por admin | jan 9, 2012 | Simbologia
Todo maçom brasileiro já ouviu falar do termo “lowton”, apesar da maioria nunca ter visto um e nem mesmo saber o significado da palavra “lowton”. Isso porque a “adoção de lowtons” se tornou algo muito raro na Maçonaria brasileira.
Lowton é o filho de maçom que é “adotado” pela Loja Maçônica de seu pai, a qual se responsabiliza em colaborar para sua formação moral, intelectual e espiritual, em especial no caso de falecimento de seu pai. A legislação maçônica de algumas Obediências, além de permitir que as Lojas de sua jurisdição adotem lowtons, permitem ainda que o lowton seja isento da taxa de iniciação, ou até mesmo que possa ser iniciado na Maçonaria antes de completar a idade de 21 anos.
Uso de lewis na Suíca, 1420.
O nome “lowton” seria uma derivação da palavra francesa “louveteau”, modo como os maçons franceses chamam seus filhos, e que significa “lobinho”.Já no caso da Maçonaria de língua inglesa, o termo utilizado está explicitamente ligado à Maçonaria Operativa: Lewis. Trata-se de uma ferramenta muito útil para se erguer e movimentar pedras pesadas através do encaixe de uma argola em um feixe na pedra, que é usada para amarrar uma corda ou corrente que eleva a pedra por meio de um sistema de alavancagem.
Há muitas antigas instruções inglesas, escritas no costumeiro formato de perguntas e respostas, que contém:
P – “Como nós chamamos o filho de um maçom?”
R – “Um lewis.”
Ainda na Maçonaria Inglesa, conforme observou Dr. Oliver, é dado ao uso do nome um significado: assim como a lewis sustenta pesadas pedras, facilitando o trabalho de um maçom, um lewis (filho de maçom) deve estar preparado para apoiar seu pai quando de sua velhice, para que este não sinta tanto o peso da idade.
Um dos mitos existentes acerca de lewis (ou lowton), e que muitos escritores maçons querem crer, é de que George Washington era um lewis, e por isso teria sido iniciado com apenas 20 anos de idade. Trata-se de uma dedução baseada numa premissa furada, ou seja, uma falácia, tendo por base única e exclusivamente a seguinte dedução indevida: se um lewis/lowton pode iniciar na Maçonaria antes dos 21 anos de idade, logo, todos aqueles que iniciaram antes dos 21 anos eram lewis/lowtons. Faltou a tais teóricos a pesquisa dos fatos, talvez por ser atividade um pouco mais trabalhosa: a Loja em que Washington foi iniciado, Loja “Fredericksburg”, na cidade de Fredericksburg, ainda era uma Loja “independente” quando de sua iniciação, ou seja, trabalhava sem Carta Constitutiva, sem estar submetida à legislação de qualquer Grande Loja, o que lhe permitia iniciar qualquer candidato sem algum requisito exigido por aquelas a quem a Loja não estava subordinada.
Outro mito sobre o assunto existente na literatura maçônica é quererem justificar o termo “lowton” com o papel sagrado do lobo nos antigos mistérios do Egito. Sinceramente, parece que alguns maçons têm vergonha de nossa herança operativa, sempre buscando em cada palavra laços históricos com egípcios ou templários. Ao contrário dessa teoria absurda, o motivo é mais simples do que parece: assim como nós brasileiros chamamos a ferramenta de suspender o carro de “macaco”, os franceses chamavam antigamente a ferramenta conhecida em inglês por “lewis” pela palavra francesa “louve”, que significa “lobo”. Isso significa que o termo “lowton” é oriundo da mesma ferramenta de construção, lewis, o que mostra como a simbologia maçônica é realmente universal, apesar de muitas vezes seus significados se perderem nas brumas do tempo e da má literatura.
Aos Mestres Maçons desejosos de conhecer um pouco mais do lewis no contexto maçônico, essa antiga ferramenta está presente no grau de Mui Excelente Mestre do sistema americano do Real Arco.
por admin | out 28, 2011 | Simbologia
Qual o significado da letra “G” comumente presente no centro do Esquadro & Compasso?
Vários autores apontam vários significados, muitos dos quais absurdos: God, GADU, Grande Geômetra, Ghimel, Gama, Geração, Gênio, Gnose, Gomel, Glória, Gibur, Gibaltrar, etc.
Há ainda aqueles autores que, sem conseguirem se aprofundar na pesquisa sobre o tema, preferem afirmar que o verdadeiro significado do “G” é um grande mistério maçônico, talvez nunca revelado. Uma desculpa um tanto quanto poética.
