por admin | jul 11, 2011 | Simbologia
Um leitor enviou um interessante questionamento:
“Qual o ângulo em que deve ser aberto o Compasso e por quê?”
Antes de tratar do tema especificamente, devemos nos lembrar que os símbolos não são fórmulas fixas, variando de formas e significados conforme o tempo e as culturas e, no caso maçônico, também conforme os “achismos” dos ritualistas e autores. Por esse motivo, pode-se encontrar significados e explicações diferentes para um determinado símbolo maçônico conforme variações de país, obediência, rito, época, etc.
No caso do ângulo de abertura do Compasso, você encontrará por aí várias opções, cada uma com sua respectiva teoria e seus defensores:
– O compasso aberto em 45° nos três graus simbólicos;
– O compasso aberto em 60° nos três graus simbólicos;
– O compasso aberto em 72° nos três graus simbólicos.
– O compasso aberto em 30° no Ap, em 45° no Comp, e em 60° no Mestre;
– O compasso aberto em 30° no Ap, em 60° no Comp, e em 90° no Mestre;
Veja que os ângulos variam entre 30° e 90°. Será que há algum motivo oculto para isso? Nenhum, além do fato que em menos de 30° ou mais de 90° o desenho do Compasso com o Esquadro fica um tanto quanto desarmônico!
Você poderá encontrar vários diferentes significados para o(s) ângulo(s) do Compasso. Segue os mais comuns:
– Teoria dos “30°, 45°, 60°”: representa o alcance do conhecimento humano. O Maçom aumenta seu intelecto conforme o grau, mas nunca ultrapassa 1/6 (60° em 360°), que seria o “limite humano”. – Em resumo, chamam o Aprendiz de retardado mental;
– Teoria dos “30°, 60°, 90°”: representa a relação do espírito com a matéria, em que o Aprendiz começa com o Compasso mais fechado, mostrando que a matéria está prevalecendo, e o Compasso vai se abrindo a cada grau, mas chegando ao máximo no ângulo da matéria (esquadro), de 90°. – Será que se abrir mais do que 90°, o maçom morre?!?;
– Teoria dos “72°”: representa o ângulo interno das pontas do Pentagrama, símbolo presente na Estrela Flamígera e desvendado por Pitágoras. – Mas o Esquadro e o Compasso não têm juntos 06 pontas?.
Das teorias do Compasso com ângulo fixo nos três graus, a teoria de 60° é a mais forte, presente na maioria dos rituais e gravuras atuais. Essa teoria se reforça nas seguintes questões:
– É comum relacionar o símbolo do Esquadro e Compasso com o do Hexagrama (estrela de seis pontas), ou melhor, a Estrela de Davi, que é um símbolo muitas vezes relacionado ao GADU e ao Templo de Salomão. As 06 pontas do exagrama possuem o ângulo interno de 60°.
– O triângulo perfeito, que seria o símbolo maior da Maçonaria, com 3 lados iguais, é composto por 3 ângulos internos de 60°.
– Considerando o Esquadro como símbolo da retidão e o Compasso como símbolo da perfeição, o Esquadro forma o triângulo-retângulo, 90° (retidão), e o Compasso em 60° forma o triângulo-perfeito (perfeição).
Porém, apesar de mais coerente e comum, a teoria do ângulo de 60° não é a correta. Aliás, nenhuma pode ser considerada como a verdadeira, a original.
Infelizmente, vê-se na Maçonaria uma tendência em adicionar à nossa simbologia significados extras, ocultos, inexistentes. O Compasso é apenas mais um típico exemplo disso. Uma breve análise de gravuras maçônicas de Esquadro e Compasso do século XVIII e XIX, quando do nascimento das primeiras Obediências e Ritos, é o bastante para comprovar que não havia uma conformidade no ângulo de abertura do Compasso. O símbolo era sempre composto de um Compasso aberto e um Esquadro, mas pouco importando o ângulo do compasso que, conforme as gravuras, era sempre inexato: 32°, 44°, 56°, 64°, etc.
Enfim, essa preocupação “numerológica” é coisa bem mais recente, apenas outro “enxerto” em nossos rituais.
por admin | maio 20, 2011 | Simbologia
Os rituais antigos registram que a forma da Loja é a de um “quadrado oblongo”. Talvez você esteja pensando: “Como é possível um quadrado ser oblongo? Aí não seria quadrado, e sim retângulo! Esse termo está errado!”
