MAÇONARIA ECLÉTICA

MAÇONARIA ECLÉTICA

De vez em quando você pode se deparar com alguns maçons incomodados com a variedade de ritos na Maçonaria, argumentando que os “Altos Graus” se distanciam da maçonaria operativa e crentes que os vários ritos mais dividem do que unem os obreiros da Arte Real.  Ou talvez você mesmo pense assim. Saiba que esse incômodo não é coisa nova na Maçonaria, e já até originou Ritos e Obediências.

A Maçonaria Eclética, que também ficou conhecida como União Eclética, teve início como uma espécie de confederação de algumas Lojas alemãs. Essa união de Lojas se baseava no desejo de praticar um sistema mais puro de Maçonaria, mais próximo das antigas práticas da Maçonaria Operativa, ou seja, sem as influências de Cabala, Alquimia, Astrologia, Hermetismo, Cavalaria, Teosofia ou outras ciências ocultas e religiões que os diversos ritos do século XVIII na Europa apresentavam.

Frankfurt
A União Eclética teve início em 1779 sob a liderança do Barão Von Ditfurth, que havia sido um importante adepto do Rito da Estrita Observância, o qual estava em decadência por conta da indevida influência da cavalaria nos graus simbólicos e de sua “liderança oculta”. Desse movimento eclético, concentrado em Frankfurt, surgiu o Rito Eclético, composto por apenas os três graus simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre.
Em 1783 duas “pequenas Grandes Lojas” adotaram o Rito Eclético: Grande Loja de Frankfurt am Main, e Grande Loja de Wetzlar. Elas enviaram uma carta a todas as Lojas da Alemanha convidando-as para se aliarem à União Eclética e assim praticarem a legítima Arte Real. Algumas Lojas atenderam o chamado, o que serviu de base para a fundação, em 1823, da “Grande Loja Mãe da Eclética União”, a qual, obviamente, somente reconhecia o Rito Eclético. Porém, essa receita de simplicidade não encontrou muitos adeptos ao longo dos anos: a Grande Loja da Eclética União nunca passou da casa dos 20 em número de Lojas.
Já a Maçonaria de Hamburgo nutria da mesma insatisfação com o Rito da Estrita Observância e o mesmo desejo pela prática de uma Maçonaria mais “pura”, mas de uma certa forma optou por trilhar o seu próprio caminho, adotando o Rito Schroeder em 1801. Pelo tamanho e importância de Hamburgo no cenário alemão, o Rito Schroeder obteve mais êxito.
Tais fatos evidenciam mais uma vez que, durante o século XVIII e início do século XIX, os maçons europeus, em vez de se submeterem à Maçonaria, submetiam-na a si mesmos.
O QUE É “QUATUOR CORONATI”?

O QUE É “QUATUOR CORONATI”?

Todo bom maçom já ouviu falar da Loja “Quatuor Coronati” de Pesquisas, a primeira e mais famosa Loja Maçônica de Pesquisas do mundo. O que poucos maçons sabem é a origem do seu nome, baseada numa lenda, uma lenda maçônica.
No século XVIII foi encontrado na Inglaterra um antigo manuscrito, provavelmente do século XII, chamado de Lenda de Arundel. Há nele um relato da história dos Quatuor Coronati, história essa também citada no conhecido “Poema Regius”, outro famoso manuscrito maçônico, datado do século XIV.
Caio Aurélio Valério Diocleciano foi um Imperador Romano entre os séculos III e IV que empreendeu a maior perseguição cristã da história romana. A lenda relata que Diocleciano encomendou aos quatro melhores artífices sob seu domínio uma estátua de Esculápio, deus da saúde, da cura, da medicina. Porém, os quatro artífices professavam secretamente a fé cristã e se recusaram a realizar o trabalho. Como punição, os quatro foram açoitados, pregaram coroas de pregos em suas cabeças, e eles foram trancados em caixões de chumbo e jogados no rio Tibre.
A história diz ainda que, alguns anos depois, os cristãos, recordando do martírio daqueles artífices, passaram a se referirem a eles como os “Quatro Coroados”, que em latim é “Quatuor Coronati”.
Quando de sua fundação, em 1884, a Loja “Quatuor Coronati” se propôs a realizar estudos e pesquisas maçônicas com base em “evidências”, e não mais em “achismos” como ocorria de forma majoritária na literatura maçônica até aquele momento. Proposta seguida à risca até os dias de hoje. Por esse motivo, ela ficou conhecida como a “autêntica escola” de pesquisas maçônicas.
Através da Loja “Quatuor Coronati” a Maçonaria Inglesa conseguiu iniciar no século XIX o que a Maçonaria Brasileira ainda não fez em pleno século XXI: combater seus mitos.
MAÇONARIA & TEMPLÁRIOS

