por admin | jan 20, 2011 | Simbologia

Qual a origem do chapéu na maçonaria, usado pelo Venerável Mestre nas reuniões de Aprendiz e Companheiro e por todos os Mestres nas reuniões de Mestre Maçom?
Uma das obras de José Castellani declara que herdamos o chapéu preto dos judeus ortodoxos, e que o chapéu em Loja é a “coroa maçônica”, influência da realeza européia, usada pelo Venerável como símbolo de sua posição de liderança.
Afinal de contas, herdamos dos judeus ou dos reis europeus? E os judeus ortodoxos, usam o chapéu preto porque se consideram reis? Não há como misturar uma coisa com a outra, chapéu de judeu com coroa de europeu. Mas Castellani e muitos outros irmãos tentaram.
Se herdamos o chapéu dos judeus ortodoxos, será que não deveríamos adotar também a circuncisão? Ou talvez as tranças nas orelhas e a barba longa?
Na verdade, o uso do chapéu na Maçonaria é praticamente inverso ao uso do chapéu pelos judeus! Os judeus utilizam o chapéu obrigatoriamente durante as orações e cerimônias religiosas, em sinal de temor a Deus. Já o maçom utiliza durante toda a reunião e retira o chapéu exatamente nos momentos de orações, em sinal de respeito! Dessa forma, fica claro que o uso do chapéu pelos maçons não tem nenhuma relação com o uso do chapéu pelos judeus ortodoxos, como pensava Castellani.
Já a teoria do chapéu ser um símbolo da “coroa maçônica”, influenciada pelo símbolo de liderança que distingue o rei dos demais, seria mais plausível, afinal de contas, o Venerável Mestre representa o Rei Salomão, não é mesmo? Porém, porque o Venerável não utilizaria uma verdadeira coroa em Loja? Uma coroa de louros, ou flores, ou de metal? Porque seria um chapéu preto de abas caídas (REAA) ou mesmo uma cartola (Rito de York)? E por que todos os Mestres usariam em reuniões de Mestre, se o representante do rei Salomão é apenas o Venerável?
Na Grécia Antiga o chapéu era símbolo de sabedoria e liberdade. O famoso escritor maçom Oliver comenta sobre o mesmo significado para os romanos, tendo sobrevivido na maçonaria desde as Guildas Romanas. Sua relação com a sabedoria permaneceu na Idade Média, como os chapéus dos magos denunciavam, os quais foram adaptados para cartolas pelos mágicos. O chapéu representa proteção. Se na prática o chapéu protege a cabeça do dono contra o sol, simbolicamente, o chapéu é como um elmo que confirma e protege a sabedoria que se encontra na cabeça do Venerável Mestre. Assim sendo, o chapéu do Venerável Mestre pode realmente ser interpretado como uma coroa representativa de sua autoridade. Porém, uma autoridade com base na Sabedoria, assim como a de Salomão. E é por serem detentores da sabedoria maçônica que todos os Mestres utilizam o chapéu nos ritos originados na França.
O costume do uso de chapéu pelo Venerável Mestre era um costume na maçonaria inglesa até a fusão que originou a Grande Loja Unida da Inglaterra. Após a fusão, os antigos costumes foram “reformulados” para agradar ambas as partes, e a tradição do chapéu simplesmente foi descartada. O único ritual na Inglaterra que mantém o uso do chapéu pelo Venerável Mestre é o Bristol. Mas por uma ironia do destino, essa tradição permaneceu viva nos EUA. E os ritos de origem francesa também mantiveram esse antigo costume, tão presente no Brasil.
por admin | jan 18, 2011 | Simbologia
Muitos são os maçons brasileiros defensores do balandrau. Mas afinal, qual a origem dessa vestimenta na maçonaria?
O célebre escritor José Castellani escreveu que o balandrau era a indumentária dos membros do “Collegia Fabrorum”, e que os maçons operativos medievais, do século XIII em diante, também utilizavam a túnica negra.
Com todo o respeito ao saudoso Irmão Castellani e suas obras, que tanto acrescentaram para a literatura e cultura maçônica brasileira, permita-nos discordar de tal afirmação. Nos parece que se trata de teoria feita de forma inversa, ou seja, apenas para justificar um costume arraigado, ao invés de buscar sua origem. Afinal de contas, não existe qualquer indício de que os membros do Collegia Fabrorum ou mesmo os maçons operativos medievais realmente utilizavam balandrau. Em que se baseia essa afirmação? A impressão é de que apenas se afirmou o uso pelos membros da maçonaria operativa para justificar o uso pelos maçons especulativos, sem qualquer fundamento histórico para ilustrar tal teoria.
Em verdade, a origem do balandrau na maçonaria é outra. Podemos dizer que herdamos o balandrau de uma instituição “prima”: A Carbonária.
