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MAÇONARIA NO MUNDO: TURQUIA

Durante o século XIX e primeira década do século XX, a Maçonaria na Turquia se resumia em Lojas funcionando sob a autoridade das Grandes Lojas da Inglaterra, Irlanda e Escócia e do Grande Oriente de França. Houveram também esforços isolados de Lojas italianas e gregas naquele país, mas com pouca expressividade.

A Maçonaria era o elo que ligava os 05 fundadores do famoso partido político “União e Progresso” na Turquia. Apesar de não ser necessária filiação maçônica para se tornar um membro do Partido, todos os seus dirigentes era maçons, assim como os oficiais do exército que esse partido formou na Trácia para derrubar a monarquia turca. Interessante observar que, na história turca, o período de 1908 a 1918 é comumente chamado de “Estado Maçônico”, pelas relações exteriores da Turquia ter sido predominantemente realizada por intermédio das Obediências Maçônicas.

O Supremo Conselho do REAA da Turquia, até então adormecido, foi reativado em Março de 1909, emitindo Cartas Constitutivas para a criação de 04 Lojas turcas. Lojas ligadas às Obediências da Itália, França, Espanha e Egito se uniram a essas 04 Lojas turcas e fundaram, em Julho de 1909, a Grande Loja da Turquia, a qual foi consagrada pelo Supremo Conselho. Esse fato merece um adendo:

Alguns poucos maçons no Brasil ainda teimam em querer condenar a “regularidade de origem” das Grandes Lojas Estaduais brasileiras pelo fato das primeiras Cartas Constitutivas terem sido concedidas pelo Supremo Conselho do Grau 33o, que não é um Corpo da Maçonaria Simbólica, em 1927. Mas outras Grandes Lojas espalhadas pelo mundo também tiveram suas origens em um Supremo Conselho, como foi o caso da Grande Loja da Turquia.

Voltando ao assunto, nesses mais de 100 anos de existência, a Grande Loja da Turquia teve e tem em seus quadros os mais importantes políticos e líderes de diferentes setores daquele país, tendo participado ativamente da democratização e colaborado imensamente nas relações internacionais da Turquia. Atualmente, a Grande Loja da Turquia conta com mais de 200 Lojas e de 30 mil membros, possui uma Loja de Pesquisas com um periódico trimestral e publica uma revista de notícias bimestral.

Uma peculiaridade da Grande Loja da Turquia é a adoção do Ritual Turco, exclusivo da Grande Loja da Turquia e obrigatório em todas as suas jurisdicionadas, inclusive aquelas que trabalham em outras línguas. É um ritual baseado no Ritual Standard da Escócia, e nos Ritos Moderno e Schroeder. O Ritual Turco exige a presença em Loja do Alcorão, e do Antigo e Velho Testamentos. O traje solicitado é terno escuro e gravata preta, e há um interstício de no mínimo 01 ano entre um grau e outro, além da exigência de apresentação de trabalho para a concessão do grau. Enfim, algumas similaridades com as práticas maçônicas brasileiras.

6 comentários sobre “MAÇONARIA NO MUNDO: TURQUIA

  1. Gostei do post.

    Ae Kennyo, pensei que depois do Virtude Cardeal não teria mais nenhum blog.. até hoje entro lá para ver se é re-ativado hehe.

    Parabéns, abraços.

  2. Morals and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry.

  3. Estimado irmão Kennyo,
    SSS
    “(…)a “regularidade de origem” das Grandes Lojas Estaduais brasileiras pelo fato das primeiras Cartas Constitutivas terem sido concedidas pelo Supremo Conselho do Grau 33o, que não é um Corpo da Maçonaria Simbólica, em 1927.(…)
    Creio que isto não é uma questão de teimosia, mas de fato concreto.
    Parabéns pelo seu excepcional trabalho.
    Um TFA
    Nelson Carvalho

    Kennyo Ismail – Meu Irmão Nelson, eu discordo, e justificarei aqui minha discordância: 1) a GLUI reconhece essas Grandes Lojas europeias fundadas com carta de Supremos Conselhos desde o início. Aliás, todo mundo reconhece; 2) A GLUI também reconhece algumas Grandes Lojas brasileiras e está em processo de reconhecimento de outras, e foi ela que primeiramente determinou a regra de regularidade de origem; 3) As Grandes Lojas dos EUA reconhecem as Grandes Lojas brasileiras desde o início.
    De qualquer forma, podemos abordar questões de regularidade de origem em outro post e debatê-las melhor, com alguns pontos interessantes, por exemplo: 1) a GLUI foi fundada como Grande Loja de Londres porque já havia uma Grande Loja em York, e não recebeu carta constitutiva da mais antiga, em York; 2) a Grande Loja da Escócia foi fundada independente, sem carta constitutiva da Inglaterra ou da Irlanda, e nunca questionaram a regularidade da mesma ou daqueles fundadas com carta da mesma.

  4. Me surge uma dúvida. A Maçonaria turca foi conivente com o genocídio armênio? Pois o papel dos alto escalão político turco foi decisivo para o massacre armênio. Ou seria uma pseudo-maçonaria turca, sem qualquer reconhecimento da Inglaterra, absolutamente irregular?

    Kennyo Ismail – Prezado Eduardo, como já abordado aqui no blog anteriormente, a Maçonaria Regular veta qualquer tipo de envolvimento político de forma institucional. Em outras palavras, qualquer maçom no papel de maçom, Loja ou Obediência não pode se pronunciar a favor ou contra políticos e política. Já os maçons, enquanto cidadãos, são livres para seguirem suas convicções ideológicas e políticas. Assim, com certeza a Grande Loja da Turquia não foi conivente com ações políticas do país. No entanto, isso não descarta que maçons turcos possam ter sido a favor ou contra tais ações.

  5. Em verdade, a Maçonaria é como qualquer entidade em qualquer lugar do mundo, principalmente no Brasil. Abrir uma Loja Maçônica é como abrir uma empresa, um clube social ou recreativo, ou como abrir uma Igreja, basta que no seu estatuto conste os requisitos exigidos por lei, como Razão Social, objeto e se de fins lucrativos ou não, local de reuniões, cópia da ata da assembléia geral e composição da diretoria eleita, talvez mais alguns detalhes. Também é verdade que já existe todo tipo de Lojas Maçônica, principalmente no Brasil. Mas, definitivamente, todas as Lojas Maçônicas que estão filiadas as Potências Maçônicas regulares, em todo mundo, não poderão ter outro objetivo senão o de tornar a humanidade mais feliz, e mais feliz por pugnar pela igualdade, pele amor, pela fraternidade, pelo respeito a todas as religiões e, inclusive às autoridades. Em todo mundo, pode até nem todos serem bem assim, mas a ideia é escolher as pessoas mais humanas, mais espiritualizadas, mas puras e benfeitoras para integrarem aos seus quadros. Então, atribuir o mal a esta instituição só pode ser uma exteriorização de roncor, de ódio ou qualquer outro sentimento ruim. A não ser que seja por alguma loja não regular e espúria a tudo. Não re li o que escrevi.

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