MAÇONARIA & TEMPLÁRIOS

A Maçonaria nasceu da Ordem dos Templários? Não. E é tudo culpa do Ramsay.
Chevalier da França, Andrew Michael Ramsay era um nobre escocês, exilado na França com os Stuarts. Chegou a ser, por um curto período, tutor do príncipe Charles Edward Stuart. Ramsay havia sido iniciado na Maçonaria em 1730, através da Loja “Horn” de Westminster, na mesma época da introdução do Grau de Mestre Maçom. Já por volta de 1737 na França, colaborando com o desenvolvimento da Maçonaria, Ramsay foi convidado a proferir um discurso a um grupo de iniciados quando de uma grande iniciação.
Esse discurso, mais conhecido como “Oração de Ramsay”, parece ter sido editado por Ramsay e distribuído aos presentes quando de tal iniciação. Provavelmente, já havia a intenção de divulgá-lo, o que pode ter motivado a publicação, em 1741.
Segue alguns trechos interessantes do discurso:
“Nossos ancestrais, os cruzados, reunidos de todas as partes da cristandade na Terra Santa, desejavam reunir em uma única Fraternidade os indivíduos de todas as nações…
Nossos fundadores não eram simples trabalhadores em pedra, nem curiosos gênios. Eles não eram apenas arquitetos qualificados, empenhados na construção de templos materiais, mas também religiosos e príncipes guerreiros que planejaram, edificaram e protegeram os Templos do Altíssimo.
Rei Salomão escreveu em caracteres hieroglíficos nossos estatutos, nossas máximas e os nossos mistérios, e este livro antigo é o Código original da nossa Ordem. … Após a destruição do primeiro Templo… Zorobabel foi nomeado como Grão-Mestre da Loja de Jerusalém e instruiu o lançamento das bases do Segundo Templo, onde o misterioso livro de Salomão foi depositado. … Este livro foi perdido… …até o tempo das Cruzadas, quando uma parte dele foi redescoberto depois da rendição de Jerusalém.
Reis, príncipes e senhores retornaram da Palestina para suas próprias terras e ali estabeleceram diversas Lojas… Nossos graus, nossas Lojas e nossos ritos foram negligenciados na maioria dos lugares. … No entanto, foi preservado o seu esplendor entre os escoceses, a quem os reis da França confidenciaram durante muitos séculos a salvaguarda da sua família real.”

Em nenhum momento Ramsay menciona a Ordem do Templo, mas seu discurso foi a chama inicial da ideia de que a Maçonaria era a sucessora direta dos Templários.

Maçonaria Operativa e Ordem do Templo realmente coexistiram e se relacionaram. Afinal de contas, a Ordem do Templo necessitou de maçons operativos para construir castelos, fortes, capelas, assim como também a Igreja Católica, a nobreza, a burguesia e qualquer instituição ou pessoa que precisava de que algo fosse edificado. Mas qualquer relação além dessa é lenda, sem nem sombra de vestígios.
A teoria de que Ramsay foi o criador do Rito de Perfeição (ou Heredom), o qual serviu de embrião para o Rito Escocês, apesar de defendida por tantos autores, não possui indícios razoáveis. Inspiração é diferente de criação. Ligam o fato de Ramsay ter escrito três diferentes graus com o surgimento dos primeiros “Altos Graus” da França. Porém, ao que tudo indica, os três graus escritos por Ramsay eram uma proposta de Graus Simbólicos inspirados na Cavalaria Medieval para substituição dos graus então praticados, como forma de “reforçar” a teoria de “origem templária”. Há indícios de que é sua a autoria dos graus implementados por Karl Gathen na Alemanha, onde ficaram conhecidos como Rito da Estrita Observância. E foi exatamente o fato desse Rito não possuir uma autoridade declarada, e de ter um forte teor templário, que o sepultou.
Para uma coisa a “Oração de Ramsay” serviu: hoje há graus de cunho templário em praticamente todos os ritos maçônicos praticados.
MARIANNE & MAÇONARIA