Analisando a “Carta de Bolonha” e tantos outros documentos existentes do segundo milênio, vê-se claramente que já no século XI a maçonaria operativa era dividida entre os que trabalhavam com “pedra” e os que trabalhavam com “madeira”. Em resumo, os que trabalhavam com “pedra”, que eram maiores em número e em serviços, eram os maçons operativos, dos quais somos os legítimos herdeiros. Enquanto que a Carbonária surgiu como herdeira daqueles que trabalhavam na madeira.
A Carbonária se fazia presente de forma itensa na Itália, França e Portugal, e era governada pelo General francês Joaquim Murat, cunhado de Napoleão Bonaparte e tido como rei de Nápoles. Os carbonários eram conhecidos pelo uso de uma túnica preta com a imagem do punhal de São Constantino bordada no peito esquerdo – Sim, um balandrau.
Joaquim Murat tratou de iniciar na Carbonária seu filho, “príncipe” Charles Lucien Murat. Em 1815, o príncipe Murat teve que se exilar por conta do assassinato de seu pai, vivendo então na Áustria, Veneza e por último nos Estados Unidos. Só conseguiu retornar à França em 1848. Em 1852, Murat assumiu como Grão-Mestre do Grande Oriente da França, cargo em que permaneceu até 1862.
Nesses 10 anos como Grão-Mestre, Lucien Murat realizou uma grande revolução no Grande Oriente da França, o qual cresceu como nunca em número de Lojas e notoriedade. Foi também nesse período que vários traços da antiga Carbonária foram implementados na maçonaria francesa, entre eles o uso do balandrau. Os maçons do Grande Oriente do Brasil, que tão estreitos laços possuiam e tanta influência sofriam da maçonaria francesa, a qual havia sempre servido de exemplo e fonte dos Ritos então praticados no Brasil – Escocês, Adonhiramita e Moderno – logo também aderiram ao balandrau.
Porém, em janeiro de 1862, o rei Napoleão III declara o Marechal Bernard Pierre Magnan, um profano, como Grão-Mestre do Grande Oriente da França. O Marechal Magnan é iniciado e elevado até ao grau 33 do Rito Escocês em apenas dois dias. Magnan desfaz muitas das mudanças promovidas por Lucien Murat. No entanto, o balandrau já havia caído nas graças dos irmãos brasileiros.
Uma das evidências que constata que o balandrau não teve origem no Collegia Fraborum ou na maçonaria operativa é de que é um traje totalmente desconhecido na maçonaria da Inglaterra, Irlanda, Escócia e Alemanha, países em que a maçonaria é tão antiga e originária das antigas Guildas quanto na Itália, França e Portugal, ao mesmo tempo em que esses primeiros não tiveram a presença da Carbonária em seus territórios, enquanto Itália, França e Portugal tiveram.
Com base em tais relatos e análises históricas, conclui-se que a afirmação de que o balandrau é uma herança da maçonaria operativa, apesar de valorizar simbolicamente o balandrau, é totalmente falsa. Fica evidente a influência que a Carbonária, através de Lucien Murat, exerceu sobre o Grande Oriente da França e, conseqüentemente, sobre a Maçonaria Brasileira, sendo o balandrau o mais visível indício disso.
Porém, não se deve deixar de concordar com o Irmão Castellani em uma coisa: a verdadeira vestimenta do maçom é o AVENTAL. Sem ele, o maçom não trabalha.
por admin | jan 14, 2011 | Simbologia
Todos já ouviram falar de alguma história relacionando um bode preto com a Maçonaria. As histórias geralmente são de que você precisa montar em um bode preto para iniciar, ou que o Deus da Maçonaria é um Bode preto.
Para explicar essa questão histórica da crendice popular relacionando a Maçonaria com o uso ou culto de um bode, os próprios Irmãos Maçons, sem encontrarem nenhum indício que justificasse tal crença, buscaram uma explicação plausível. A lenda que surgiu para isso, e que foi eternizada pelos escritos do célebre irmão José Castellani, é bastante conveniente:
Dizem que havia um costume antigo entre os judeus que viviam na Palestina nos primeiros séculos da cristandade: os homens costumavam confessar seus pecados para um bode. O bode era um animal muito comum na região e, evidentemente, não pode passar o pecado confessado para frente. Dessa forma, os homens se sentiam mais aliviados pela confissão e seguros de que os pecados revelados nunca seriam contados a ninguém. Dizem ainda que o apóstolo Paulo, em contato com esse antigo costume, implementou a confissão na Igreja. Foi então que, mais de mil anos depois, durante a Inquisição, muitos maçons foram presos e torturados para que contassem os segredos da Maçonaria, porém, nenhum contava. Por conta disso, os clérigos responsáveis pelos inquéritos, conhecedores da origem da “confissão cristã”, diziam que os maçons eram como os bodes, que nunca contam os segredos.