A letra G é um daqueles tantos símbolos que sobrevivem aos séculos mas, infelizmente, perdem seu significado original, ganhando vários outros significados ao longo do tempo. E vez ou outra, um desses significados novos prevalece, sepultando de uma vez por todas o original.
Séculos atrás, conhecimento era algo raro, reservado a pequena parcela da população, restrito aos poucos com berço ou condições financeiras para tanto. Naqueles tempos, a Geometria era tida quase como uma ciência sagrada, mãe da arquitetura e da construção, sem a qual as Catedrais não podiam ser planejadas e concluídas. As crianças não aprendiam Geometria nas escolas, como ocorre atualmente. Apenas aqueles que trabalhavam com construções aprendiam tais lições. Em resumo, a Geometria era a ciência do maçom operativo, uma ciência que os distinguia dos demais, que tornava possível a execução da Arte Real, que levanta templos às virtudes.
A presença do “G” no Templo é representativo da Geometria como a ciência maçônica; como foco do estudo, conhecimento e prática do trabalho maçônico; e principalmente como origem da Arte Real, base para o uso de todas as ferramentas do maçom. Esse significado pode ser comprovado em todos os antigos Catecismos Maçônicos que se tem conhecimento.
A letra “G” definitivamente não é “God” ou qualquer outro nome relacionado ao Grande Arquiteto do Universo. Apenas nas línguas anglo-saxãs, a palavra referente a Deus começa com “G”, enquanto que o uso do “G” também sempre constou nos países de línguas latinas. Se “G” fosse God (inglês e holandês) ou Gott (alemão), então nos países como França, Espanha, Itália e Portugal utilizariam um “D”: Dieu (francês), Dios (espanhol), Dio (italiano) e Deus (português). E isso não aconteceu e não acontece, nem nesses países e nem nos que adotam as línguas latinas. Já a palavra “Geometria” mantém sua letra inicial tanto nas línguas anglo-saxãs como nas latinas: Geometry (inglês), Geometrie (holandês e alemão), Géométrie (francês), Geometría (espanhol), Geometria (italiano e português).
O surgimento de novos significados para o “G” foi surgindo entre o século XVIII e XIX, quando os intelectuais-maçons da época, achando a simbologia maçônica de certa forma simplista, começam a inventar significados considerados por eles mais profundos e adequados para os símbolos maçônicos e pegar emprestado símbolos de outras fontes (astrologia, alquimia, cabala, templários, etc), criando novos rituais e ritos.
Ao indicar num mesmo ritual que uma única letra tem 07 diferentes significados, não relacionados entre si, os “sábios da maçonaria” daquela época, assim como os de hoje, revelam uma informação importantíssima a todo maçom estudioso: na tentativa de “florear” nossa simbologia, se mostram grandes incoerentes.
Sim, “G” é apenas “Geometria”. Pode não parecer muita coisa hoje, mas na época era.
Espero que o próximo maçom a se aventurar em escrever sobre o “G” na Maçonaria não subestime a inteligência de seus irmãos. Não basta apenas pegar o dicionário, abrir no “G”, selecionar algumas palavras legais e depois filosofar um pouquinho sobre elas. É exatamente assim que perdemos a nossa história.
por admin | out 16, 2011 | Simbologia
O “Triplo Tau” é tido como um importante símbolo maçônico pois, em muitos rituais e Obediências, ornamenta o principal avental da Loja, o do Venerável Mestre, além de compor o emblema do Real Arco. Assim, o “Triplo Tau” está presente de forma destacada tanto na Maçonaria Simbólica quanto nos Altos Graus do Rito de York e do Sistema Inglês Moderno.
Sendo símbolo tão presente e de tanto destaque na Maçonaria, natural que milhares de interpretações oficiais e extra-oficiais surgem para a alegria dos pseudo-sábios de plantão. Talvez esse seja o maior problema enfrentado internamente na Maçonaria: a constante tentativa de complicar o simples, de dar significados extras e não-maçônicos à simbologia maçônica.
Em muitos livros e artigos maçônicos publicados, o “Triplo Tau” é tido como símbolo baseado numa letra grega utilizada antigamente por hindus e judeus como símbolo da eternidade, do que é sagrado, dos “escolhidos”, e que, combinado em três, simboliza o nome de Deus, etc, etc, etc. Enfim, descrever todos os significados atribuídos a esse símbolo é um desafio que um único texto seria incapaz de encarar.
