por admin | set 24, 2015 | Graus e Ordens Anexas, Ordens-Ritos-Rituais
Dando continuidade à série voltada a Ordens e Corpos maçônicos relacionados a Ritos, hoje apresento a Societas Rosicruciana, uma Ordem que nos EUA é tradicionalmente ligada ao Rito de York.
Todo maçom brasileiro já ouviu falar sobre Rosa-Cruz. Muitos são os maçons que, paralelamente à Maçonaria, fazem parte de alguma Ordem Rosa-Cruz, a maioria deles da AMORC. No entanto, essa relação Maçonaria – Rosacrucianismo não necessariamente tem que ser paralela, visto que há uma Ordem Rosacruz Maçônica. Ou melhor, a primeira Ordem Rosacruz, a mais antiga, é maçônica, apesar de praticamente desconhecida pelos maçons brasileiros (e rosacruzes também).
O Rosacrucianismo é tradicionalmente conhecido como tendo sido desenvolvido na Alemanha por Christian Rosenkreuz, que teria vivido no século XV e que supostamente promulgou as doutrinas rosacrucianas básicas. Essas doutrinas compõem a literatura rosacruciana original, publicada pela primeira vez na Europa no início do século XVII. Fama Fraternitatis e Confessio Fraternitatis são os dois principais textos do rosacrucianismo, publicados anonimamente em 1610 e 1615, respectivamente, na Alemanha.
O Fama Fraternitatis descreve o surgimento e história de Christian Rosenkreutz, um personagem lendário, ou talvez alegórico. Buscando por conhecimento, o Frater C.R.C.[1] realiza uma viagem ao Oriente Médio, encontrando-se com sábios e místicos (possivelmente mestres sufis e zoroastristas), aprendendo ensinamentos esotéricos e desenvolvendo poderes de cura. Ao retornar para a Europa, suas descobertas são rejeitadas por religiosos e acadêmicos, fundando então uma fraternidade restrita chamada Rosa Cruz, na qual os membros eram chamados de rosacrucianos. O livro também descreve o trabalho desenvolvido por seus discípulos e a descoberta do túmulo oculto de Rosenkreutz. Confessio Fraternitatis aprofunda nos ensinamentos Rosa Cruzes e propõe um plano de reforma mundial com a criação de uma comunidade invisível chamada “Spiritus Sancti” com a qual a Ordem pode crescer secretamente.
Os primeiros membros historicamente conhecidos cujos esforços pioneiros transformaram o conhecimento Rosacruz em um sistema de estudo foram maçons escoceses, por meio da Societas Rosicruciana. A literatura ocultista indica que os maçons-rosacruzes permaneceram sozinhos, únicos nessa via de uma Ordem Rosacruz por, pelo menos, 88 anos. Somente depois disso, muitas outras Ordens com base nas tradições Rosacruzes foram surgindo pelo mundo.
A Societas Rosicruciana, também conhecida como a Rosa Cruz Maçônica, surgiu inicialmente na Escócia, em 1800, com o nome de Societas Rosicruciana in Scotia. Foi levada para a Inglaterra entre 1865 e 1867 por Robert Wentworth Little, um maçom, que havia sido iniciado na Societas Rosicruciana in Scotia. Na Intlaterra, adotou o nome de Societas Rosicruciana in Anglia – SRIA. Muitos ocultistas famosos do século XIX eram membros da SRIA: John Yarker, Paschal Bervely Randolph, Arthur Edward Waite, William Wynn Westcott, Eliphas Levi, Theodor Reuss, Frederick Hockley e William Carpenter, além de muitos outros. E foi por intermédio da SRIA que a Societas Rosicruciana in Canada teve sua origem.
Já nos EUA, a Societas Rosicruciana surgiu, em 1880, sob os auspícios da Societas Rosicruciana in Scotia. Inicialmente chamada de Societas Rosicruciana Republicae Americae, logo teve seu nome mudado para Societas Rosicruciana in Civitatibus Foederatis – SRICF. Sua sede atual está em Washington, DC. A Societas nos EUA mantém laços estreitos com as Societas da Escócia, Inglaterra e Canadá, e promove o crescimento e fortalecimento da causa rosacruciana maçônica em outros países, como no Brasil.
Para saber mais, clique aqui.