Apesar da beleza dessa história, que reforça a lealdade maçônica aos juramentos prestados, não há nenhum embasamento para essa lenda. Ao contrário, existem fortes indícios ao contrário:
A “confissão auricular” era um antigo costume religioso romano. Há quem diz que foi defendida pelo Apóstolo Paulo, que considerava todos os sacerdotes da Igreja como sendo os sucessores espirituais dos Apóstolos, e interpretava que Jesus concedeu aos seus apóstolos o direito de perdoar os fiéis de seus pecados. Porém, a confissão auricular só se tornou obrigatória no IV Concílio de Latrão, por volta de 1215 d.C. Pessoas consideradas “santas” como Santo Agostinho morreram sem nunca terem se confessado.
Não há qualquer registro da Igreja Católica ou mesmo no Judaísmo que faça qualquer referência ao suposto antigo costume de se confessar a um bode. Também não se tem notícia de algum registro de inquérito da Inquisição em que os responsáveis se referem aos maçons como “bodes” por guardarem segredos. Essa lenda não possui sustentação histórica.
Por outro lado, há outro fato histórico diretamente relacionando Maçonaria e Bode que poderia justificar essa crendice popular: Baphomet.
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Baphomet por Eliphas Levi |
Quando os Templários foram presos e torturados, uma das várias acusações sobre a Ordem do Templo e seus membros era de que eles veneravam um Deus que possuia corpo de homem e cabeça de bode, o qual chamavam de “Baphomet”. Na época, o povo relacionava o bode com o diabo, pois o bode fede e tem chifres, assim como a visão ocidental do diabo. O nome Bathomet era uma mistura clara de “bode” com “maomé”. É claro que se tratava de mais uma acusação absurda da “Santa Inquisição”, a qual nunca foi provada, mas justificou por 07 anos a tortura de vários inocentes.
Alguns séculos após o fim da Ordem dos Templários e a condenação de seus líderes à fogueira em 18 de Março de 1314, a Igreja Católica resgatou tal acusação para difamar a Maçonaria. A figura do Baphomet ressurgiu dos arquivos do Vaticano para servir de ilustração da campanha difamatória contra a Maçonaria. Desde então a imagem de um homem com cara de bode está diretamente ligada à Maçonaria na mente dos ignorantes ou mal intencionados. Já a Maçonaria, como não poderia deixar de fazer, levou e leva tais crendices pelo caráter jocoso e tem adotado o bode quase como um “mascote”.
Agora que você sabe a verdade, essa estória de cochichar na orelha do bode realmente soa meio absurda, né?
por admin | jan 4, 2011 | Simbologia
Diversas instituições e religiões observam os dias de Solstícios e o Equinócio, visto ser um dos costumes mais antigos relacionados à divindade. Esses dias marcam as mudanças de Estações, o que sempre guiou e ditou a rotina dos povos da antiguidade.
O solstício de verão é o marco em que o dia é o maior do ano, em detrimento da noite. Já no solstício de inverno ocorre o contrário, e a noite é a maior do ano.
Enquanto no hemisfério norte o Solstício de Verão é em Junho e o de Inverno em Dezembro, no hemisfério sul inverte-se: o de Inverno é em Junho e o de Verão é em Dezembro.
Essa variação de dia e noite não ocorre na Linha do Equador, onde os Solstícios são definidos através da distância entre a Terra e o Sol.
Antigamente, as iniciações no hemisfério norte ocorriam sempre no Solstício de Inverno, quando a noite é a maior do ano, simbolizando que o iniciado está na escuridão em busca da luz.
Costuma-se chamar o Solstício de Junho de “Solstício de Câncer” e o de Dezembro como “Solstício de Capricórnio” pela relação dos Solstícios com os trópicos.
Acredita-se que, assim como os Romanos observavam o Solstício de Inverno, em homenagem ao deus Saturno, posteriormente chamado de “Sol Invencível”, esse costume também era observado pelas Guildas Romanas, os antigos Colégios e Corporações de Artífices, que nada mais eram do que a Maçonaria Operativa. Esse costume permaneceu intacto até o surgimento da Maçonaria Especulativa, que tratou de não descartá-lo.
Porém, há fortes indícios de que a Maçonaria Especulativa, formada por europeus de predominância cristã e preocupados com a imagem da Maçonaria perante a “Santa Inquisição”, aproveitou a feliz coincidência das datas comemorativas de São João Batista (24/06) e São João Evangelista (27/12) serem muito próximas dos Solstícios, para relacionarem a observância dos Solstícios com os Santos de nome João, e assim protegerem a instituição e sua observação dos Solstícios da ignorância, tirania e fanatismo.
Nesse sentido, na Inglaterra, o antigo símbolo maçônico de um círculo ladeado por duas linhas paralelas, talvez um dos símbolos mais antigos da humanidade ainda em uso, teve a simbologia das linhas paralelas dos Trópicos de Câncer e Capricórnio, que possuem ligação direta com a observância dos Solstícios, transformados em São João Batista e São João Evangelista.
Reflitam: por que duas linhas paralelas representariam dois Santos de nome João? E como um símbolo tão antigo, mais antigo que o Cristianismo, poderia simbolizar esses dois Santos? Nada mais do que uma conveniente mudança de interpretação que, mesmo com o fim da Inquisição, infelizmente permaneceu em nossa literatura.