Para compreender de forma correta esse símbolo, precisa-se estudá-lo em cada contexto:
O “Triplo Tau” do avental dos Mestres Instalados

Eu sinto muito informar, mas os três Taus vistos no avental dos Mestres Instalados de muitos Rituais e Obediências não são “Taus”.
A simbologia da Maçonaria Simbólica é baseada na Maçonaria Operativa, e o avental do Venerável Mestre não é diferente. Os três principais Oficiais duma Loja possuem ferramentas como símbolo: Segundo Vigilante: Prumo; Primeiro Vigilante: Nível; Venerável Mestre: Esquadro. O que parece um Tau, na verdade é um tipo de esquadro, chamado em inglês de “T-square”, que em português significa “equadro-T”, mas é mais conhecido por “régua-T”. Como se sabe, o Mestre da Loja é muitas vezes ilustrado como aquele desenhando na Prancheta da Loja. O esquadro-T, ou régua-T, além de possibilitar o desenho de ângulos retos, é extremamente necessário para se desenhar retas paralelas.
Com a onda esotérica que tanto influenciou a Maçonaria durante os séculos XVIII e XIX, deram a vários símbolos significados místicos, não-maçônicos, e o esquadro-T foi uma dessas vítimas. Se fossem Taus, obviamente seriam posicionados com as partes de duas extremidades voltadas para cima, e não para baixo como são.
O “Triplo Tau” do Real Arco

Também sinto em informar que o “Triplo Tau” do Real Arco americano e inglês originalmente também não é um Triplo Tau.
O símbolo do Real Arco aparenta ser três Taus unidos pelas bases, e com o tempo essa se tornou inclusive a descrição oficial do símbolo. Mas na verdade, o símbolo original é um “T” sobre um “H”, sendo a sigla de “Templum Hierosolymae”, nome em latim do que conhecemos como Templo de Salomão. Por sorte, o primeiro regulamento do Real Arco, datado de 12 de Junho de 1765, aponta a sigla TH como emblema do Real Arco e decifra seu significado, e em 1766 surgiu a instrução para posicionar o T sobre o H em todo seu uso. Além disso, o famoso maçom Thomas Dunckerley, grande defensor e promotor do Real Arco, deixou essa informação em evidência em correspondência oficial datada de 27 de Janeiro de 1792.
Com o tempo e sob a mesma influência esotérica mencionada anteriormente, não foi difícil a união do T com o H num único símbolo e o surgimento de sua denominação como “Triplo Tau”, o que acabou sendo oficializado com o passar dos anos.
Conclusão
Não existe “Triplo Tau” na Maçonaria. Existe “esquadro-T” na Maçonaria Simbólica, e “T sobre H” no Real Arco. O resto é invenção sem base teórica, verdadeiros desrespeitos à Maçonaria e sua história. A simbologia maçônica já é interessante e significativa o bastante, não necessitando de tais enxertos.
por admin | out 12, 2011 | Simbologia
Parte integrante da vestimenta maçônica, conhecida por todos os maçons, em especial aqueles que já experimentaram o desconforto do uso, os punhos fazem parte dos paramentos utilizados pelo Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilantes em muitos ritos e rituais, e também é adotado pelos cargos correspondentes de algumas Obediências. Sempre em conformidade com o colar e o avental, os punhos completam a vestimenta ritualística desses principais Oficiais.
Mas se todos os Oficiais de uma Loja utilizam colar e avental, por que apenas os Vigilantes e o Venerável Mestre utilizam os punhos? Aliás, qual a origem dos punhos? Por que existem? Qual sua simbologia, significado? Quem deve usar, como e quando?
São milhares de maçons utilizando os punhos sem saber as respostas, de Vigilantes a Grão-Mestres. Para que você não continue utilizando (e odiando) esse acessório sem conhecê-lo, pelo simples fato da falta de uma literatura maçônica decente no Brasil, este artigo responderá tais perguntas.
Esses braceletes que chamamos de “punhos” são conhecidos nos países de língua inglesa como “gauntlets”. Gauntlets podem ser considerados como luvas de cano longo que cobrem a mão e parte do antebraço, usadas para atividades manuais, com intuito de proteger o punho. Esse tipo de luva é muito comum na construção civil e é conhecido por alguns como “luva de raspa”, por ser geralmente feito de raspa de couro.