MARIANNE & MAÇONARIA

Você sabe a relação entre a Estátua da Liberdade e a mulher estampada nas notas do Real? Elas são a mesma pessoa: Marianne. E, por incrível que pareça, Marianne não está presente apenas nos EUA e em nosso rico dinheirinho. Ela também está presente na Maçonaria.
Até os livros escolares já se renderam à verdade de que a Maçonaria teve papel fundamental na Revolução Francesa, com a qual compartilha seu principal lema: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Pois bem, a Liberdade deveria ser o primeiro princípio a ser alcançado, pois sem Liberdade não haveria como promover a Igualdade e vivenciar a Fraternidade. E os franceses adotaram como símbolo dessa liberdade a imagem de uma mulher, a qual ficou conhecida como Marianne. Seu surgimento deu-se entre Setembro e Outubro de 1792, e seu nome nada mais é do que a união de Marie e Anne, dois nomes muito comuns entre as mulheres francesas do século XVIII. Marianne se tornou símbolo da Revolução e de seus ideais e, com o êxito do povo, alegoria da República. Era chamada por uns de “Senhora da Liberdade” e por outros de “Senhora da Maçonaria”.
Bustos de Marianne contendo o lema “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” não somente podem ser vistos em praticamente todas as prefeituras e principais edifícios públicos da França, como é peça obrigatória em todos os templos maçônicos daquele país. Há várias versões de Marianne portando objetos diversos, entre o famoso barrete, feixes, coroa, triângulo, estrela flamígera ou mesmo segurando uma colméia (ah, vá?). Em uma de suas versões mais populares, Marianne veste uma faixa maçônica contendo Esquadro e Compasso, abelhas (veja “Colméia”), Nível e Prumo.
Quando a França resolveu presentear os EUA em comemoração aos seus 100 anos de declaração de independência, fez isso através da Estátua da Liberdade: uma versão maçônica de Marianne, feita pelo maçom Frederic Auguste. Não demorou para que Marianne se tornasse alegoria da República em todo o Ocidente, incluindo, é claro, o Brasil. Se os americanos conseguem ver a Maçonaria na nota de um dólar, através do “Olho que tudo vê”, nós brasileiros podemos encontrá-la em todas as nossas notas através dela, Marianne, a Senhora da Liberdade, a Senhora da Maçonaria.