Se você pensou algo parecido, saiba que muitos ritualistas ao longo dos últimos séculos pensaram como você. Esses ritualistas também acharam o termo de certa forma contraditório e foram substituindo-o ao longo do tempo. Hoje, vê-se “quadrilongo” e até a aberração “retângulo alongado”! Ora, se é retângulo, então já é alongado, não é mesmo?
A verdade é que o quadrado oblongo, o quadrilongo e o retângulo são apenas nomes diferentes para a mesma figura geométrica. Nenhum deles está errado, nem mesmo o “quadrado oblongo”, o mais antigo deles. Entenda o porquê:
Procure na bíblia a palavra “retângulo”. Aliás, não procure porque você não encontrará. Isso não significa que não há objetos e construções retangulares descritos na bíblia. Simplesmente, o termo não existia.
Para que se entenda melhor a questão, deve-se compreender o verdadeiro significado da palavra “quadrado”. Quadrado vem do “quadratus”, que é o particípio passado do verbo em latim “quadrare”, que significa “esquadrar”. Assim sendo, quadrado, no sentido original, era toda forma geométrica de quatro lados formada por ângulos retos. Quando os quatro lados eram do mesmo tamanho, o quadrado era “quadrado perfeito”, e quando dois lados paralelos eram maiores que os outros dois, era “quadrado oblongo”. A palavra retângulo veio surgir muito tempo depois.
Mas quais as medidas corretas?
“Sem simetria e proporção não pode haver princípios na concepção de qualquer templo.”
Vitrúvio
O quadrado oblongo, como todo retângulo, pode ter qualquer tamanho, desde que dois lados paralelos sejam maiores do que os outros dois. Um templo maçônico, tendo a forma de um quadrado oblongo, também pode ter qualquer tamanho, conforme o espaço físico, interesse e recursos financeiros permitem. Mas a questão que interessa aos maçons é se há uma proporção correta a ser respeitada, como bem sinalizou Vitrúvio, autor das primeiras obras que detalham as Ordens de Arquitetura, tão importantes para a Maçonaria.
Nesse sentido, existem duas teorias:
A primeira é de que a proporção é de 1×2, ou seja, as paredes do Norte e do Sul devem ter o dobro do comprimento das paredes do Oriente e Ocidente. Essa teoria se sustenta na proporção conhecida como “ad quadratum”, de origem romana e que foi muito usada na construção de igrejas góticas.
A segunda teoria, e mais aceita, é da Proporção Áurea, que é de aproximadamente 1×1,618. Essa famosa proporção, também conhecida como Proporção de Ouro e Divina Proporção, foi utilizada na concepção do Parthenon e adotada por artistas como Giotto. Também está presente na natureza, como em algumas partes do corpo humano e nas colméias, além de vários outros exemplos envolvendo o crescimento biológico, o que torna tal proporção ainda mais intrigante. Pitágoras, figura extremamente importante na Maçonaria, registrou a presença da Proporção Áurea no Pentagrama, tornando esse o símbolo de sua Escola. O próprio Vitrúvio era fã devoto da proporção. O retângulo feito com base na Proporção Áurea é chamado de “Retângulo de Ouro”. Para se ter uma ideia de sua influência e aplicação até nos dias de hoje, os cartões de crédito convencionais respeitam a Proporção Áurea.
Desvendado o “mistério do quadrado oblongo”, é importante observar que a Maçonaria apenas declara que o templo tem tal formato, sem explicitar qual seria a proporção adequada. Mas se você é adepto de uma das proporções e não encontrá-la no templo de sua Loja, não se preocupe. Afinal de contas, não se fazem mais templos como antigamente.
por admin | maio 11, 2011 | Simbologia
Esse é um tema um tanto quanto comentado na Maçonaria contemporânea. Há tantas teorias, histórias e invenções sobre o assunto que se torna até difícil tratá-lo de forma concisa.
Você pode ler por aí que Instalação é a mesma coisa que Investidura ou que Posse. Isso não é verdade.