[1] Frater é o termo referente a Irmão em Latim. CRC é a abreviação de Christian Rosenkreutz, cuja primeira aparição foi em “Casamento Alquímico de Christian Rosenkreutz”, publicado em Strasbourg, em 1616.
por admin | ago 19, 2015 | Graus e Ordens Anexas
Retomando a série de Ordens e Corpos Maçônicos relacionados a Ritos, hoje é a vez do KCCH – Cavaleiro Comandante da Corte de Honra, pertencente ao Rito Escocês Antigo e Aceito.
O KCCH é uma espécie de grau 32,5 (ou 32 e 1/2, se preferir) do REAA da Jurisdição Sul dos EUA, apesar de não ser considerado oficialmente um grau, e sim uma honraria. O grau 32 é algo relativamente fácil e rápido de se alcançar nos EUA, seja na Jurisdição Sul ou Norte, em comparação ao procedimento padrão adotado no Brasil. Enquanto no Brasil demora-se geralmente alguns anos entre o grau 4 e o 32, havendo interstícios entre os principais graus, o mesmo não ocorre nos EUA, em que um Mestre pode alcançar o grau 32 em alguns meses ou, até mesmo, em um único mês. Em certas ocasiões, em um único fim de semana.
No entanto, enquanto todos os membros regulares no grau 32 do Brasil têm a oportunidade de serem investidos no grau 33, o mesmo não ocorre nas duas jurisdições americanas, em que o grau 33 é realmente honorário, restrito a poucos. Como forma de reconhecer os membros colados no grau 32 que tenham prestado relevantes serviços à Maçonaria, o Supremo Conselho da Jurisdição Sul dos EUA criou o KCCH, para o qual é elegível os membros que tenham um mínimo de 46 meses como grau 32. Na prática, esse prazo costuma ser bem mais longo.
Aqueles condecorados com o KCCH, condecoração realizada por meio de uma investidura pública, utilizam um barrete vermelho e passam a ser qualificados à eleição para o grau 33 após um período idêntico de mínimo de 46 meses. No entanto, o KCCH não garante a eleição ao grau 33, o que é alertado na própria investidura a KCCH, em que é dito mais ou menos o seguinte: “se você não receber o último grau nos anos futuros, lembre-se que você foi singularmente honrado nesta Investidura pelo Supremo Conselho”.
Além do barrete vermelho, o KCCH possui uma comenda de fita branca, cuja joia é uma cruz vermelha, tendo as extremidades de cada braço da cruz divididas em três pontas. No centro da cruz, um círculo dourado de folhas de louro. E dentro do círculo, outro círculo de fundo branco, com um trevo verde de três folhas.
A ideia da criação do KCCH foi de Albert Pike, enquanto Soberano Grande Comendador, que tinha com isso a intenção de reconhecer os irmãos mais dedicados ao REAA sem precisar “diluir” o grau 33. Isso porque, conforme a Constituição do Supremo Conselho da Jurisdição Sul dos EUA, somente ao alcançar 2.500 membros colados no grau 32 que um Oriente (Vale) ganha o direito de indicar 6 membros do KCCH para a eleição ao grau 33. E a cada 2.500 membros adicionais poderá indicar mais dois candidatos. Tudo isso dentro do cronograma do Supremo Conselho.
por admin | abr 28, 2015 | Graus e Ordens Anexas
Os Colégios do Rito de York surgiram a partir de 1957, tendo o primeiro sido constituído em Detroit, Michigan. São governados pelo Soberano Colégio do Rito de York e têm por objetivo: fomentar um espírito de cooperação entre cada um dos Corpos do Rito de York; ajudar nos esforços dignos de melhorar a apresentação ritualística e dramatização do trabalho nos diversos graus do Rito de York; promover um programa de educação, a fim de inculcar uma maior valorização dos princípios, ideais e programas do Rito de York; fortalecer o Rito de York em todas as maneiras possíveis; e recompensar serviços relevantes ao Rito de York por prêmios, honrarias e outros métodos de reconhecimento adequado.
Atualmente, há 165 Colégios nos EUA, 265 no Canadá e 02 nas Filipinas. O ingresso se dá apenas por convite e o Irmão deve possuir todos os graus do Rito de York e estar regular em sua Loja Simbólica, Capítulo de Maçons do Real Arco, Conselho Críptico e Comanderia Templária.
por admin | abr 17, 2015 | Graus e Ordens Anexas
Desde o surgimento da Maçonaria Especulativa, têm-se outros graus e ordens maçônicas além dos conhecidos graus simbólicos. Alguns reclamam origem anterior até mesmo que o grau de Mestre Maçom, apesar da maioria ter surgido durante os Séculos XVIII e XIX. No entanto, quando da organização das primeiras Grandes Lojas, entendeu-se por bem restringi-las à administração apenas dos graus simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Os demais graus e ordens, então, se organizaram em outros corpos maçônicos, de forma que pudessem sobreviver, organizar-se e crescer.