18 DE MARÇO

O sol está se pondo e uma multidão se forma no pátio diante da Catedral. Apesar do fim do inverno, essa segunda-feira de primavera parece fria como nunca. As flores já brotaram, mas o vento corta como navalha.
– É uma pena que a fogueira fique tão distante de nós. Seria bom para me aquecer. – diz um mendigo de idade já avançada, ou talvez apenas castigado pela vida.
– Acredite, você não agüentaria ficar perto do calor infernal e o cheiro de carne herege queimando. – responde um senhor com roupas um pouco melhores, um pouco mais limpo, mas com um destino não muito diferente da mendicância. Afinal, a França está falida e quase ninguém tem emprego.
Com o crepúsculo, os postes começam a ser acesos e o cheiro de óleo queimando é sentido no pátio. Sangue, óleo, fogo, suor, lixo, seus cheiros estão sempre misturados na não tão bela Paris do século XIV.
Soldados montados vão se aproximando e se posicionando, o que indica que o momento de mais uma execução está chegando. – Quem será dessa vez? – alguns se perguntam. As execuções sempre apresentam bom número de espectadores, mas essa tem superado as anteriores: nem sinal das autoridades e dos condenados e a Ilha da Cidade já está lotada. Isso porque todos esperam assistir a execução daquele que o povo considerava acima dos reis e abaixo apenas do Papa. O Grão-Mestre dos Templários, Jacques de Molay.
Já fazia 07 anos que ninguém o via, desde aquela escura sexta-feira 13 que o povo tratou de guardar como maldita. Uns diziam que ele havia morrido nas torturas da Santa Inquisição. Outros que ele conseguira fugir para a Escócia com tantos outros Cavaleiros. A única coisa que todos concordavam é que era impossível um homem com seus 70 anos de idade sobreviver por tanto tempo a tanto tormento. Esse era o motivo para tanta gente estar ali: ver a queda de um homem que liderava reis e que sobreviveu ao insuportável.
As carruagens começaram a chegar. Um dos primeiros foi de Vossa Santidade, o Papa Clemente V. Os parisienses o aclamaram quando ele desceu de sua carruagem, afinal de contas, é o primeiro Papa francês, que transferiu o Papado da Itália para a França, tornando-a o centro do que é mais sagrado no mundo cristão. Infelizmente, isso não tem ajudado a França a sair de um caminho de degradação. Logo em seguida, a carruagem do Rei Felipe IV se aproxima da Catedral, acompanhada de forte escolta. Era necessário, pois a vontade de cada cidadão ali presente era de linchá-lo e, quem sabe, queimá-lo em sua própria fogueira preparada para Jacques de Molay e seus Preceptores.
Com a presença do Papa e do Rei, a multidão não teve mais dúvidas: seria a tão comentada execução, talvez a mais polêmica realizada naquele local.
O rei e o Papa se posicionaram confortavelmente no camarote improvisado para aquilo que mais parecia um show no Coliseu. Em volta deles, estava toda a espécie de Arcebispos, Bispos, Ministros, Condes, Duques e bajuladores. O circo estava completo, mas… onde está o gladiador? Nesse momento, vê-se a carruagem negra e fortificada se aproximando com os condenados. Quando a carruagem pára, próximo à pequena ponte, os soldados têm dificuldade de conter a multidão que tenta se aproximar para vê-los mais de perto. Isso não estava previsto. – Como será que eles estão? – era o que todos pensavam.
Da carruagem saiu DeMolay e seus Preceptores. Magros como Gandhi e com barbas e cabelos longos e sujos, seus mantos templários, antes tendo sua brancura como símbolo da pureza de pensamentos e atos, agora em estado de podridão. Os soldados não estavam ali para impedi-los de uma tentativa de fuga, senão para mantê-los em pé e ajudá-los a andar.
Os condenados foram postos no pequeno barco, acompanhados de três carrascos, e conduzidos até o elevado preparado para servir como fogueira. Ali foram silenciosamente amarrados. O carrasco-principal fez a devida leitura do ato de execução, destacando os crimes de heresia e traição. O silêncio não é apenas dos condenados, mas de toda a multidão. Após a leitura, o principal aguarda o sinal do Rei, o Belo, que responde positivamente. Então o carrasco-principal pegou a tocha acesa da mão de um dos seus sequazes e jogou sobre entulho de palha, troncos e óleo. O fogo rapidamente se alastrou.
Aqueles já acostumados em acompanhar as execuções se preparam para escutar os costumeiros e agonizantes gritos. Para eles, aquele sofrimento final dos condenados reduzia o sofrimento eterno que os mesmos teriam no Inferno, e quanto maior o pecado, maior a dor sentida na fogueira. Mas o que presenciaram foi algo ainda mais aterrorizante: um total silêncio e serenidade no semblante de cada um daqueles senhores tão humilhados e maltratados, e agora à beira da morte. Via-se o fogo consumindo suas pernas e vestes e sentia-se o cheiro de carne queimada no ar, mas eles não demonstravam nenhum sinal de sofrimento.
Assim, o silêncio foi quebrado pela própria multidão, que murmurava sem acreditar no que estava vendo. Foi então que todos viram que o grande líder dos condenados, Jacques de Molay, estava falando algo. Não se podia ouvir, pela distância em que a fogueira se encontrava, o barulho das pessoas e o tom sereno com que DeMolay falava. Mas ele falou algo, olhando para a multidão, para o camarote, e logo se calou, fechando seus olhos para aquela vida terrena.
As pessoas começaram a sair rapidamente dali, incomodadas com o que acabaram de presenciar. Algumas, supersticiosas, julgaram presenciar uma maldição. Outras entenderam aquelas palavras inaudíveis, como uma oração, uma despedida, ou mesmo um prelúdio do que estava por vir. O que todos sabiam é que haviam presenciado a morte de um grande homem, algo que ficaria para a história. Aquela segunda-feira, 18 de Março de 1314, jamais seria esquecida.
Jacques de Molay estava acima dos Reis e abaixo do Papa enquanto Grão-Mestre. Mas enquanto prisioneiro, enquanto líder que protegeu seus Companheiros e não traiu seus princípios, ele esteve acima de qualquer homem. Um reinado se ganha com um sobrenome, um papado se ganha com uma eleição. Um herói e mártir independe de posição, prestígio e poder. É definido por escolhas e atitudes. As de Jacques de Molay servem de exemplo até hoje para milhões de jovens e homens de todo o mundo.
18 de Março de 2011: 697 anos desde aquela noite.

