por admin | fev 25, 2011 | Rito Escocês
Afinal, qual é a origem do Rito Escocês Antigo e Aceito? Ele é Escocês, Francês ou Americano?
Os estudiosos de plantão afirmam sem pestanejar: “É francês!”
Mas na verdade, a resposta mais prudente seria: “Depende!” Pois, nesse caso, tudo depende do que você considera por “origem”.
Se você responder que a origem do REAA é escocesa, você não estará de todo errado. A base do Rito é tida como levada pelos Stuarts e sua corte, quando exilados na França. Todos eram de famílias escocesas.
Já se você responder que a origem do REAA é francesa, isso não será um equívoco. O rito só criou forma na França, onde foi batizado como “Rito de Heredom”, possuindo 25 graus, e a partir de onde foi difundido.
Por último, se você responder que a origem do REAA é americana, não terá como desmenti-lo. Foi nos EUA que surgiu o termo “Rito Escocês Antigo e Aceito” para denominar o sistema composto pelos 25 graus do Heredom e mais os 08 graus lá criados, formando o sistema de 33 graus como é praticado hoje. Nos EUA nasceu o 1º Supremo Conselho do REAA no mundo, em 1801.
Desse modo, se você considerar a origem com base no nome e formato, o Rito é americano. Se considerar a origem com base no local onde sua prática começou a se desenvolver, o Rito é francês. Mas se considerar a origem com base em suas raízes e tradições, o rito é escocês.
Não há como dizer que uma origem é mais legítima que a outra. No mundo inteiro, os negros são chamados de afrodescendentes, os descendentes de japoneses de nipônicos, os judeus de sionistas. Os bisnetos de irlandeses nascidos nos EUA ainda se consideram irlandeses. Em todos esses casos, a origem não está no local onde nasceram, mas no local onde, de alguma forma, estão suas raízes. Foi seguindo essa linha de raciocínio que os americanos denominaram o Rito de “escocês”, pois as raízes do rito são realmente escocesas. Já seguindo o ponto de vista formal, legal, o rito é indiscutivelmente americano, pois foi nos EUA que ele foi organizado, nomeado, registrado, publicado, e onde a primeira organização para administrar o Rito foi criada. Porém, ao observar suas práticas, não há como descartar a essência da Maçonaria Francesa, incrustada em seus rituais.
Enfim, temos então um rito de raízes escocesas, desenvolvido na França e concluído nos EUA.
por admin | fev 8, 2011 | Rito Escocês
HOJE: o Trono do Segundo Vigilante no centro da Coluna do Sul.
ANTES: o correto era no lado ocidental da Coluna do Sul, voltado para o Oriente e paralelo ao do Primeiro Vigilante.
EXPLICAÇÃO: Os templos ingleses possuem 02 portas de entrada no Ocidente, tendo o trono do Primeiro Vigilante situado entre as mesmas, no centro da parede do Ocidente, e o trono do Segundo Vigilante no centro da Coluna Sul, formando assim um triângulo isósceles, em que o lado entre o Venerável e o Segundo Vigilante é do mesmo tamanho do lado entre o Primeiro Vigilante e o Segundo Vigilante. No templo original do REAA, como há apenas 01 porta centralizada no Ocidente, os tronos do Primeiro e do Segundo Vigilantes encontram-se nas extremidades ocidentais de cada Coluna, formando também um triângulo isósceles, onde o lado entre o Venerável e o Primeiro Vigilante tem o mesmo tamanho do lado entre o Venerável e o Segundo Vigilante. Esse formato original ainda é preservado em Graus Superiores do REAA. Os templos atuais das Lojas Simbólicas do REAA no Brasil mantiveram o trono do 1ºV, mas adotaram a posição do trono do 2ºV do ritual de emulação, desfigurando totalmente o triângulo, que passou a ser “escaleno”.
HOJE: O Pavimento Mosaico retangular reduzido ao centro do Templo.
ANTES: o pavimento no REAA cobria todo o Ocidente e as peças eram colocadas em posição de losango, assim como ainda pode ser visto em muitas Lojas tradicionais.
EXPLICAÇÃO: O Pavimento Mosaico retangular e reduzido ao centro do Templo é típico nos ritos que adotam a circulação em esquadria, onde a área do Pavimento Mosaico não deve ser pisada, e a circulação segue o vértice do Pavimento. Já no REAA, o movimento adotado é o dextrocêntrico, o que diverge completamente do Pavimento Mosaico centralizado que vemos ser adotado na maioria dos templos brasileiros do REAA.
HOJE: o Altar dos Juramentos no centro do Templo.
ANTES: apenas o Painel do Grau ficava no centro do Templo, e o Altar se encontrava no Oriente, à frente do Trono do Venerável Mestre, como ainda é usado no GOB.