Além dos punhos, qual o outro utensílio comum entre os Vigilantes e o Venerável Mestre, utilizado apenas por esses três Oficiais? O malhete. Porém, nos primeiros anos de Maçonaria Especulativa, os maçons não tinham templos e utensílios próprios para as reuniões. Eles se reuniam em tavernas e utilizavam os utensílios da Maçonaria Operativa. Assim, em vez de belos malhetes trabalhados, utilizavam rústicos maços, e em vez de belas e finas luvas, utilizavam as mesmas luvas grossas e compridas usadas nas construções.
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Operativa até início XVIII |
No início, todos os Oficiais costumavam usar tais “luvas de pedreiro”, rústicas e de manga longa. Mas com o tempo, apenas aqueles que portavam os maços continuaram a adotá-las, como herança da Maçonaria Operativa, enquanto que os demais passaram a usar luvas mais “sociais”. Entre o ano de 1717, quando da fundação da 1ª Grande Loja da Inglaterra, até, pelo menos, o ano de 1813, quando da fusão que originou a Grande Loja Unida da Inglaterra, os dirigentes das Lojas adotaram modelos em que a luva e o punho eram uma única peça. É a partir dessa época que se há os primeiros registros indicando que essas luvas, já feitas em diferentes cores e com bordados nos punhos que identificavam os cargos e Lojas, começaram a surgir em modelos com punhos separados do restante, como se vê atualmente.
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Início XVIII a Início XIX |
Esse desenvolvimento se deu de forma livre e o uso manteve-se baseado na tradição até 1884, quando a Grande Loja Unida da Inglaterra incluiu os punhos como paramento oficial no Livro de Constituições, regulamentando seu uso: combinando com colares e aventais dos Grandes Oficiais, punhos na cor azul escuro com detalhes dourados para os dirigentes da Grande Loja, uso obrigatório; e combinando com colares e aventais dos Oficiais das Lojas, punhos na cor azul claro com detalhes prateados para os dirigentes das Lojas, uso opcional. E, em 1971, a Grande Loja Unida da Inglaterra tornou os punhos também opcionais aos Grandes Dirigentes.
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Início XIX até atualmente |
Pela falta de regulamentação apropriada dos paramentos maçônicos por boa parte das Obediências Maçônicas brasileiras, não existe uma padronização no tamanho, cores, desenhos, detalhes e principalmente no uso dos paramentos. Por esse motivo, ninguém é obrigado a seguir qualquer conduta de uso. Porém, se observada a origem e simbologia dos punhos, os Veneráveis e Vigilantes deveriam usá-los sempre com luvas brancas e apenas em suas Lojas, onde portam malhetes. Já no caso dos Grandes Dirigentes, o uso em toda a Jurisdição estaria correto, mas também sempre acompanhado de luvas.
De qualquer forma, é importante saber o que se usa (e às vezes incomoda), principalmente quando se trata de um importante resquício de nossa origem operativa.
por admin | ago 24, 2011 | Simbologia
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Espada Flamejante e Malhete. Arte: João Guilherme |
A verdade é que a espada não tinha presença tão forte e tão variados papeis no Antigo Ofício. Nos rituais mais antigos só há uma única espada na Loja: a do “Tyler”, do Cobridor. Espada Flamejante??? Nem pensar! E essa “escassez de espada” ainda pode ser vista nas Lojas americanas e inglesas, mesmo quando no grau de Mestre Maçom.
Antes de alguém cogitar a ideia de achar estranho um Mestre Maçom sem espada ou uma Loja sem Espada Flamejante, raciocinemos: o que é “maçom”? Nossa Maçonaria Especulativa originou-se do que?
Maçom é pedreiro. A Maçonaria Especulativa originou-se da Maçonaria Operativa, ou seja, das associações de artífices, sindicatos de pedreiros. Por um acaso os pedreiros usavam espada? Espada é uma ferramenta de trabalho de um pedreiro?
Se você pensar bem, uma espada entre esquadro, compasso, régua, maço, cinzel, nível, prumo, alavanca, é um objeto um tanto quanto estranho e dissonante. Isso porque quem usa espada não é pedreiro. É cavaleiro. E já está mais do que claro que Maçonaria Simbólica nada tem com Templários, mesmo Ramsay tendo desejado o contrário.
Então de onde surgiu essas espadas presentes no grau de Mestre em tantos ritos? Observa-se que a espada como acessório oficial do Mestre Maçom está presente nos Ritos de origem francesa: REAA, Moderno, Adonhiramita. Isso porque, quando a maçonaria surgiu na França, foi pelas mãos dos escoceses exilados na França, os stuartistas. As primeiras Lojas eram compostas de nobres escoceses, nobres franceses e militares franceses. Todos esses usavam espadas e parece que elas acabaram adentrando aos templos com certa facilidade. É fácil entender o raciocínio desses pioneiros na França: eles eram nobres e militares. Combinaria mais com eles serem sucessores de cavaleiros medievais do que de pedreiros! Ramsay teria sido apenas o porta-voz da vontade desses senhores.
