Se você acha que já viu de tudo escrito por aí, cuidado. Você pode aprender a triste lição de que nunca se deve subestimar a capacidade do ser humano de “viajar”.
Certo autor cometeu o disparate de escrever que o candidato durante a iniciação é um feto que está nascendo da mãe Maçonaria, e que a corda em seu pescoço simboliza o cordão umbilical, que será em breve tirado, como num recém-nascido. Mesmo que façamos um esforço para acreditar na teoria improvável de que nossos antecessores, Maçons Operativos, adotavam essa simbologia, seria mais óbvio então amarrar a corda na altura do umbigo, e não no pescoço.
Outro autor, não satisfeito, declarou que a corda no pescoço do candidato é representativa do símbolo milenar da serpente que morde sua própria cauda. Esse símbolo, chamado de Ouroboros ou Uróboros, representa a eternidade e costuma ser relacionado com a Alquimia. Enfim, nenhuma relação com o pescoço e o ato da Iniciação.
Há ainda aqueles que afirmam que a corda no pescoço simboliza o estado de escravidão que o candidato se encontra, escravo das paixões, dos vícios e da ignorância. Então não seria melhor amarrar suas mãos, algemá-lo? Seria uma representação um tanto mais adequada.
Por fim, há os que consideram a corda no pescoço uma armadilha simbólica, para ser usada no caso do candidato tentar fugir ou trair a confiança nele depositada durante a Iniciação. Nesse caso, qual seria a utilidade da ponta da espada que logo pressiona o peito do candidato?
 Por que complicar o que é simples? Há dois entendimentos respeitáveis sobre a corda no pescoço: A “Ars Quatuor Coronatum”, publicação da conceituada “Quatuor Coronati Lodge n°2076”, registrou no seu 1° Volume que a corda no pescoço é símbolo de controle, obediência e direção. Já o famoso Albert Pike foi ainda mais simplista: não é nada mais do que um dispositivo de controle do corpo do candidato.
Corroborando com tais compreensões, pode-se observar que a mesma corda é empregada nos candidatos também quando do ingresso em outros graus, inclusive em graus de diferentes ritos. Mesmo que amarrada de forma e em lugar diferente, sempre é simbolicamente usada para guiar. Apesar desse objetivo primário, nos graus mais “modernos”, a corda acabou ganhando também conotação de elo, união, fraternidade. Se no primeiro grau a corda é posta no pescoço, nada mais é do que sinal de que o candidato ainda não é possuidor da confiança total dos presentes, por isso recebendo um direcionamento menos fraterno e amigável.    

É muito fácil comprovar o significado da corda no pescoço: basta pegar uma corda com nó corrediço e colocar no pescoço de alguém. Então pergunte à pessoa como ela se sente, quais os pensamentos e sentimentos que vêm à mente. Haverá duas sensações: a pessoa poderá relacionar a situação ao enforcamento ou se sentir como um animal laçado, como um cachorro na coleira. Um conselho: no caso da pessoa dizer que se sente no útero da mãe ou como um alquimista com um colar de serpente, ligue para um psiquiatra.