EXPLICAÇÃO: no templo original do REAA, o lugar mais sagrado do templo é o Oriente, onde se encontra o ponto mais alto do templo, que representa a esfera mais alta da Cabala, a sabedoria divina. O Oriente é o “Santo dos Santos” do REAA, e por isso o Altar dos Juramentos se encontrava no Oriente. Já no templo inglês, o Oriente está no mesmo nível do Ocidente, e o “Santo dos Santos” está representado exatamente no Pavimento Mosaico, sendo essa a área mais sagrada do templo. Por esse motivo o Altar dos Juramentos se encontra no Pavimento. Os templos atuais do REAA no Brasil mantiveram o Oriente mais elevado, considerado o lugar mais sagrado, ao mesmo tempo em que transferiram o Altar dos Juramentos para o Pavimento Mosaico. Nossos “ritualistas” conseguiram a façanha de colocar 02 “Santos dos Santos” no mesmo templo!
HOJE: a Parede do Oriente é reta.
ANTES: a parede do Oriente, atrás do Venerável Mestre, era arredondada, como a nave de muitas Igrejas seculares.
EXPLICAÇÃO: esta mudança não somente se justifica por influência inglesa, mas também pela dificuldade maior de se construir no formato sugerido pelo Ritual. Vê-se no próprio Ritual de 1928, adotado por grande parte das Grandes Lojas brasileiras, a ilustração da parede arredondada no Oriente.
HOJE: a abertura e o fechamento do Livro da Lei ocorre durante a Abertura e Encerramento dos trabalhos.
ANTES: o Livro da Lei já encontrava-se aberto antes de começar a reunião e permanecia aberto durante toda a sessão, sem ser fechado durante o encerramento dos trabalhos.
EXPLICAÇÃO: o entendimento era de que as Luzes Fixas da Loja, Livro da Lei, esquadro e compasso, deveriam estar acesas durante todo o trabalho ritualístico. Já no ritual de Emulação, ocorre o atendimento ao Altar na Abertura e Encerramento dos trabalhos. Esse costume também acabou influenciando as novas versões de rituais do REAA que foram surgindo em cada Obediência e a cada mudança de Grão-Mestre.
por admin | fev 1, 2011 | Rito Escocês
MITO – Frederico II, Rei da Prússia, escreveu a Constituição do Rito Escocês em 1º de Maio de 1786.
Seria uma história interessante se Frederico II, o Grande, não tivesse se afastado de todas as atividades maçônicas em 1777 e não estivesse acamado e demente de Fevereiro de 1786 até o dia de sua morte. Essa estória de que o Rei da Prússia, Frederico II, ratificou a Constituição do Rito Escocês em 01/05/1786 é apenas uma invenção, provavelmente de Frederico Dalcho. Dalcho era maçom em Charleston, membro do Rito Escocês, tendo participado ativamente da fundação do Supremo Conselho REAA Jurisdição Sul dos EUA (1º do mundo) e seu pai tinha sido Oficial do reinado de Frederico, o Grande.
MITO – A cor do REAA é púrpura.
Apesar de alguns autores, como Castellani, terem declarado que a cor principal do REAA é a cor púrpura, a cor oficial é a cor VERMELHA. Mesmo a águia bicéfala sendo ilustrada geralmente na cor púrpura, a cor vermelha foi formalizada como oficial para o Rito Escocês no Congresso de Lausanne, em 1875. Algumas decisões desse Congresso foram posteriormente denunciadas por alguns Supremos Conselhos do REAA, porém, essa questão permaneceu intacta.

MITO – A cor do REAA é vermelha porque era a cor dos Stuarts.
Essa é uma das mentiras mais divulgadas por alguns escritores maçons. Talvez eles sejam daltônicos, pois a verdade é que o Brasão dos Stuarts é Azul e Amarelo, e recebeu apenas uma borda vermelha no Escudo quando de seu primeiro reinado, na Escócia.
A cor vermelha do REAA tem forte relação com a Revolução Francesa, que teve seu lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” adotado pela Maçonaria, e tinha no Vermelho a cor da Liberdade, tendo como símbolo maior o barrete vermelho dos republicanos franceses, que se tornou com o tempo um emblema da democracia.
MITO – Os aventais de Mestres Maçons no REAA devem ser azuis.

Dessa vez eu terei que dar o braço a torcer: quem usa os aventais corretos de Mestre no REAA é a COMAB. Conforme registrado no já citado Congresso de Lausanne, os aventais são brancos, orlados de vermelho, com as letras M e B inscritas também em vermelho ao centro. Quando do surgimento das GLs no Brasil, em 1927, adotou-se o avental azul por influência da Inglaterra e dos EUA. Então o GOB, seguindo a moda ditada pelas GLs, abandonou o avental vermelho no ano seguinte.
Como exemplo, podemos utilizar o Estado Americano de Louisiana, que foi território francês até 1803, quando os EUA o comprou da França por 15 milhões de dólares. Há 10 Lojas Simbólicas em Louisiana que trabalham no REAA porque foram fundadas no século XVIII pelos franceses. São algumas das pouquíssimas Lojas Simbólicas que trabalham no REAA em todo os EUA. Essas Lojas funcionavam desde antes da chegada da maçonaria no Brasil, e apesar de hoje também adotarem os paramentos azuis (por questões de confecção, fornecimento, padronização e para não destoar do termo “Blue Lodges”), possuem registro e conhecimento de que os paramentos eram originalmente vermelhos.