por admin | mar 22, 2022 | Termos e Expressões
O primeiro cuidado que se toma ao traduzir um termo é quanto à semântica, ou seja, o significado e uso das palavras e termos. Um exemplo clássico é o termo “kick the bucket”. Se traduzirmos ao pé da letra, seria “chutar o balde”. Contudo, a expressão “kick the bucket” é usada nos EUA quando alguém morre, enquanto o mesmo termo em português é usado quando alguém perde o controle ou desiste de algo. Assim, traduzir ao pé da letra pode muitas vezes passar uma ideia errada. Uma boa tradução para “kick the bucket” seria “bater as botas”, pois usa uma gíria similar para o mesmo uso e significado, que é o que realmente importa.
Esse cuidado básico de tradução não tem sido tomado em algumas traduções de rituais maçônicos que temos visto no Brasil. E duas palavras que têm ferido os ouvidos são Leste e Oeste, opção de tradutores brasileiros para East e West, em vez do usual Oriente e Ocidente.
Qual a diferença? Leste e Oeste são direções. Oriente e Ocidente são localizações. Na língua inglesa, East e West podem ser usados nos dois sentidos, mas na língua portuguesa, não. Como exemplo, tem-se o Oriente Médio, que em inglês escreve-se Middle East, não Middle Orient. E não o chamamos de Leste Médio, mas de Oriente Médio, por ser uma localização.
A exceção a essa regra é quando os termos Leste e Oeste estão acompanhados de uma localização ou região, seja na forma substantiva ou adjetiva. Exemplo: Leste Europeu. E mesmo assim, é comum o uso de termos como Europa Oriental. Entretanto, esse não é o caso do uso nos rituais maçônicos, não se aplicando tal exceção.
Em Loja, quando se pergunta de ONDE viemos e para ONDE vamos, está claro que se trata de localização, e não de direção. O mesmo quando se pergunta o LUGAR do Primeiro Vigilante ou do Venerável Mestre. O Primeiro Vigilante não se está no Oeste, porque Oeste é uma direção. Ele está no Ocidente. Além disso, os termos Oriente e Ocidente são de uso mais que bicentenário na Maçonaria brasileira, consolidados no vocabulário maçônico nacional.
Parece que a vontade de ser “diferente” dos demais pode ter falado mais alto. Mas a que preço? O ditado em latim “ex oriente lux” é traduzido para o inglês como “light from the east”. Mas, partindo do termo em inglês, ao seguir a regra de tradução desses irmãos inovadores, tem-se “a luz vem do leste”. Assim, o ditado perde todo seu significado filosófico. E o mesmo ocorre na Maçonaria.
por admin | ago 10, 2021 | Termos e Expressões
A Astréa é a revista de estudos maçônicos publicada pelo Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil (SC33, com sede em Jacarepaguá, Rio de Janeiro).
Criada por Mário Behring e publicada desde janeiro de 1927, é a revista maçônica mais antiga ainda em publicação no Brasil, além de ser a de maior tiragem e circulação no país.
Mas você sabe o que significa Astréa e a razão da escolha desse nome?
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por admin | abr 26, 2018 | Termos e Expressões
Essa questão intriga muitos irmãos, principalmente aqueles que, ao viajarem para o exterior ou pesquisarem sobre a maçonaria em outros países, veem que esse não é um termo comumente utilizado fora do Brasil.
A origem desse termo é similar ao exposto no artigo “Palavrões aos Grão-Mestres”, quanto aos distintos axiônimos adotados para os Grão-Mestres no Brasil, em comparação ao restante do mundo. Trata-se de reflexo da nossa agitada história maçônica e das insistentes práticas irregulares que algumas obediências mantiveram por muitas décadas no país, em especial aquela prática infeliz do controle das obediências simbólicas sobre os altos graus dos ritos, que perdurou até, pelo menos, o início da segunda metade do século XX, a qual gerou a cisão de 1927, que deu origem às Grandes Lojas brasileiras, e que, até hoje, vem gerando conflitos no seio do Grande Oriente do Brasil.
