O que é a Maçonaria? Essa pergunta tem sido feita por diferentes pessoas e instituições, em diferentes situações, das mais diferentes épocas e lugares. E, por sinal, as respostas também têm sido das mais diversas.

A literatura maçônica nos fornece as mais distintas definições do que é a Maçonaria, não havendo uma que possa ser considerada a versão oficial da instituição ou mesmo que descreva satisfatoriamente o que realmente é a Maçonaria, o que torna desafiadora a missão de defini-la.

A definição mais comum de Maçonaria em uso em todo o mundo é a de que Maçonaria é “um belo sistema de moralidade velado em alegoria e ilustrado por símbolos”. O que poucos parecem saber é que essa definição é derivada de outra, de autoria do sábio William Preston (1772), que considerou a Maçonaria “um sistema regular de moralidade, concebido em uma tensão de interessantes alegorias, que desdobra suas belezas ao requerente sincero e trabalhador”.

Porém, uma respeitada enciclopédia maçônica, a Coil’s Masonic Encyclopedia (1961), apresenta duas definições que colaboram para uma visão mais realista da Maçonaria. A primeira apresenta uma definição construída com uma base mais funcionalista:

A Maçonaria é uma ordem fraternal de homens ligados por juramento; decorrente da fraternidade medieval de maçons operativos, aderindo a muitas de suas antigas regras, leis, costumes e lendas, leais ao governo civil em que ela existe; que inculca as virtudes morais e sociais pela aplicação simbólica dos instrumentos de trabalho dos pedreiros e por alegorias, instruções e obrigações; cujos membros são obrigados a respeitar os princípios de amor fraternal, igualdade, ajuda mútua e assistência, sigilo e confiança; têm modos secretos de reconhecimento de para com outro, como maçons, quando viajando pelo mundo, e se encontram em Lojas, cada uma governada autocraticamente por um Mestre, assistido por Vigilantes, onde peticionários, após investigação particular em suas qualificações mentais, morais e físicas, são formalmente admitidos na Sociedade em cerimônias secretas baseadas em parte em velhas lendas da Arte Maçônica (Coil’s Masonic Encyclopedia, COIL & BROWN, 1961, p. 158).

Nada de errado com tal definição, que deixa clara a origem e o funcionamento da Maçonaria Especulativa. Porém, tal definição não alcança as questões que geralmente motivam tal pergunta, ou seja, quais os objetivos e finalidade da Maçonaria e o que ela defende (ou talvez ataca). Essa segunda definição, retirada da mesma enciclopédia, apresenta essa visão mais filosófica da instituição:

Maçonaria, em seu sentido mais amplo e abrangente, é um sistema de moralidade e ética social, e uma filosofia de vida, de caráter simples e fundamental, incorporando um humanitarismo amplo e, embora tratando a vida como uma experiência prática, subordina o material ao espiritual; é moral, mas não farisaica; exige sanidade em vez de santidade; é tolerante, mas não indiferente; busca a verdade, mas não define a verdade; incentiva seus adeptos a pensar, mas não diz a eles o que pensar; que despreza a ignorância, mas não reprova o ignorante; que promove a educação, mas não propõe nenhum currículo; ela abraça a liberdade política e de dignidade do homem, mas não tem plataforma ou propaganda; acredita na nobreza e utilidade da vida; é modesta e não militante; que é moderada, universal, e liberal quanto a permitir que cada indivíduo forme e expresse sua própria opinião, mesmo sobre o que a Maçonaria é, ou deveria ser, e convida-o a melhorá-la, se puder (Coil’s Masonic Encyclopedia, COIL & BROWN, 1961, p. 159).

Essa última definição expõe claramente os atributos que alicerçam a Sublime Ordem Maçônica, ao apresentar a Maçonaria como um sistema de moralidade e de ética social, tolerante, que busca a verdade, incentiva a reflexão e defende a liberdade. Entretanto, o mais importante está registrado no final de tal conceito, ao declarar que a Maçonaria, enquanto organização, não é imutável, estando aberta ao desenvolvimento. Agora, cabe a cada um de nós, maçons, darmos a nossa contribuição.