Você também pode ler que Instalação é um costume que a Maçonaria copiou dos Cavaleiros Templários. Isso é viagem.
Talvez você leia em algum lugar que Instalação é uma influência da Igreja Católica na Maçonaria. Isso é besteira.
Você também poder se deparar com a teoria de que Instalação é uma cerimônia adaptada de um Grau Superior do Real Arco Americano, chamado de Grau de Past Master. Essa é uma grande idiotice.
E se você ler que a Instalação surgiu por volta de 1823 na Grande Loja Unida da Inglaterra, também não acredite.
Em primeiro lugar, instalação significa “ato de instalar”, sendo o verbo “instalar” originado do termo latim “installare”, que significa “introduzir na cadeira”. Assim sendo, instalação é algo maior do que uma simples investidura ou posse. Os Oficiais são investidos no cargo, tomam posse. Mas apenas o líder é “introduzido na cadeira”, ou seja, é “instalado”.
Esse costume de instalar o Mestre da Loja, de sentá-lo no Trono de Salomão, não nasceu com a Grande Loja Unida da Inglaterra, ou com o Ritual de Emulação, ou mesmo com algum Grau Superior. Pelo contrário, esse costume é mais antigo do que tudo isso e ainda mais antigo que o Grau de Mestre Maçom.
Como todos sabem (ou pelo menos deveriam saber), antigamente só havia 02 Graus: Aprendiz e Companheiro. Então, os Companheiros escolhiam entre eles aquele para governar a Loja, o qual era instalado na “Cadeira do Oriente” e chamado de Mestre da Loja. Na própria 1ª versão da Constituição de Anderson, datada de 1723, não havia ainda citação do Grau de Mestre Maçom, que só foi acrescentado na edição seguinte, mas já havia o antigo costume de “instalar” o Venerável Mestre.
Esse costume da Maçonaria Inglesa se deveu à cultura monárquica dos britânicos. Afinal de contas, os reis também são “instalados” no trono quando assumem o posto, e se o Venerável Mestre simboliza o Rei Salomão, então nada mais justo dele ser devidamente instalado no trono. Daí muitos estudiosos também relacionam o uso do chapéu do Venerável Mestre com a coroa, e o uso do malhete com o cetro.
Já essa história de que a instalação foi adaptada do Grau de Past Master do Real Arco é a típica suposição maçônica. Alguém que fica sabendo que existe um grau no Real Arco que se chama “Past Master” e conclui que esse grau serviu de base para a Instalação de Venerável Mestre não pode ser considerado um Investigador da Verdade. É apenas mais um “achista” de plantão. Na verdade ocorreu exatamente o contrário: o grau de Maçom do Real Arco tradicionalmente era restrito a Mestres Instalados. Então, para não restringir o grau apenas àqueles que foram Veneráveis Mestres, foi criado um grau conhecido como “Past Master Virtual” que é apenas uma “Instalação Virtual” para que o membro que não seja um Mestre Instalado tenha o conhecimento mínimo para se tornar um Maçom do Real Arco. Portanto, foi a Instalação que serviu de base para o Grau de Past Master, e não o contrário.
Outra observação a se fazer quanto à Instalação é quem a realiza. O correto é que o Venerável Mestre realize a Instalação de seu sucessor. Ele se une com pelo menos três Mestres Instalados da Loja ou visitantes e forma o Conselho de Mestres Instalados, o qual realiza a Instalação. É direito daquele que está deixando o posto entregar o bastão, faixa, colar, malhete ou o que quer que seja ao que está assumindo. Isso faz parte do processo democrático.
Enfim, trata-se de um antigo costume maçônico inglês com valor simbólico importantíssimo para a manutenção da cultura maçônica através das Lojas, e por isso adotado por praticamente todos os Ritos e Rituais regulares do mundo.
por admin | abr 26, 2011 | Simbologia
O triponto está presente nas abreviações contidas em diplomas, pranchas, manuais e rituais do REAA e na assinatura de todo maçom brasileiro que se preze. Mas qual é a origem desse costume e seu real significado?
