificar esse encontro interpotencial inédito no Brasil, mas nada muito além disso, como ficará claro ao final do texto.

Como acordado durante a Assembleia Geral da CMSB, quando os líderes das três vertentes se ladearam paramentados na mesa diretoria de abertura do evento (Ricardo de Carvalho – GMG do GOB, Jordão Júnior, Secretário-Geral da CMSB, e Lázaro Salles, Secretário-Geral da COMAB), eles se reuniram novamente durante o CNOD no último final de semana, desta vez, acompanhados de dezenas de Grão-Mestres de suas vertentes. A pauta: 1) Brasil; 2) DeMolay.

Na sexta-feira, durante a solenidade de abertura, os Grão-Mestres sentaram-se à frente de mais de mil e trezentos jovens DeMolays no maior teatro da capital sergipana. Diferente do que foi visto em Vitória, por ocasião da abertura da Assembleia da CMSB, desta vez o GMG Ricardo de Carvalho e sua comitiva destoavam dos demais presentes por não estarem paramentados. A justificativa era o decreto de seu antecessor, ainda vigente, que veta o uso de paramentos em eventos nos quais autoridades de obediências não reconhecidas estiverem presentes.

Na prática, isso não fez o menor sentido. Raciocine comigo: você vai para o evento enquanto Grão-Mestre Geral do GOB exatamente para se sentar e dialogar com os outros Grão-Mestres, incluindo aqueles que você ainda não reconhece ou rompeu relações e todo mundo sabe disso; você é apresentado publicamente como GMG do GOB; compõe a mesa diretora do evento como GMG do GOB; e utiliza da palavra como GMG do GOB. Tudo isso sendo filmado por incontáveis irmãos e sobrinhos e alguns transmitindo ao vivo via redes sociais. O único efeito real de não ter usado os paramentos foi a dissonância cognitiva de centenas de irmãos e mais de mil sobrinhos. Aquele sentimento indeciso entre decepção e pesar.

De toda forma, todos aparentavam felizes com a cena inédita presenciada ali e as infinitas oportunidades que ela poderia proporcionar a partir da reunião no sábado. E, entre todas as manifestações positivas que os irmãos emitiam sobre suas expectativas, somente um Grão-Mestre ousou externar um pensamento diferente nos bastidores, ao dizer que temia que se tornasse uma “reunião para marcar reunião”. Ao final, acabou quase se revelando um profeta.

Os Grão-Mestres se reuniram na sede da Grande Loja Maçônica do Estado de Sergipe, às 10h da manhã do meu aniversário e lá permaneceram por quase quatro horas. Dentre os temas debatidos e votados, diante do discurso do GOB de que a Maçonaria brasileira deveria se unir em prol das questões políticas, sociais e culturais do país, a CMSB apresentou a proposta de que o GOB e a COMAB abraçassem a sua campanha “Reage, Brasil!”, voltada ao voto consciente, passando assim a ser uma campanha assinada por todos, o que foi aprovado por unanimidade dos presentes por votação puxada pelo GMG do GOB, Ricardo de Carvalho.

Além disso, concordaram de que deveriam publicar a chamada “Carta de Aracaju”, a ser elaborada por uma comissão interpotencial e então assinada pelos representantes das três vertentes. O GOB indicou para compor a comissão de elaboração um irmão de Goiás, a CMSB um de Minas Gerais, e a COMAB um da Bahia.

Entretanto, após a devida elaboração e impressão da carta, o GMG Ricardo de Carvalho hesitou em assiná-la, alegando que não havia conseguido falar com o Procurador Geral do GOB, de modo a confirmar se ele tinha autoridade para assinar sem a prévia autorização da SAFL. Apesar de não conseguir falar com o procurador, ele aparentemente conseguiu falar com seu antecessor, que o instruiu a não assinar. Alguns dos Grão-Mestres Estaduais do GOB que estavam o acompanhando, incluindo o Eminente Irmão Cláudio, do GOB-MG, insistiram para que ele assinasse, que não havia impeditivo legal, mas em vão. Cabe aqui alguns questionamentos: 1) Ele foi presidente da SAFL e agora é GMG… Não deveria saber o que pode ou não assinar? 2) Ele foi para Aracaju sabendo que a reunião ocorreria e, logicamente, uma carta sairia da mesma. Não poderia ter feito essa consulta previamente?

Apesar de sua negativa, os Secretários-Gerais da CMSB e da COMAB, em respeito aos quase 40 Grão-Mestres que participaram da histórica reunião, resolveram por bem assinar a carta, cuja leitura pública ocorreu à noite, na solenidade de encerramento do CNOD, na presença do GMG Ricardo que, sentado (novamente sem paramentos) entre os dois Secretários-Gerais, Jordão e Lázaro, usou da palavra logo em seguida para dizer que havia um protocolo do GOB a seguir, mas de sua felicidade em ter participado do CNOD e da histórica reunião de Grão-Mestres, reiterando suas preocupações com o futuro do país, e sugerindo uma espécie de convênio ou parceria entre o SCODRFB e a APJ, que é uma ordem juvenil mista e exclusiva do GOB.

