Marinho gostava muito de jogar futebol. Um dia, mudou para a cidade grande por força do trabalho e logo procurou um time para jogar: “Gol Brasil”. Ele jogava tão bem que, em poucos anos, já era capitão do time!

Só tinha um problema: a maioria dos jogadores, com o consentimento da comissão técnica, usava anabolizante… Marinho e outros jogadores eram totalmente contra essa prática, em especial depois que foram jogar em um campeonato internacional, que ocorria de cinco em cinco anos, e souberam que, a partir da próxima edição do campeonato, haveria exame antidoping, e o time cujos jogadores fizessem uso de substâncias proibidas seria banido para sempre da competição.

Ao retornar daquele campeonato internacional, Marinho começou um trabalho de conscientização dos outros jogadores e de diálogo com a comissão técnica, mas em vão. A prática irregular estava arraigada no time. Os anos se passavam, a nova edição da competição se aproximava, e as seringas de anabolizantes permaneciam nos vestiários.

Então, Marinho e seus colegas que não se dopavam tiveram que fazer a escolha mais difícil de suas vidas futebolísticas: eles abandonaram o time e criaram um novo time na cidade: a “Grande Liga”. Eles amavam futebol, mas queriam jogar dentro das regras, de forma regular. Para isso, abriram mão de um time já estruturado, com sede própria e patrocinador, para começar um time do zero. Ainda assim, era melhor do que ficar sem jogar bola, ou se prejudicarem pelos erros dos outros.

Assim, a cidade passou a ter dois times rivais. O de Marinho, a “Grande Liga”, que jogava campeonatos internacionais regulamentados, com exame antidoping; e o time mais antigo, o “Gol Brasil”, que focava em campeonatos nacionais e os poucos internacionais que ainda não exigiam exames antidoping.

Mas os jogadores do “Gol Brasil” não perdoavam Marinho e aqueles que o acompanharam, inventando e disseminando todo tipo de mentiras sobre a turma da “Grande Liga”. Diziam que Marinho abriu outro time porque não seria mais capitão, e que havia roubado bolas e chuteiras da sede do “Gol Brasil”. E ainda defendiam que o uso de anabolizantes era algo totalmente aceitável no meio, servindo apenas de desculpas para que Marinho tivesse seu próprio time. Tratava-se do bom e velho “Argumentum ad Hominem“: falácia de tentar desacreditar o autor, sugerindo desvios de caráter e segundas intenções, como forma de desviar a atenção dos reais problemas e anular a validade da ação oposta.

Então muitos anos se passaram. Marinho e os jogadores da época da cisão no futebol da cidade se foram. Os poucos campeonatos internacionais que não tinham exames antidoping, passaram a adotá-los, levando o time “Gol Brasil” a também abolir o uso de anabolizantes. Ambos os times, agora formados por jogadores e comissão técnica que não viveram aquele período do racha, passam a jogar dentro das mesmas regras e a participar dos mesmos campeonatos, levando à maior convivência e amizade entre a maioria de seus membros.

CONTUDO, vez ou outra, alguém pergunta porque há dois times na cidade. E alguns poucos membros da comissão técnica do “Gol Brasil”, como um tal de Pedro Juca, em vez de terem a humildade de assumir a verdade, de que o time fazia uso de anabolizantes no passado, o que levou ao rompimento com um grupo de jogadores que formaram o novo time, mas que esse erro foi corrigido muitos anos atrás e hoje os dois times têm ótimo relacionamento; preferem desenterrar as velhas difamações contra o falecido Marinho, numa tentativa frustrada de colocar em dúvida a legitimidade do time amigo que, para eles, ainda é rival.

Ainda falta espírito desportivo em algumas “lideranças” do futebol…