Muitos se arriscam em chutar seu significado: os três graus simbólicos; o Esquadro e Compasso e o Livro da Lei; as Colunas Jônica, Dórica e Coríntia; o Venerável e seus dois Vigilantes; o triângulo superior da Árvore da Vida; as pirâmides de Quéops, Quefren e Miquerinos; o Enxofre, o Mercúrio e o Sal; Pai, Filho e Espírito Santo; ou mesmo Prótons, Elétrons e Nêutrons; etc, etc, etc. Daí, em cima do suposto significado, “deduzem” a origem: Grécia Antiga, Cabala, Egito Antigo, alquimistas, Igreja e até na Física.
Temos que concordar que o tema colabora para o quase infinito número de interpretações, muitas sem pé nem cabeça, afinal de contas, o número 03 pode ser encontrado em todas as culturas, épocas e religiões. Aliás, pode-se encontrar nessas qualquer número entre 01 e 09, basta um pouco de criatividade! Os números acima de 09 não são tão populares exatamente por dar mais trabalho encontrá-los.
Mas não é possível que continuemos a utilizar o triponto nas abreviações e até mesmo em nossas assinaturas sem saber a real origem e significado do mesmo. Então, vamos ao que interessa:
O triponto não está presente na Maçonaria Universal, e sim apenas nos Ritos de origem francesa. Sua forte presença no Brasil deve-se à supremacia do REAA no país. Conforme Ragon, em sua obra “Ortodoxia Maçônica”, o triponto começou a ser oficialmente usado nas abreviações a partir de 12/08/1774, através de determinação do Grande Oriente da França. Chapuis evidencia que o uso já era adotado por algumas Lojas francesas anteriormente, como na Loja “A Sinceridade”, de Besançon, em ata de 1764.
O costume de abreviar as palavras surgiu com os gregos e foi extensamente explorado pelos romanos através das “anotações tironianas” que, aliás, criaram a regra de duplicar a letra inicial quando da abreviação de termo no plural, regra ainda existente na abreviação maçônica. Esse sistema de abreviação do latim sobreviveu de tal forma na Europa pós-romana que, para se ter uma ideia do uso e abuso das abreviaturas na França, em 1304 o Rei Felipe IV, o Belo, publicou lei proibindo abreviações nas atas jurídicas.
Se sempre adotadas em atas e sinalizadas por traços, barras ou reticências, é claro que nas atas maçônicas as abreviações não ficariam de fora e ganhariam um sinal correspondente com a instituição: uma variação das reticências, lembrando o símbolo geométrico mais importante para a Maçonaria, o Triângulo. Não demorou para que, pelo costume da escrita e exclusividade do uso, o triponto ultrapassasse sua utilidade caligráfica e alcançasse a assinatura dos Irmãos.
Por que os maçons ingleses e americanos não utilizam o triponto? Simplesmente porque a língua inglesa não é uma língua neolatina, românica. Ocorrem abreviações, porém respeitando outras regras e sem o uso de sinais.
Com a questão esclarecida, sejamos sinceros: a verdade é bem melhor do que imaginar que estamos desenhando Quéops, Elétrons ou Enxofre quando assinamos!
por admin | abr 11, 2011 | Simbologia
Se você acha que já viu de tudo escrito por aí, cuidado. Você pode aprender a triste lição de que nunca se deve subestimar a capacidade do ser humano de “viajar”.
Certo autor cometeu o disparate de escrever que o candidato durante a iniciação é um feto que está nascendo da mãe Maçonaria, e que a corda em seu pescoço simboliza o cordão umbilical, que será em breve tirado, como num recém-nascido. Mesmo que façamos um esforço para acreditar na teoria improvável de que nossos antecessores, Maçons Operativos, adotavam essa simbologia, seria mais óbvio então amarrar a corda na altura do umbigo, e não no pescoço.
Outro autor, não satisfeito, declarou que a corda no pescoço do candidato é representativa do símbolo milenar da serpente que morde sua própria cauda. Esse símbolo, chamado de Ouroboros ou Uróboros, representa a eternidade e costuma ser relacionado com a Alquimia. Enfim, nenhuma relação com o pescoço e o ato da Iniciação.
Há ainda aqueles que afirmam que a corda no pescoço simboliza o estado de escravidão que o candidato se encontra, escravo das paixões, dos vícios e da ignorância. Então não seria melhor amarrar suas mãos, algemá-lo? Seria uma representação um tanto mais adequada.