E a espada flamejante? Ela tem tudo a ver com isso. Quem se ajoelha para ser recebido e consagrado com uma espada sobre a cabeça definitivamente não é o pedreiro, e sim o cavaleiro. E numa Loja em que todos têm uma espada, a espada da sagração, visto ter exatamente o objetivo de “sagrar”, precisa ser diferente, precisa ser sagrada, imaculada. Daí então, as Sagradas Escrituras serviram de inspiração para a adoção duma Espada Flamejante, cujo porte pelos querubins imprime uma imagem sacra e o fogo simboliza purificação. Por isso, esqueça aquela baboseira escrita por um dos grandes “sábios” da maçonaria brasileira, de que a espada flamejante é um “raio jupteriano” que fulmina o candidato se encostar em sua cabeça. Pelo menos, aconteceu comigo na minha iniciação e eu não morri!
Foi assim que as espadas tiveram ingresso na Maçonaria Simbólica, fugindo da simbologia do Antigo Ofício, mas caindo nas graças da burguesia que, até aquela época, não portava espadas e não se sentava na mesma mesa que os nobres. Característica da cavalaria inclusa nas antigas tradições maçônicas, vista por uns como aberração e justificada por outros como evolução.
por admin | jul 30, 2011 | Simbologia

A águia bicéfala, representativa do Rito Escocês Antigo e Aceito, talvez seja o símbolo maçônico mais conhecido depois do Esquadro e Compasso e do Delta Luminoso. Mas qual seria sua real origem na Maçonaria?
Alguns autores insistem em relacionar a águia bicéfala do REAA com a águia de Galash, com Bizâncio e Constantino, com o Império Romano, talvez querendo atribuir ao Rito uma antiguidade que não possui. Outros tantos autores afirmam que a águia bicéfala é herança de Frederico, o Grande. Algo ainda mais impossível, pois Frederico nada teve com o REAA e seu escudo de armas era de uma águia negra com apenas uma única cabeça.
Para que se compreenda a adoção de tal símbolo, é necessário voltar à origem do REAA, no Rito de Perfeição, então praticado na França:
Na década de 50 do século XVIII, a maçonaria conhecida como “escocesa” estava se desenvolvendo rapidamente na França, dominando a política interna da maçonaria naquele país. Foi então que, em 1756, surgiu o Conselho dos Cavaleiros do Oriente, dirigido por maçons da classe média, com o intuito de organizar os Graus Superiores. Já os maçons da classe alta e da nobreza, não desejando ficar para trás e deixar os opositores ganharem poder, criaram o Supremo Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente. Ora, um ”Supremo Conselho“ soa mais do que um simples ”Conselho”, “Imperadores” são mais do que simples ”Cavaleiros”, e ”Oriente e Ocidente“ é o dobro do que apenas ”Oriente”! Dessa forma, esse Supremo Conselho conseguiu prevalecer, se tornando a “incubadora” do Rito de Perfeição, com seus 25 graus, os quais posteriormente serviram de base para o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Como emblema, o Supremo Conselho de Imperadores do Oriente e do Ocidente buscou inspiração no Império Romano que, em seu auge, governou o Oriente e o Ocidente e adotou um sistema de dois governantes simultâneos. Nessa fase do Império, adotou-se a águia bicéfala para simbolizá-lo. O Supremo Conselho encontrou na águia bicéfala o símbolo do “Oriente e Ocidente” e acrescentou uma coroa sobre as cabeças das águias para simbolizar a realeza, afinal de contas, tratava-se de um Conselho de “Imperadores”.
Quando do surgimento do Supremo Conselho do Rito Escocês em Charleston, EUA, com seu sistema de 33 Graus, aproveitou-se o emblema do Rito de Perfeição, da águia bicéfala com a coroa, acrescentando acima dessa um triângulo inscrito com o número “33”. Além disso, optaram pela típica “águia americana”, com as penas da cabeça e da cauda brancas e o restante da plumagem marrom.
Já Lagash, alquimia, passado e futuro, bem e mal, Prússia, liberdade, Bizâncio e Constantino, espírito e matéria, fênix negra, tudo isso já é por conta da viagem de cada autor, não havendo relação alguma com o motivo da águia bicéfala ter sido adotada como símbolo do Rito Escocês Antigo e Aceito.