O encerramento também foi marcado pelo pronunciamento do Irmão Paulo Henrique, Grande Mestre Nacional do SCODRFB, sobre o fim das negociações de unificação com a diretoria nacional do SCODB. Naquela tarde, ele já havia comunicado aos Grão-Mestres da decisão. A justificativa é de que, após meses de diálogos com os dirigentes maiores do SCODB, no qual vários pontos haviam sido rejeitados, pacificados e outros aceitos, e haviam acordado que um cronograma consensual seria divulgado em conjunto, não houve o cumprimento da palavra empenhada pela parte desses, que divulgaram unilateralmente e sem a concordância do SCODRFB um documento que omitiu importantes pontos acordados e apresentou uma série de reivindicações já anteriormente rejeitadas, além de novas exigências, como a de reserva de cargos para os mesmos, com a clara intenção de não prosperar a unificação. Não havendo mais a mínima confiança necessária à negociação, o processo de unificação em esfera nacional está encerrado, passando o SCODRFB, nas palavras do PH, como é conhecido, a dar continuidade no processo de unificação da Ordem DeMolay brasileira a nível capitular e estadual.

Retomando o prisma maçônico, o fato do “não-uso” dos paramentos e da “não-assinatura” da carta de uma reunião inédita e pioneira na maçonaria brasileira alerta para um possível problema demasiadamente complexo: a judicialização do GOB. Como se sabe, o GOB copiou, algumas décadas atrás, a estrutura da República, tornando-o assim passível de sofrer com as mesmas crises, falhas e problemas que se vê no poder público do mundo profano. A judicialização da política brasileira é um fenômeno cada dia mais estudado pelos cientistas políticos e se refere ao uso crescente do judiciário por indivíduos e grupos com interesses políticos, gerando um aumento significativo no volume de processos com tais fins e, consequentemente, aumentando o impacto das decisões judiciais em causas políticas. O reflexo disso pode ser visto por uma expansão do discurso legalista por membros do poder executivo, com maior uso de jargões jurídicos; um excesso de zelo na elaboração de atos administrativos; além da transferência ao jurídico de questões de natureza administrativa e/ou política de relevância à comunidade. E essa é exatamente a postura observada no GMG Ricardo de Carvalho desde sua posse. Ele tem repetido em seus discursos que o Estado está “aparelhado”, mas parece ser vítima do mesmo mal no âmbito maçônico. E, se não conseguimos “desaparelhar” nossa própria casa, como ousamos pensar em conseguir desaparelhar o Brasil??? Se um GMG não pode colocar seu próprio paramento e assinar uma simples carta que apenas resume uma reunião que ele de fato motivou e participou, temos condições de sugerir mudanças para o Brasil??? Vamos tentar desbastar a pedra bruta da sociedade antes mesmo de desbastar a nossa?

Se não bastasse, hoje foi veiculado um comunicado oficial do GMG do GOB, Ricardo de Carvalho, a respeito de sua participação no evento, na qual constam alguns “equívocos”. Em primeiro lugar, ele afirma que seu “comparecimento foi norteado pelo princípio de valorizar e incentivar a Ordem DeMolay”, enquanto que todos podem ver o vídeo de seu pronunciamento na abertura da Assembleia Geral da CMSB mencionando que seu objetivo principal de sentar com outros Grão-Mestres era em busca de uma agenda comum sociopolítica. E foi pra isso que ele levou uma dúzia de Grão-Mestres Estaduais para Aracaju. DeMolay foi o meio, não o fim. Em segundo, diferente do que afirmou em primeira pessoa que a sugestão de elaboração da Carta de Aracaju “não contou com a minha aprovação”, durante a reunião ele mesmo ressaltou a importância da carta para que não houvesse distorções posteriores e indicou um irmão de Goiás para compor a comissão de elaboração. E em terceiro e último, é lamentável verificar que mais um GMG do GOB não sabe a diferença básica entre reconhecimento e regularidade, ao encerrar seu comunicado oficial se referindo a “obediências não regulares da COMAB”. Ressalta-se ainda que é o segundo comunicado desse tipo que o Irmão Ricardo de Carvalho, enquanto GMG do GOB, realiza. O primeiro foi logo após sua participação na assembleia da CMSB. Parece que a cada evento que vai, precisa se explicar posteriormente. Ou não sabe se expressar bem oralmente que precisa se justificar por escrito, ou está se rendendo às críticas da minoria radical, que não vê com bons olhos essa aproximação de outras obediências brasileiras.