Por fim, há os que consideram a corda no pescoço uma armadilha simbólica, para ser usada no caso do candidato tentar fugir ou trair a confiança nele depositada durante a Iniciação. Nesse caso, qual seria a utilidade da ponta da espada que logo pressiona o peito do candidato?
Por que complicar o que é simples? Há dois entendimentos respeitáveis sobre a corda no pescoço: A “Ars Quatuor Coronatum”, publicação da conceituada “Quatuor Coronati Lodge n°2076”, registrou no seu 1° Volume que a corda no pescoço é símbolo de controle, obediência e direção. Já o famoso Albert Pike foi ainda mais simplista: não é nada mais do que um dispositivo de controle do corpo do candidato.
Corroborando com tais compreensões, pode-se observar que a mesma corda é empregada nos candidatos também quando do ingresso em outros graus, inclusive em graus de diferentes ritos. Mesmo que amarrada de forma e em lugar diferente, sempre é simbolicamente usada para guiar. Apesar desse objetivo primário, nos graus mais “modernos”, a corda acabou ganhando também conotação de elo, união, fraternidade. Se no primeiro grau a corda é posta no pescoço, nada mais é do que sinal de que o candidato ainda não é possuidor da confiança total dos presentes, por isso recebendo um direcionamento menos fraterno e amigável.
É muito fácil comprovar o significado da corda no pescoço: basta pegar uma corda com nó corrediço e colocar no pescoço de alguém. Então pergunte à pessoa como ela se sente, quais os pensamentos e sentimentos que vêm à mente. Haverá duas sensações: a pessoa poderá relacionar a situação ao enforcamento ou se sentir como um animal laçado, como um cachorro na coleira. Um conselho: no caso da pessoa dizer que se sente no útero da mãe ou como um alquimista com um colar de serpente, ligue para um psiquiatra.
por admin | abr 6, 2011 | Simbologia
Sejamos sinceros: tem muito Mestre por aí que não tem a mínima noção do que é o Nome Inefável, sua origem e simbologia. Já outros fazem o favor de inventar lendas e teorias místicas que vão além da imaginação dos simples mortais. Entre elas, podemos citar a lenda de que, se você pronunciar o Nome corretamente, terá poderes ilimitados (Superman?). Tratemos aqui apenas do que é real:
O que é Inefável? A palavra inefável descreve algo que não pode ser pronunciado, ou seja, impronunciável, indizível. Seria algo tão sagrado que sua pronúncia seria indevida, restrita apenas aos escolhidos, e dita apenas nos momentos apropriados. Assim, o Nome Inefável seria o nome de um Deus eterno, único, onipresente e invisível. Afinal de contas, se só há Ele, então Ele não precisa ser nomeado, e se Ele está presente em todos os lugares, então Ele não precisa ser chamado. Com essa crença, os judeus posicionaram seu Deus acima dos deuses de outros povos, pois Ele não estava vinculado a animais ou aos astros e não possuía concorrentes.
Mas para transmitir as histórias e ensinamentos de sua crença, os judeus precisavam se referir a Ele de alguma forma. Para isso, adotaram “títulos” como Elohim (a Autoridade), El Shaddai (Todo Poderoso), Adonai (Senhor), Elyon (Altíssimo), Ehyeh-AsherEhyeh (Eu sou o que sou), e outros. Esses títulos foram devidamente traduzidos nas bíblias tradicionais e são amplamente usados pelas igrejas e seus sacerdotes ao mencionarem o GADU.
Como em todos os povos das mais remotas eras tinham nos sacerdotes os guardiões de algum tipo de segredo ou mistério, com os judeus não poderia ser diferente. Assim, ficou o Sumo Sacerdote, líder religioso do povo judeu, responsável por guardar a pronúncia do verdadeiro nome do GADU e pronunciá-lo apenas quando em cerimônia específica no Templo de Jerusalém. O nome teria sido informado inicialmente a Moisés por Deus através da Sarça Ardente. Dessa forma, o nome servia como uma espécie de senha, um segredo que era transmitido pelo Sumo Sacerdote a seu sucessor e aos Reis coroados por ele, sempre de forma ritualística, dentro do Templo.