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por admin | fev 18, 2013 | Termos e Expressões
Rito e Ritual: costuma-se fazer grande confusão entre esses dois termos, principalmente na Maçonaria. Alguns acreditam serem sinônimos, outros que se trata de coletivo e unidade. Há ainda algumas explicações filosóficas complexas ou mesmo reflexões etimológicas sobre os termos, que, muitas vezes, mais complicam do que explicam.
Ao pesquisar sobre os termos na literatura maçônica, você pode se deparar com afirmações de que Rito é a teoria e Ritual é a prática. Ou que Rito é conteúdo e Ritual é forma. Ou que o Rito é um conjunto de graus, sendo que cada grau é um Ritual.
Em homenagem aos doutos do direito, os quais compõem parcela significativa dos membros da Ordem Maçônica, utilizemos de analogia com dois termos jurídicos para explicar o que é Rito e o que é Ritual. Pois bem, se Rito fosse lei, Ritual seria instrução normativa.
Um Rito é realmente como uma lei. É um conjunto de preceitos e obrigações gerais que produz efeitos sobre aqueles que estão sob seu alcance. Assim como uma lei, um Rito reflete princípios que o orientam, possui elementos históricos, além de buscar um objetivo específico. Para ilustrar essa afirmação, podemos utilizar o Rito Escocês Antigo e Aceito – REAA, devido à sua expressividade no cenário maçônico brasileiro. Da mesma forma que uma lei é desenvolvida com base em valores de uma determinada sociedade e normas éticas oriundas desses valores, o REAA tem por base os princípios de Fraternidade, Tolerância, Caridade e Verdade, conforme missão declarada do Supremo Conselho do Rito Escocês “Mãe do Mundo”. Assim como uma lei surge de uma demanda social presente em um contexto histórico específico para tratar de um conflito ou situação que necessite ordenamento, o REAA surgiu, em Maio de 1801, para trazer ordem ao caos em que se encontrava o Rito de Heredom nos EUA, com dezenas de diferentes autoridades conferindo os graus de diferentes formas. E assim como uma lei atende a um objetivo específico por meio de sua observância, o REAA tem por objetivo o desenvolvimento moral e espiritual de seus membros por meio de sua prática.
Já o Ritual é como uma instrução normativa, um manual de procedimentos que determina e regulamenta como essa lei deve ser praticada e observada. Uma lei pode ter várias instruções normativas, quando necessário. Como bem registrou Vincenzo Cuoco, “sem instrução, as melhores leis tornam-se inúteis”. Do mesmo modo, o Ritual é o manual de procedimentos que determina a prática do Rito, o qual pode ter vários rituais. E sem os rituais, não há como praticar o Rito. O Rito está morto.
Uma instituição que possui um sistema de ritos e rituais que podem colaborar para suas compreensões é a Igreja Católica. A Igreja possui vários ritos: Rito Ambrosiano, Rito Bracarense, Rito Galicano, Rito Bizantino, Rito Romano, etc. Cada um desses Ritos possui diferentes Rituais para sua prática: missa, batismo, crisma, casamento, natal, etc. E mesmo dentro de um Rito específico, como o Rito Romano, há variações nos Rituais, conforme país, movimentos, etc.
Retornado ao exemplo do REAA, algo similar ocorre, havendo Rituais diferentes de um mesmo grau conforme país e Obediência Maçônica. Assim sendo, ao contrário dos prejulgamentos inconsequentes de alguns maçons quando dizem que “o Rito Escocês deles é diferente do nosso”, ou ainda pior, “isso não é Rito Escocês”, a variação não é no Rito e sim nos Rituais. Essas diferenças nos Rituais são algo totalmente natural e esperado, e cuja única consequência negativa são as ofensas que a fraternidade sofre com tal ignorância e intolerância de alguns pelo que é diferente do que se está acostumado.
É também por esse motivo que o Ritual de Emulação é chamado de Ritual e não de Rito, pois se refere a um manual com textos e práticas específicas, que segue estritamente as diretrizes do sistema inglês, sistema esse que a Grande Loja Unida da Inglaterra opta por não chamar de Rito. Há na Inglaterra outros tantos rituais diferentes: Bristol, East End, Falcon, Goldman, Henley, Humber, Logic, Newman, Oxford, Paxton, Stability, Sussex, Taylor, Universal, Veritas, West End, etc. Porém, todos esses Rituais, assim como o de Emulação, como boas instruções normativas que são, também seguem as mesmas diretrizes da “lei” maçônica inglesa pós-1813.
