No dia 25/10/2014 tomei posse na Academia Maçônica de Letras do DF, juntamente com o Irmão José Robson Gouveia Freire.
Durante a solenidade, foi-me permitido realizar um breve discurso, que compartilho abaixo:
Senhor Presidente desta Academia, Irmão Jorge Lunkes; Irmãos Nei Inocêncio, Jafé Torres e Lucas Galdeano, autoridades maçônicas aqui presentes; prezados acadêmicos, irmãos, cunhadas, senhoras e senhores presentes. Boa noite a todos. O irmão José Robson Gouveia Freire incumbiu-me de fazer uso da palavra em nosso nome, dando-me assim a honra de dirigir-me a tão respeitável plateia nesta noite memorável para ambos.
Hoje ingressamos na Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal, passando a ladear maçons de grande envergadura na literatura maçônica distrital e nacional. Personalidades que muito nos serviram de exemplo e nos inspiraram em nossa senda iniciática.
Eu passo neste instante a ocupar a cadeira número 33 desta Academia, cujo Patrono é Wenceslau Brás. Mineiro e maçom, Wenceslau Brás foi Presidente da República de 1914 a 1918, tendo sido eleito com onze vezes mais votos que seu concorrente, ninguém menos do que Rui Barbosa. Sua gestão foi marcada pela importante decisão de participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial, compondo o grupo dos Aliados contra aqueles liderados pelo Império Alemão. Nesse período, o Irmão Wenceslau Brás contou com o apoio irrestrito de dois outros grandes maçons: Nilo Peçanha e Delfim Moreira.
O respeitável irmão José Robson assume agora a cadeira número 50 da Academia, cujo Patrono é Miguel Archanjo Tolosa, paulista, militar e músico de reconhecido talento. Iniciado na Loja “Brasiliana”, que atualmente adota o nome de “Santuário de Adonai n° 4”, foi fundador da Loja “Abrigo do Cedro n° 8”, ambas filiadas à Grande Loja Maçônica do Distrito Federal. Foi ainda Membro Honorário da Loja “Santos Dumont”, hoje chamada de Loja “Brasília n° 1822” e da Loja “Pitágoras n° 1982”, ambas jurisdicionadas ao Grande Oriente do Distrito Federal. Passando ao Oriente Eterno em 1980, o Irmão Tolosa, como era conhecido, recebeu justa e perfeita homenagem da Maçonaria Distrital quando da fundação da Loja “Miguel Archanjo Tolosa n° 2131”, também jurisdicionada ao Grande Oriente do Distrito Federal.
Ao assumirmos tão dignos postos, é uma honra para nós nos juntarmos a este seleto grupo de homens livres e de bons costumes, e essa honra nos traz responsabilidades, que, estejam certos, abraçamos com orgulho. Agradecemos aos Acadêmicos que propuseram nossos nomes e aos que nos elegeram para compartilhar de tão sublime missão. Mas, que missão seria essa?
Esta Academia tem em seu Estatuto como primeira finalidade “difundir e cultivar a cultura e as letras maçônicas”. Um fim um tanto quanto desafiante, num país em que autores como Kurt Prober e José Castellani, dois dos maiores nomes da literatura maçônica brasileira, vez ou outra afirmavam que “maçom não gosta de ler”. Contrário às afirmações generalistas, acredito que há bons leitores na Ordem Maçônica, com absoluta certeza todos os maçons que estão neste recinto o são, mas é fato que os leitores da literatura maçônica ainda refletem um contingente muito aquém do universo maçônico que temos no Brasil, a segunda Maçonaria no mundo em número de membros. Urge, portanto reacender o gosto maçônico pela literatura que lhe é peculiar.
E a Maçonaria não tem estado insensível a isso. Com o passar dos anos, temos visto inúmeras tentativas de mudar o atual status quo da leitura em nossas fileiras. Sabemos que a produção e a distribuição de um livro dependem de editoras. No entanto, editoras dispostas a publicar literatura maçônica em nosso país podem ser contadas em uma única mão. Ainda assim, entre um livro e outro, surgiram os jornais e revistas maçônicas e, mais recentemente, os blogs, reduzindo custos de produção, facilitando a distribuição, alcançando independência do mercado editorial e democratizando o conhecimento. Enfim, novos formatos, novos meios e novas tecnologias para transmitirmos antigas lições.
Além disso, nos últimos anos temos assistido uma renovação da população maçônica, contando com uma porcentagem cada vez mais crescente de maçons jovens e bem instruídos, ávidos por conteúdo maçônico. Dessa renovação também tem surgido uma nova geração de escritores, que se alicerçam naqueles heróis literários dum passado recente, deixando à margem aqueles que não se renovaram. Obras sem referências não tem mais vez em nosso meio. O achismo, enfim, está com os dias contados.
Como agentes de tal transformação, depositários das esperanças dos novos maçons brasileiros, estão as Academias Maçônicas de Letras, como esta, às vésperas de completar 30 anos, e seus diletos membros. Nossos irmãos mais “moços” ingressaram na Sublime Ordem Maçônica em busca de evolução moral e intelectual. Na Maçonaria, essa evolução se dá por meio da dialética, do constante questionamento de teses, que leva a sínteses, as quais podem vir a ser questionadas. Sendo o objetivo da Maçonaria “fazer feliz a humanidade”, é possível haver felicidade real sem liberdade? E a liberdade, não depende da verdade, visto que “a verdade vos libertará”? E como encontrar a verdade sem questionar as falsas verdades e aquelas verdades pré-concebidas? Então não seria o objetivo da Maçonaria a busca da verdade, para então se alcançar a felicidade?
São perguntas como essas, senhoras e senhores, que nos impulsionam a um melhor entendimento daquilo que buscamos. Aí está a responsabilidade dos membros desta Academia, aos quais meu irmão José Robson e eu estamos aqui hoje para nos unirmos. Talvez não encontraremos as respostas para muitas perguntas. Nesses casos, recorremos a Mário Quintana, que registrou que “a resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas”, ideia também compartilhada por Alvin Toffler, ao afirmar que “a pergunta certa é geralmente mais importante do que a resposta certa à pergunta errada”.
Assim sendo, espero que façamos as perguntas certas em prol da Maçonaria do amanhã. Uma Maçonaria que, além de tudo, goste muito de ler. Em nome do Irmão José Robson, e em meu nome, agradeço a presença e a atenção de todos. Muito obrigado.
Kennyo Ismail
Querido Ir.’. Kennyo, parabéns a vocês pela posse.
Belíssimo discurso meu Ir.’.!!!
Desejo que continue a nos trazer luz através de uma literatura maçônica de qualidade.
Muito orgulho em ser seu Ir.’..
TFA
Márcio Martins.’.
parabéns maninho
o que se faz nesse plano, ecoa pela eternidade.
um dos bens mais importante que o papai do céu deixou-nos é o tempo de passagem, ainda que curto, você dedica significativa parte dele em trazer-nos luz.
Marcel Bitencourt, membro da Academia Amapaense de Letras de Macapá – AP
Aprendi muito, mas muito mesmo, nos últimos anos, com a leitura de seu blog. Grato pelos conhecimentos repassados e parabéns pela posse!
Kennyo Ismail – Meu irmão Vicente Alberto, muito obrigado. São irmãos como você que me motiva a seguir em frente.
Mano Kennyo,
parabéns por mais essa conquista, que certamente é fruto de muitas e muitas horas de pesquisa.
Parabéns e obrigado pelo comprometimento do irmão em trazer literatura maçônica de qualidade para todos os seus leitores.