Na verdade, todo bom judeu sabia como se escrevia o nome verdadeiro de Deus, mas apenas o Sumo Sacerdote e o Rei sabiam pronunciá-lo. Você deve estar se perguntando: Como isso é possível? Explicando de uma forma bem simplista: O hebraico é uma língua que só se escreve com consoantes. Assim, o leitor judeu precisa conhecer a pronúncia da palavra para pronunciar as vogais corretas. Para quem achar isso um pouco estranho, saiba que produzimos exemplos claros disso todos os dias: vc = você; tbm = também; blz = beleza.
O nome de Deus seria escrito com 04 letras hebraicas correspondentes às letras JHVH de nosso alfabeto (tetragramaton), mas como as pessoas nunca haviam escutado a palavra, não sabiam como pronunciá-la. Poderia ser mais de 100 combinações: Jahavah, Jahaveh, Jahavih, Jahavoh, Jahavuh, Jahevah, Jaheveh, Jahevih, Jahevoh, Jahevuh, Jahivah, Jahiveh, Jahivih, Jahivoh, Jahivuh, Jahovah, Jahoveh, Jahovih, Jahovoh, Jahovuh, Jahuvah, Jahuveh, Jahuvih, Jahuvoh, Jahuvuh, Jehavah, Jehaveh, Jehavih, Jehavoh, Jehavuh, Jehevah, Jeheveh, Jehevih, Jehevoh, Jehevuh, Jehivah, Jehiveh, Jehivih, Jehivoh, Jehivuh, Jehovah, Jehoveh, Jehovih, Jehovoh, Jehovuh, Jehuvah, Jehuveh, Jehuvih, Jehuvoh, Jehuvuh, Jihavah, Jihaveh, Jihavih, Jihavoh, Jihavuh, Jihevah, Jiheveh, Jihevih, Jihevoh, Jihevuh, Jihivah, Jihiveh, Jihivih, Jihivoh, Jihivuh, Jihovah, Jihoveh, Jihovih, Jihovoh, Jihovuh, Jihuvah, Jihuveh, Jihuvih, Jihuvoh, Jihuvuh, Johavah, Johaveh, Johavih, Johavoh, Johavuh, Johevah, Joheveh, Johevih, Johevoh, Johevuh, Johivah, Johiveh, Johivih, Johivoh, Johivuh, Johovah, Johoveh, Johovih, Johovoh, Johovuh, Johuvah, Johuveh, Johuvih, Johuvoh, Johuvuh, Juhavah, Juhaveh, Juhavih, Juhavoh, Juhavuh, Juhevah, Juheveh, Juhevih, Juhevoh, Juhevuh, juhivah, Juhiveh, Juhivoh, Juhivuh, Juhovah, Juhoveh, Juhovih, Juhovoh, Juhovuh, Juhuvah, Juhuveh, Juhuvih, Juhuvoh, Juhuvuh. Isso sem considerar a hipótese das consoantes estarem misturadas, o que aumenta as possibilidades de combinação para mais de mil.
De qualquer forma, seja pela morte daqueles que a sabiam ou pela destruição do Templo, único lugar onde o nome poderia ser pronunciado, a palavra se perdeu. Uma versão que surgiu com o tempo foi a utilização das vogais de Ehyeh-AsherEhyeh (Eu sou o que sou) com o Tetragramaton, o que gerou a versão Jihaveh (Javé, em português). Mas também convencionou-se adotar os sons de Adonai, título mais comum para denominar Deus, em combinação com o Tetragramaton, o que gera o nome Jihovah (Jeová, em português), que se consolidou como a “versão correta” do nome do GADU, apesar de não existir quaisquer outros indícios para tanto. Por esse motivo, o nome continua sendo “inefável” para os judeus ortodoxos e muitas outras vertentes religiosas e esotéricas.
Para nós, Mestres Maçons, independente de qual seja a pronúncia correta, o que realmente importa são os profundos ensinamentos que esse símbolo ilustra. E uma dessas lições é de que, apesar do GADU ser chamado de tantos diferentes nomes e visto de tantas diferentes formas, conforme a cultura, costumes e crenças de cada povo e cada ser, Ele é o mesmo, único, oculto aos nossos olhos, mas presente em nossas vidas.