Quando me refiro a graus e ordens anexas, não me refiro aos Altos Graus dos Ritos, os quais não são anexos, e sim apêndices. São a continuação lógica dos graus simbólicos de um mesmo sistema, mesmo que administrado por outro Corpo Maçônico. Já os graus e ordens anexas não necessariamente apresentam-se como uma continuação do Simbolismo, muitas vezes exigindo como requisito que o maçom possua determinado Alto Grau de um Rito ou mesmo outro grau ou ordem anexa para que ingresse.
Pela origem comum entre alguns desses graus anexos e ritos, ou pela colação de determinado grau de um rito como requisito para ingresso em um grau ou ordem anexa, alguns desses graus e ordens anexas funcionam de forma aliada a um ou outro Rito.
No caso do Rito de York (sistema americano), tem-se como corpos maçônicos aliados ao Rito de York: a AMD – Allied Masonic Degrees (Graus Maçônicos Aliados), Knight Masons (Maçons Cavaleiros), York Rite College (Colégio do Rito de York), KTP – Holy Royal Arch Knight Templar Priests (Sacerdotes Cavaleiros Templários do Santo Real Arco), Knights of the York Cross of Honor (Cavaleiros da Cruz de Honra de York), Red Cross of Constantine (Cruz Vermelha de Constantino), Societas Rosicruciana in Civitatibus Foederatis (Sociedade Rosicruciana nos Estados Unidos), Ordem Comemorativa de St. Thomas of Acon, Os Operativos, entre outros. Muitos desses corpos possuem correspondentes no sistema inglês, onde são chamados de “Ordens de Aperfeiçoamento”.
Do mesmo modo, no Rito Escocês Antigo e Aceito, , por exemplo, tem-se como corpo maçônico aliado os Knights of St. Andrew (Cavaleiros de Santo André), destinado a maçons que sejam 32º grau do REAA. Lembrando ainda que os Shriners, até alguns anos atrás, tinha como pré-requisito que os candidatos fossem 32º grau do REAA ou Cavaleiro Templário do Rito de York.
Importante registrar que alguns desses corpos são seculares e possuem milhares e milhares de membros em vários países. Outros são recentes e ainda nanicos. Dedicarei toda uma categoria do blog para apresentar tais graus e ordens. Porém, antes, fazia-se necessário o presente esclarecimento.
por admin | dez 29, 2010 | Graus e Ordens Anexas

Creio que todo Irmão Maçom já ouviu falar dos Shriners, ou pelo menos já achou estranho quando assistiu um filme americano e viu em alguma cena uns velhos usando um chapéu vermelho igual ao do gênio do Habib’s. Sim, aqueles velhos de chapeuzinho vermelho são nossos Irmãos Maçons. Afinal de contas, o que são os Shriners?
A Antiga Ordem Árabe da Shrine Mística, mais conhecida apenas como Shriners, é um Corpo Maçônico de caráter filosófico e filantrópico que mantém os Hospitais Shriners para Crianças.
A imagem mais associada é a desse famoso barrete vermelho que os membros utilizam.
A instituição foi criada em 1870 por William Florence. Ele teve a ideia quando participou de um jantar em Marselha, na casa de um diplomata árabe, e a amadureceu durante viagens à Argélia e ao Cairo.
Até o ano de 2000, um maçom precisava ter pelo menos o Grau 32 do REAA ou a Ordem de Cavaleiro Templário do Rito de York para ingressar. Porém, a partir de 2000, qualquer Mestre Maçom pode aderir ao Shriners International.
Os Hospitais Shriners são voltados para crianças com menos de 18 anos e são especializados em ortopedia, queimaduras, lábio leporino e fenda palatina. Todos os atendimentos são feitos sem custo aos pacientes e familiares.
A sessão anual dos Shriners costuma reunir mais de 20.000 membros. Além disso, ocorre anualmente em Las Vegas um torneio aberto de golf realizado em parceria entre Shriners e o astro Justin Timberlake, com objetivo de angariar fundos para os hospitais.
Um dos primeiros membros brasileiros foi o saudoso Irmão João Alexandre, 33º, que secretariava o Soberano Grande Comendador, Irmão Luiz Fernando Torres.
Atualmente, há um pequeno grupo de Mestres Maçons do Rio Grande do Sul iniciando um movimento para transformar os Shriners em realidade no Brasil.