Vale mencionar também a presença no evento do ilustre Irmão Múcio Bonifácio, próximo Grão-Mestre Geral do GOB, como o próprio GMG Ricardo de Carvalho fez questão de mencionar em algumas ocasiões. O Irmão Múcio esbanjou simpatia e simplicidade durante o evento, não distinguindo irmãos por obediência e apresentando uma visão bastante fraterna e prática sobre a maçonaria brasileira em geral e o GOB em particular. Muitas lideranças viram com bons olhos sua presença e colocações, e acreditam que as relações interpotenciais brasileiras irão melhorar bastante durante sua gestão.

Enfim… de tédio não morreremos.

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UPDATE (30/07/2018):

A CMSB e a COMAB emitiram juntas um documento chamado “Memória Histórica e Descritiva“, que derruba os já mencionados “equívocos” do comunicado oficial do GMG do GOB, Ricardo de Carvalho. Enquanto o Irmão Ricardo deixou a entender que foi para Aracaju pra falar de DeMolay e acabaram abordando outros assuntos, o que gerou a Carta de Aracaju, então expedida à sua revelia, a CMSB e a COMAB confirmam todo o “entusiasmo” do Irmão Ricardo com a ideia da carta, bem como seu protagonismo em momentos da reunião, apoiando propostas, conduzindo votações e indicando membros para comissões. Confirma-se assim uma realidade bem distinta do que se pintou no referido comunicado oficial.

XLVII Assembleia Geral Ordinária da CMSB

XLVII Assembleia Geral Ordinária da CMSB

A CMSB – Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, que congrega as 27 Grandes Lojas brasileiras e soma mais de 110 mil maçons regulares, realizou em Vitória-ES, nos últimos dias 04 a 08 de julho sua XLVII Assembleia Geral Ordinária, tendo a GLMEES – Grande Loja Maçônica do Estado do Espírito Santo como anfitriã.

O Sereníssimo Grão-Mestre, Irmão Walter Noronha, e seu Adjunto, Irmão Valdir Massucatti, lideraram uma equipe de mais de uma centena de irmãos voluntários, divididos em comissões que garantiram o sucesso do evento. Além disso, contando com todo o apoio das lojas maçônicas da jurisdição, a GLMEES adotou um sistema em que cada loja assumia a responsabilidade de ciceronear uma comitiva, o que deu um ar mais amistoso e fraterno ao evento.

A abertura, realizada no principal centro de convenções da cidade, mostrou, logo de início, a grandiosidade que seria o evento. Além dos 27 Grãos-Mestres das Grandes Lojas e do Soberano Grande Comendador do SC33 (Supremo Conselho do Grau 33, de Jacarepaguá, o único brasileiro reconhecido pela conferência internacional de Supremos Conselhos), Mui Poderoso Irmão Jorge Lins, estiveram presentes o Secretário-Geral da CMSB, Irmão Jordão Abreu da Silva Júnior; o Soberano Grão-Mestre Geral do GOB – Grande Oriente do Brasil, Irmão Ricardo de Carvalho; o Secretário-Geral da COMAB – Confederação Maçônica do Brasil, Irmão PGM Lázaro Emanuel Franco Salles; além de mais de uma dúzia de Grãos-Mestres e autoridades representantes da Maçonaria de países como: Espanha, Paraguai, Uruguai, Argentina, Bolívia, Peru, Panamá, Estados Unidos, Sérvia, França, Romênia, Gabão e Haiti.

Enquanto que essa Assembléia Geral da CMSB escreveu uma nova página na história nacional da maçonaria, ao contar com a presença dos representantes maiores das três vertentes maçônicas brasileiras, GOB, CMSB e COMAB, na mesma mesa diretora, algo provavelmente inédito e impensado nos últimos 10 anos; também explicitou a relevância da CMSB perante a comunidade maçônica regular mundial, contando com a presença dos três candidatos ao posto de Secretário-Executivo da Conferência Mundial de Grandes Lojas Regulares (oriundos da Espanha, Romênia e Sérvia), cuja eleição ocorrerá em novembro, no Panamá.

Foi uma grande honra atender ao convite dos irmãos Walter Noronha e Valdir Massucatti para realizar palestra nesse evento, que é o maior evento maçônico do Brasil, sempre somando mais de mil participantes. Pude rever amigos, acompanhar os bastidores de debates e decisões positivas para nossa Sublime Ordem, e iniciar o diálogo com duas importantes Grandes Lojas acerca de futuras parcerias com a Escola No Esquadro. Agradeço ao Irmão Rafhael Guimarães por todo apoio e suporte dado durante minha estadia.

A próxima Assembleia Geral Ordinária será em Brasília – DF, entre os dias 03 e 07 de julho de 2019. E será um grande desafio para a comissão organizadora, liderada pelo Sereníssimo Grão-Mestre, Irmão Cassiano Teixeira de Morais, alcançar o mesmo nível de satisfação dos participantes desta última edição. Mas quem conhece o Irmão Cassiano sabe que ele adora um desafio, e todos estão trabalhando muito para ajudá-lo a vencer.