O próprio Rito de York, o legítimo, norte-americano, não fica de fora de ter diferentes rituais. Há nos graus simbólicos diferentes versões do Ritual de Webb, além do Ritual de Duncan e tantos outros pouco conhecidos por grande parte dos maçons, mas todos provenientes do Antigo Rito de York.
Enfim, como registrado anteriormente, a existência de diferentes Rituais é algo natural e esperado em todos os Ritos Maçônicos. Entretanto, essas definições de Rito e Ritual, tão básicas e essenciais para a Maçonaria, infelizmente não estão presentes na educação maçônica convencional, cabendo a cada um de nós colaborar para que esse conhecimento seja compartilhado entre nossos Irmãos.
por admin | jul 23, 2012 | Termos e Expressões
Ahiman Rezon foi o nome dado por Laurence Dermott para a Constituição da Ancient Grand Lodge of England. Várias Grandes Lojas que seguiam a vertente dos “Antigos” adotaram o mesmo nome para suas Constituições, como as Grandes Lojas da Pensilvânia, Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia.
Mas, afina, o que significa Ahiman Rezon? Conforme Albert Mackey, significa “A Vontade dos Irmãos Selecionados”. A Grande Loja da Virgínia, com base na obra de Mackey, Lexicon of Freemasonry, adotou o significado “Lei dos Irmãos Preparados”. A Grande Loja da Carolina do Sul, interpretou como “Segredos de um Irmão Preparado”. Já a Geórgia entendeu como sendo “Construtor Real”. Em 1825, a famosa Grande Loja da Pensilvânia registrou em sua revisão: O Livro das Constituições é geralmente denominado Ahiman Rezon. A tradução literal de Ahiman é “um irmão preparado”, e Rezon é “secreto”, então Ahiman Rezon literalmente significa “os segredos de um irmão preparado”.
Entre tantas opiniões, talvez seja prudente considerar a intenção do próprio autor que adotou o termo, o polêmico Dermott! No prefácio de sua Ahiman Rezon, Dermott escreveu que um dia teve um sonho em que ele conversava com quatro homens de Jerusalém. Um dos homens, chamado Ahiman, disse a ele que ninguém tinha escrito nem poderia escrever uma história sobre a Maçonaria como a que Dermott se propôs a fazer.
A Bíblia de Genebra de 1560 explica que Ahiman significa “um irmão preparado” ou “irmão da mão direita”, e Rezon significa “um secretário”. Considerando as citações que Dermott fez da Bíblia de Genebra, pode-se supor que sua intenção para Ahiman Rezon era “irmão secretário preparado” ou “irmão secretário da mão direita”.
Dermott foi Grande Secretário da Grande Loja dos Antigos por quase 20 anos, de 1752 a 1771, tendo sido o grande responsável pelo sucesso da Obediência. Era conhecido por ser criativo e ríspido, e ridicularizou as leis e a história lendária da Maçonaria criada por James Anderson, além das modernizações promovidas pelos “Modernos”. Dermott ainda lançou e divulgou a ideia de que os maçons “antigos” sabiam tudo que os “modernos” sabiam, mas não o contrário, pois a Maçonaria dos “antigos” era mais completa. Ele se referia ao Real Arco, que foi o grande vitorioso na fusão das duas Grandes Lojas inglesas, gerando na Grande Loja Unida da Inglaterra a grande confusão matemática do mundo maçônico, através do artigo: “(…) a pura Maçonaria Antiga consiste de três graus e nenhum mais, isto é, os de Aprendiz Registrado, Companheiro de Ofício e Mestre Maçom, incluindo o Sagrado Real Arco”. Ou seja, para a Grande Loja Unida da Inglaterra, 03 e nenhum mais… são 04! Se estivesse vivo, tenho certeza que Dermott também faria piada disso.