O DOCUMENTO MAIS ANTIGO DA MAÇONARIA: A CARTA DE BOLONHA

O DOCUMENTO MAIS ANTIGO DA MAÇONARIA: A CARTA DE BOLONHA

O mais antigo documento comprovadamente maçônico no mundo é conhecido como “Carta de Bolonha” e data de 1248. Seu nome original é “Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamilis”. Foi redigido originalmente em latim por um escrivão público, sob ordem do Prefeito de Bolonha, Bonifaci di Cario, no dia 08 de Agosto de 1248. Em seu conteúdo fica claro que essa Maçonaria Operativa Italiana já era tradicional, antiga, contendo sólida estrutura e hierarquia, bem anterior à data de registro da Carta.
Reflitamos: Bolonha fica a pouco mais de 300Km de distância de Roma. Há alguma razão para duvidarmos de que essa antiga Associação de Construtores de Bolonha seja a evolução de uma das principais Guildas Romanas?
A Carta de Bolonha é anterior em 142 anos ao “Poema Regius” (1390), 182 anos ao “Manuscrito de Cooke” (1430), 219 anos ao “Manuscrito de Estrasburgo” reconhecido no Congresso de Ratisbona de 1459 e autorizado pelo Imperador Maximiliano em 1488, e 59 anos ao “Preambolo Veneziano dei Taiapiera” (1307). Todos esses documentos maçônicos antigos não somente comprovam a existência da Maçonaria Operativa e sua evolução histórica, mas principalmente sua evolução social, incluindo a atenção especial de reis e o interesse crescente de intelectuais e nobres.
A Carta possui anexos. Entre eles, conserva-se uma “lista de matrícula” registrada em 1272, que contém 371 nomes de Mestres Maçons (Maestri Muratori), dos quais 2 eram escrivães públicos, outros 2 eram freis e 6 eram nobres. Essa é a prova histórica mais clara de que, em pleno século XIII, a transformação da Maçonaria de Operativa em Especulativa já estava iniciada.
A existência desses e de outros documentos antigos descartam completamente as teorias de que a Maçonaria teria nascido com o fim da Ordem dos Templários ou quando da Revolução Francesa ou mesmo com o Iluminismo. Os documentos comprovam que a Maçonaria é bem anterior ao século XIII e reforçam a teoria da origem egípcia, aprendida pelos judeus quando em cativeiro no Egito, e espalhada ao mundo quando os descendentes desses estavam sob domínio e influência romana, incorporados nas Guildas.
A “Carta de Bolonha” confirma o texto das Constituições de Anderson, 1723, quando Anderson diz tê-las redigido após consultar antigos estatutos e regulamentos da Maçonaria Operativa da Itália, Escócia e Inglaterra. Revisando o texto do “Statuta et ordinamenta societatis magistrorum tapia et lignamiis”, não resta a menor dúvida de que este foi um dos estatutos e regulamentos consultados por Anderson para redigir a Constituição da nossa Maçonaria Especulativa.
O documento anexo à Carta, datado de 1257, informa ainda que foi decidida a separação entre os “Mestres do Muro” e os “Mestres da Madeira”, que até então eram uma única Corporação, mas separados desde antes nos trabalhos das correspondentes Assembléias tendo, porém, os mesmos Chefes. Esse é um fortíssimo indício de quando e como surgiu a Maçonaria Carbonária.
Fica evidente que a Carta de Bolonha é um dos documentos históricos mais importantes da nossa Sublime Instituição, e fica mais do que comprovada a presença dos “Aceitos” na Maçonaria dos “Antigos e Livres” a pelo menos 800 anos atrás.